Tempo(s) de Coimbra
Oito décadas no canto e na guitarra
Recordando, na sua “Carta a Manuel”, as “lindas coisas” que a “lendária Coimbra encerra”, António Nobre falava das suas extraordinárias raparigas, do rio, das fontes, das fogueiras e das cantigas (...) as cantigas que encanto,/ que lindas são!”
Ora é o canto de Coimbra que aqui vos trazemos nesta antologia, com as nossas vozes, guitarras e violas.
Não fizemos arqueologia nem nos moveram puros critérios historicistas. Estabelecemos apenas dois marcos: Augusto Hilário e o nosso tempo de hoje. Entre eles nos movemos, escolhendo, de entre os compositores, intérpretes e poetas, aqueles que, de uma forma ou de outra, foram para a nossa sensibilidade, os mais representativos dos diversos tempos de Coimbra.
Desde as “Flores de verde pinho” do nosso Rei-Trovador D. Dinis, até à “Trova do vento que passa”, desde essas cantigas de amor que se ouviram na Corte de Coimbra até ao nosso canto de hoje, passando pelas trovas e baladas da geração dos anos 60, sempre o canto de Coimbra tem sido uma forma peculiar do lirismo português, com a música e a poesia, intimamente ligadas, à boa maneitra provençal, mas exprimindo o sentir de cada geração.
Apresentamos este nosso trabalho na convicção de que é preciso transmitir às novas gerações uma tradição que, tendo as suas raízes na já longínqua época trovadoresca, constantemente se tem renovado e enriquecido e que, sendo de Coimbra, é também parte integrante do património cultural do nosso País.
Do jardim imenso que é a música de Coimbra colhemos algumas flores, aquelas de que mais gostámos. Muitas, eventualmente mais belas, ficaram por colher. Que outras mãos as colham com o mesmo amor e carinho que pusemos na recolha daquelas que aqui vos oferecemos.
É uma longa viagem nos “Tempos de Coimbra” esta que vos convidamos a fazer connosco. Partindo de Augusto Hilário, a quem poderemos chamar o fundador da “serenata” coimbrã, vamos deter-nos, década a década, naquilo que em cada uma foi mais importante.
Dividimos esta antologia em quatro discos de canto e dois de guitarradas, o que nos permitiu, ainda que com a dificuldade de compartimentação no tempo e no espaço de pessoas e situações por vezes intimamente ligadas, fazer uma distribuição sistemática e organizada pelas oito décadas do nosso canto e da nossa guitarra.
Temos plena consciência de que algumas inexactidões poderão ser encontradas, umas fruto de falta de dados, outras da dificuldade atrás enunciada. Contamos, porém, com a vossa indulgência, pois temos a certeza de que foi por vós compreendida quer a nossa intenção de transmitir algo que nos é muito querido, quer a seriedade que pusemos neste trabalho.
António Portugal e António Brojo
(Texto de apresentação do programa da R.T.P. “Tempo de Coimbra”)
Oito décadas no canto e na guitarra
Recordando, na sua “Carta a Manuel”, as “lindas coisas” que a “lendária Coimbra encerra”, António Nobre falava das suas extraordinárias raparigas, do rio, das fontes, das fogueiras e das cantigas (...) as cantigas que encanto,/ que lindas são!”
Ora é o canto de Coimbra que aqui vos trazemos nesta antologia, com as nossas vozes, guitarras e violas.
Não fizemos arqueologia nem nos moveram puros critérios historicistas. Estabelecemos apenas dois marcos: Augusto Hilário e o nosso tempo de hoje. Entre eles nos movemos, escolhendo, de entre os compositores, intérpretes e poetas, aqueles que, de uma forma ou de outra, foram para a nossa sensibilidade, os mais representativos dos diversos tempos de Coimbra.
Desde as “Flores de verde pinho” do nosso Rei-Trovador D. Dinis, até à “Trova do vento que passa”, desde essas cantigas de amor que se ouviram na Corte de Coimbra até ao nosso canto de hoje, passando pelas trovas e baladas da geração dos anos 60, sempre o canto de Coimbra tem sido uma forma peculiar do lirismo português, com a música e a poesia, intimamente ligadas, à boa maneitra provençal, mas exprimindo o sentir de cada geração.
Apresentamos este nosso trabalho na convicção de que é preciso transmitir às novas gerações uma tradição que, tendo as suas raízes na já longínqua época trovadoresca, constantemente se tem renovado e enriquecido e que, sendo de Coimbra, é também parte integrante do património cultural do nosso País.
Do jardim imenso que é a música de Coimbra colhemos algumas flores, aquelas de que mais gostámos. Muitas, eventualmente mais belas, ficaram por colher. Que outras mãos as colham com o mesmo amor e carinho que pusemos na recolha daquelas que aqui vos oferecemos.
É uma longa viagem nos “Tempos de Coimbra” esta que vos convidamos a fazer connosco. Partindo de Augusto Hilário, a quem poderemos chamar o fundador da “serenata” coimbrã, vamos deter-nos, década a década, naquilo que em cada uma foi mais importante.
Dividimos esta antologia em quatro discos de canto e dois de guitarradas, o que nos permitiu, ainda que com a dificuldade de compartimentação no tempo e no espaço de pessoas e situações por vezes intimamente ligadas, fazer uma distribuição sistemática e organizada pelas oito décadas do nosso canto e da nossa guitarra.
Temos plena consciência de que algumas inexactidões poderão ser encontradas, umas fruto de falta de dados, outras da dificuldade atrás enunciada. Contamos, porém, com a vossa indulgência, pois temos a certeza de que foi por vós compreendida quer a nossa intenção de transmitir algo que nos é muito querido, quer a seriedade que pusemos neste trabalho.
António Portugal e António Brojo
(Texto de apresentação do programa da R.T.P. “Tempo de Coimbra”)
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