Vou transcrever o que o autor escreveu a abrir o livro:
«"Dedilhações em busca...e outros exercícios" é um livro de amor que tanto se dirige àquele que está próximo como Àquele que, podendo estar ali ou algures, se encontra para lá de tudo. Dedilhar é tocar e tocar é amar. Dedilhar na procura de uma execução plena, embora com a consciência de precaridade de um exercício que aspira atingir a beleza, eis o sentido destas poéticas.
O título pretende ainda sugerir ângulos ou perspectivas diversificadas através de uma tripartida visão do objecto. A de um amor imbuído de erotismo subtil e velado, por um lado, e de amores de tipologia diversa que exclui esse traço, por outro.
Os poemas de "Exercícios de vocação" continuam o discurso, mas agora numa vertente do sagrado e através da invocação divina, como recurso de salvação. Interpelam Deus, último refúgio.
Já o ciclo final "Exercícios de pulso", numa intencional conotação com um dos aspectos da técnica pianística que, aliás, inspira todo o ritual de baptismo da obra, aponta para a leitura de uma poesia que se auto-ausculta ou, pelo menos, pretende fazê-lo, no sentido de medir a temperatura poética e a própria força.»
Escreve Maria Adelaide Valente na contracapa do livro:
«Através destas Dedilhações, viaja Mouro Serpa com um sentir e com uma força que se ampliam poema a poema.
Dedilhações em busca, rasto de alma bordada com palavras que trazem consigo o aroma dos medronhos e do alecrim, dos musgos e dos fenos, a ingenuidade da oliveira, o rubor das papoilas, ainfinita acalmia dos "cedros da eternidade".
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