Fogueiras de S. João
"Ó Fogueiras, ó cantigas" (António Nobre)
Lindas são estas fotos das Fogueiras de São João da Velha Alta de Coimbra, vislumbrando-se no pavilhão o sr. Joaquim Arzileiro (rabeca), o Doutor Nelson Correia Borges como cantor e mandador e ainda os guitarristas Jorge Gomes, Manuel Coroa e Ana Sadio.
Estas festividades remontam à Idade Média, configurando um autêntico arraial beirão em pleno coração da urbe mondeguina. Outrora faziam-se nos largos e terreiros da Alta, Baixa e Arrabaldes, delas constando tocadores, pares de dança, vozes, comes e bebes (tinto, sardinhas, broa, caldo verde, arroz doce), lançamento de foguetes e troncos para a fogueira que os namorados saltavam e voltavam a saltar com grande alegria e gáudio dos que observavam as saias das moçoilas a esvoaçarem (quando raras eram as cuecas!). Depois, a partir da década de 1870, os do Largo do Romal começaram a ensaiar ranchos que já não dançavam na rua mas sobre estrados (=pavilhões). A moda pegou, alastrou ao Pátio da Inquisição e aos restantes bairros da cidade, com plágios nas aldeias do concelho e até na Figueira da Foz. Foi também nas Fogueiras coimbrãs que nasceu, pelos finais do século XIX, a moda das marchas com traje de fantasia e instrumentos de sopro, ritual que se veio a popularizar em Lisboa na década de 1930 (muitos investigadores acreditam, por insuficiência de investigação, que as marchas começaram em Lisboa e depois se espalharam pelo país. Mas não, começaram em Coimbra, passaram à Figueira e depois...). Dos velhos tempos ficaram a lembrança da Giga, do Manuel Ceguinho, Ladrão, Estalado (=Malhão) e tantas outras marchinhas...
A CC andou ligada às Fogueiras desde longa data. Das Fogueiras foram colaboradores José Dória, Mata Carochas, Francisco Menano, Flávio Rodrigues, António Menano e outros. À entrada do século XX tornou-se moda em alguns bairros encomendar "fados" para solista e coro que eram cantados nos intervalos das danças. Lembram-se do Fado das Lapas, de Francisco Menano, feito em 1910 para as Fogueiras do Largo de São João (frente ao Museu Machado de Castro), a que seu irmão António veio a chamar "Fado das Fogueiras"?
O Grupo Folclórico de Coimbra ganhou fama pelo seu distanciamento face ao conceito de folclore praticado durante o Estado Novo, sendo conhecido pelo extraordinário rigor e exigência que impõe aos pares de dança, fonética, instrumentos tradicionais (apenas cordofones e ferrinhos), trajes populares, pregões, encenações de aspectos do quotidiano (feiras, gastronomia, coreografias, visitação dos presépios, serenata popular). A reconstituição das antigas Fogueiras da Alta (interrompidas em 1947 pelas demolições salarazistas) começou em Junho de 1986 no Largo do Museu Machado de Castro, com reedição em Junho de 1987 no Largo da Feira (dito agora da Sé Nova). Contando com a colaboração da Junta de Freguesia da Sé Nova, os elementos do GFC prestam anualmente momentos de agradável e ecológico convívio. Nos momentos das danças, os pares do GFC misturam-se com a multidão e animam gigastescas rodas que giram em torno do pavilhão em animada folia. De madrugada, os elementos do GFC costumam convidar os mais resistentes para um passeio até à Fonte do Castanheiro.
Boa folia!
António M. Nunes
Lindas são estas fotos das Fogueiras de São João da Velha Alta de Coimbra, vislumbrando-se no pavilhão o sr. Joaquim Arzileiro (rabeca), o Doutor Nelson Correia Borges como cantor e mandador e ainda os guitarristas Jorge Gomes, Manuel Coroa e Ana Sadio.
Estas festividades remontam à Idade Média, configurando um autêntico arraial beirão em pleno coração da urbe mondeguina. Outrora faziam-se nos largos e terreiros da Alta, Baixa e Arrabaldes, delas constando tocadores, pares de dança, vozes, comes e bebes (tinto, sardinhas, broa, caldo verde, arroz doce), lançamento de foguetes e troncos para a fogueira que os namorados saltavam e voltavam a saltar com grande alegria e gáudio dos que observavam as saias das moçoilas a esvoaçarem (quando raras eram as cuecas!). Depois, a partir da década de 1870, os do Largo do Romal começaram a ensaiar ranchos que já não dançavam na rua mas sobre estrados (=pavilhões). A moda pegou, alastrou ao Pátio da Inquisição e aos restantes bairros da cidade, com plágios nas aldeias do concelho e até na Figueira da Foz. Foi também nas Fogueiras coimbrãs que nasceu, pelos finais do século XIX, a moda das marchas com traje de fantasia e instrumentos de sopro, ritual que se veio a popularizar em Lisboa na década de 1930 (muitos investigadores acreditam, por insuficiência de investigação, que as marchas começaram em Lisboa e depois se espalharam pelo país. Mas não, começaram em Coimbra, passaram à Figueira e depois...). Dos velhos tempos ficaram a lembrança da Giga, do Manuel Ceguinho, Ladrão, Estalado (=Malhão) e tantas outras marchinhas...
A CC andou ligada às Fogueiras desde longa data. Das Fogueiras foram colaboradores José Dória, Mata Carochas, Francisco Menano, Flávio Rodrigues, António Menano e outros. À entrada do século XX tornou-se moda em alguns bairros encomendar "fados" para solista e coro que eram cantados nos intervalos das danças. Lembram-se do Fado das Lapas, de Francisco Menano, feito em 1910 para as Fogueiras do Largo de São João (frente ao Museu Machado de Castro), a que seu irmão António veio a chamar "Fado das Fogueiras"?
O Grupo Folclórico de Coimbra ganhou fama pelo seu distanciamento face ao conceito de folclore praticado durante o Estado Novo, sendo conhecido pelo extraordinário rigor e exigência que impõe aos pares de dança, fonética, instrumentos tradicionais (apenas cordofones e ferrinhos), trajes populares, pregões, encenações de aspectos do quotidiano (feiras, gastronomia, coreografias, visitação dos presépios, serenata popular). A reconstituição das antigas Fogueiras da Alta (interrompidas em 1947 pelas demolições salarazistas) começou em Junho de 1986 no Largo do Museu Machado de Castro, com reedição em Junho de 1987 no Largo da Feira (dito agora da Sé Nova). Contando com a colaboração da Junta de Freguesia da Sé Nova, os elementos do GFC prestam anualmente momentos de agradável e ecológico convívio. Nos momentos das danças, os pares do GFC misturam-se com a multidão e animam gigastescas rodas que giram em torno do pavilhão em animada folia. De madrugada, os elementos do GFC costumam convidar os mais resistentes para um passeio até à Fonte do Castanheiro.
Boa folia!
António M. Nunes
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