Carlos Paredes - Poesia de Eduardo Aroso
Carlos Paredes
Veio por fim a madrugada
Contratempo em tom maior.
Talvez pausas, pausas,
Melodias adiadas,
Mas tudo por amor,
Carlos, Carlos Paredes.
Se a morte é suave,
Deixa-nos a sede,
Voo altaneiro de ave,
Asas de fogo e de querer,
Cordas tensas, metálicas,
De Portugal a cada tempo a renascer.
Só há pausas frias e longas
Quando os dedos descansam.
Mas no rumor incessante do mar
Espreita a gaivota, olhando o longe,
Para subir de novo
Ao sol do acorde perfeito,
Mais sonhos do nosso povo.
Amanheceu o dia em dó maior,
Orvalho de lágrimas,
Cortejo de fusas,
Dedilhadas,
Agora e sempre
De poesia acompanhadas.
Oh, movimento perpétuo
Gravado na memória
De todas as esperanças
Onde em cada primavera
Há sempre verdes anos
De quem nasce nesta terra!
Teu corpo não morre não.
Esse que é outra carne,
Que vive sempre, clarão,
Guitarra musa, guitarra lusa,
Teu destino e nossa condição.
Coimbra, 23/7/04
Eduardo Aroso
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