segunda-feira, julho 04, 2005

Texto do Diário de Notícias de 20/06/2005, da autoria de Roberto Dores

Guitolão apresentado em concerto em Marvão
O novo instrumento musical português de cordas, que o guitarrista Carlos Paredes idealizou há vários anos, foi apresentado ao público, no sábado à noite, durante um concerto nas ruínas da cidade romana da Ammaia, em Marvão, incluído no festival de música desta vila. Chama-se guitolão, emite um som mais grave que a guitarra portuguesa e abre as portas a novos repertórios virados, essencialmente, para a música clássica.
Foi o compositor e instrumentista de Portalegre António Eustáquio que estreou a nova sonoridade nacional, num concerto que contou com a presença do Quarteto Ibero-Americano, demonstrando como o guitolão "funciona perfeitamente" em quartetos de cordas", explicou.
Abre-se, desta forma, o caminho "à sua inclusão em orquestras", sublinhou o guitarrista, após o espectáculo, que foi gravado em DVD, para servir de suporte promocional à candidatura de Marvão a Património Mundial.
Segundo avançou Eustáquio ao DN, o guitolão, que não é um instrumento virado para o fado, apresenta como principal característica o facto de ter uma grande abrangência em termos de sonoridade, dando possibilidade para o surgimento de um "repertório novo e para o repertório clássico", com transcrições de música erudita.
O compositor e instrumentista revela que chegou ao contacto com o guitolão através de Luísa Amaro, companheira e Carlos Paredes, tendo já gravado, em guitarra portuguesa, a obra de Vivaldi para alaúde e, mais recentemente, transcrições de sonatas de Bach para órgão. Segundo diz, o guitolão aparece aqui como o instrumento mais adequado para tocar música barroca do que propriamente a guitarra portuguesa, já que apresenta uma sonoridade mais próxima do alaúde.
"Tem um som muito doce, embora quando é necessário, também se consiga obter dele um som forte. No fundo, é um instrumento muito equilibrado, com um leque muito grande de frequências sonoras. Tem graves fundos e também agudos com boa presença", insiste o especialista.
O próprio Carlos Paredes, que propôs a concepção do instrumento também designado por "guitarra portuguesa barítono" a Gilberto Grácio, chegou a gravar temas com o protótipo - chamando-lhe, na altura, citolão - acompanhando a cantora Cecília de Melo e o poeta Manuel Alegre. Já depois do maior vulto da guitarra portuguesa se encontrar doente, Gilberto Grácio aperfeiçoou o guitolão, definindo a sua forma, amplitude do braço, tipo de cordas e afinação, procedendo depois ao registo daquele que, até hoje, é o único exemplar, sendo considerado pelos especialistas como estando "à altura do sonho de Carlos Paredes". (Fim do texto do DN)
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Em conversa com Gilberto Grácio, há uns dias, verifiquei que este estava desgostoso com as notícias que vieram nos jornais sobre o guitolão. Confundem o "guitolão" com o "guitarrão" ou "guitarra portuguesa barítono", construído em 1970, a pedido de Carlos Paredes. Tratou-se apenas de uma guitarra com o braço mais comprido, tornando-se a sonoridade mais grave, por esse facto. Foi com ela que Carlos Paredes gravou com Cecília Melo e Manuel Alegre. Este novo instrumento, segundo diz Gilberto Grácio, não tem nada a ver com a experiência anterior. Foi idealizado apenas por ele e acabado em Novembro de 2004. Na próxima quarta feira, dia 6, vai ser apresentado em Lisboa no Museu do Fado, como já foi aqui anunciado. Espero lá estar para ouvir a sua sonoridade.
Para terminar, quero agradecer ao "anónimo" que me enviou o endereço do site onde este texto se encontra.

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