Biografia - Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX
SÉRGIO de Matos Azevedo, Octávio (n. Viseu, 15 Ago. 1937). Guitarrista e compositor. Aos 13 anos tomou contacto com a Canção de Coimbra através da rádio (sobretudo a EN) e das serenatas a que assistia. Aprendeu a tocar guitarra de forma autodidacta, através da audição de fonogramas (sobretudo de Artur Paredes) e, com um grupo de amigos, começou a realizar várias serenatas em Viseu. Licenciou-se em Ciências Físico-Químicas (1957-65) na Faculdade de Ciências da U.C., após ter interrompido o curso para cumprir o serviço militar. Enquanto estudante em Coimbra, integrou inicialmente um grupo com David Leandro (guitarra) e José Niza (viola). Posteriormente actuou ou integrou formações com vários guitarristas, violistas e cantores de Coimbra (Adriano Correia de Oliveira, António Bernardino, António Portugal, Jorge Gomes, Rui Pato, e. o.). O seu estilo interpretativo foi marcado pelo contacto com guitarristas como António Brojo, António Portugal, Jorge Tuna e, sobretudo, Carlos Paredes, com quem adquiriu uma perspectiva mais alargada das potencialidades da guitarra. Ainda durante o período universitário, começou a desenvolver interesse pela música erudita (através da audição de fonogramas), o que se reflectiu nas obras para guitarra que compôs a partir dessa época (muitas infelizmente perdidas), apesar de só a partir dos anos 70 ter recebido alguma aprendizagem formal na Academia de Amadores de Música, onde estudou viola com Piñero Nagy, e harmonia com Francine Benoit. Algumas das suas composições foram registadas em fonogramas de vários cantores (Janita Salomé, José Afonso, José Mesquita, e. o.) ou em nome próprio (1981). Foi músico acompanhador de Artur Paredes nos últimos dois anos da sua vida (1979-80) e, ao longo de 15 anos, manteve uma actividade regular com um grupo de canção de Coimbra, constituído por Durval Moreirinhas, Armando Silva Marta e António Bernardino, até à morte deste último (1996). Desde 1987, é guitarrista do Coro dos Antigos Orfeonistas, tendo actuado com esta formação em diversos países (África do Sul, Argentina, Brasil, Cabo-Verde, Canadá, EUA, Macau). Mostrando dominar a tradição musical coimbrã, as suas interpretações são marcadas pelo uso de elementos melódicos da música tradicional de várias regiões do país e pelo respeito pelas técnicas de acompanhamento da canção de Coimbra (realce dos sentidos da letra e de momentos chave da canção, suporte e complemento à interpretação vocal), mas complementando-as e enriquecendo-as com linhas melódicas menos comuns neste domínio musical. A interpretação de composições solistas ou de peças de sua autoria é por sua vez marcada por algum virtuosismo técnico e pela procura de soluções musicais menos frequentes na tradição guitarrística de Coimbra, aspecto sobretudo patente em algumas progressões harmónicas. O interesse pela guitarra e pela música erudita foi continuado pelo seu filho, António Sérgio que, após ter acompanhado o pai enquanto violista, enveredou pela carreira de compositor de música erudita, adoptando o nome de Sérgio Azevedo.
BIBLIOGRAFIA
Niza, José (1999) Fado de Coimbra. Vol. 2. Lisboa: Ediclube
BIBLIOGRAFIA
Niza, José (1999) Fado de Coimbra. Vol. 2. Lisboa: Ediclube
ENTREVISTAS
Sérgio de Matos Azevedo, Octávio (2004). Entrevista telefónica realizada por Pedro Roxo. 16 de Julho.
DISCOGRAFIA
Mesquita, José (1987) Ecos da Canção Coimbrã. POLY
Pereira, Rui Gomes (1980) Fados de Coimbra. Riso e Ritmo Discos
Salomé, Janita (1993/1980) Melro. MOV/ORF-AT [CD/LP]
Afonso, José (1996/1981) Fados de Coimbra e Outras Canções. MOV/ORF-AT [CD/LP]
Sérgio, Octávio (1981) Guitarra Portuguesa - Raízes de Coimbra. AT
Afonso, José (1983) Ao Vivo no Coliseu. DIAP-SST [LP]
Vinagre, Frederico (1987) Fados de Coimbra. Musicorde/Metro-Som
Vinagre, Frederico (1987) Temas de Coimbra. Metro-Som
by Pedro Roxo e Salwa el Shawan Castelo-Branco
<< Home