Manuel Julião (1915-1982)
A – Biografia breve: Manuel Simões Julião (MSJ) nasceu na Pampilhosa (do Botão), Concelho da Mealhada, no dia 1 de Outubro de 1915. Era filho de José Martins Catarino e de Delfina Lopes. Ficou órfão ainda criança, e foi levado para o Brasil por um familiar, por volta dos 7-8 anos de idade. Alguns anos volvidos regressou a Portugal, tendo frequentado o Liceu D. João III de Coimbra. Terminados os estudos liceais, MSJ matriculou-se na Faculdade de Direito da UC, mas a clara falta de vocação para os estudos jurídicos logo o fez pedir transferência para a vizinha Faculdade de Letras. Na primeira metade da década de 1940, em plena Segunda Guerra Mundial, foi aluno de Histórico-Filosóficas, curso que terminou em 1945.
Casou em 1950 com Maria José Abreu, tendo desempenhado funções de funcionário público na Câmara Municipal de Aveiro e posteriormente na Secretaria da Câmara Municipal de Mortágua. Faleceu em Mortágua no dia 11 de Junho de 1982, estando sepultado no cemitério da Pampilhosa, Mealhada.
Enquanto aluno, MSJ destacou-se como solista titular do naipe dos primeiros tenores do Orfeon de Raposo Marques (1943-44 e 1944-45). Neste organismo chegou a integrar os respectivos corpos directivos e a colaborar com o regente como júri de selecção de candidatos. Em 1944-45 dividiu os solos do Orfeon com outros dois serenateiros, Napoleão Amorim e Mário Mendes. A título de exemplo foi MSJ quem examinou Augusto Camacho Vieira nas provas de aptidão vocal para o Orfeon. Por vezes, nos documentos internos do Orfeon, MSJ assinava “Manuel Simões Catarino” em homenagem a seu pai.
Mas foi como grande divo serenateiro que colheu fartos aplausos, seja nas serenatas de rua dadas na Velha Alta de Coimbra (grande parte delas junto do Patronato Feminino da Rua da Matemática, frente à República Corsários das Ilhas), seja nos actos de variedades que o Orfeon promovia em Coimbra e um pouco por todo o país. Acompanharam MSJ com mais frequência José Amaral, João Bagão, Carvalho Homem, Eduardo Tavares de Melo, Aurélio Reis, Armando Carvalho Homem e Ângelo de Araújo. Mário Castro, executante de viola aço que muito acompanhou MSJ, recordava o pormenor anedótico do cantor a "amaciar" a garganta nos camarins com um borrifador cheio de aguardente.
MSJ foi o grande divulgador das composições de Ângelo de Araújo, nomeadamente “Feiticeira”, “Contos Velhinhos” e outras bem conhecidas. MSJ veio cantar ao Pátio da UC em 4/06/1964 à Serenata do Centenário de Hilário, acompanhado pela formação António Brojo/Arnaldo Passos (gg) e Aurélio Reis/Mário Castro (vv), tendo interpretado uma curiosa versão literária de “Fado Hilário”, “À Meia Noite ao Luar” e “Fado da Louca” (o último ali estreado), evento que teve transmissão na Emissora Nacional e na RTP.
MSJ foi o grande divulgador das composições de Ângelo de Araújo, nomeadamente “Feiticeira”, “Contos Velhinhos” e outras bem conhecidas. MSJ veio cantar ao Pátio da UC em 4/06/1964 à Serenata do Centenário de Hilário, acompanhado pela formação António Brojo/Arnaldo Passos (gg) e Aurélio Reis/Mário Castro (vv), tendo interpretado uma curiosa versão literária de “Fado Hilário”, “À Meia Noite ao Luar” e “Fado da Louca” (o último ali estreado), evento que teve transmissão na Emissora Nacional e na RTP.
Na primeira metade da década de 1970 compareceu com frequência aos encontros de antigos estudantes organizados pela AAEC. Em 25/07/1970 actuou na Homenagem a Lucas Junot, no pátio do Museu Machado de Castro. Entre 4 e 6 de Dezembro de 1970 marcou presença no “Colóquio Sobre o Fado de Coimbra”, dinamizado pelo Orfeon no Instituto de Coimbra. Nesses encontros MSJ cantava acompanhando-se à viola.
Os encontros anuais de antigos estudantes promovidos pela AAEC costumavam ser gravados por Condorcet Pais Mamede. Assim aconteceu com a “serenata” realizada por Manuel Julião/Manuel Branquinho em 1973, no auditório do Instituto de Antropologia.
Manuel Julião pertenceu a uma época em que os chamados “fados canções” estavam na moda, bem como cançonetas ligeiras de temática sentimental. Eram os anos dourados da rádio, dos sucessos das bandas sonoras dos filmes românticos e das canções ligeiras saídas dos teatros de revista. MSJ pode ser considerado um cantor ao estilo dos "anos dourados da rádio", época de consagração de nomes activos na Emissora Nacional como Luís Piçarra.
Os encontros anuais de antigos estudantes promovidos pela AAEC costumavam ser gravados por Condorcet Pais Mamede. Assim aconteceu com a “serenata” realizada por Manuel Julião/Manuel Branquinho em 1973, no auditório do Instituto de Antropologia.
Manuel Julião pertenceu a uma época em que os chamados “fados canções” estavam na moda, bem como cançonetas ligeiras de temática sentimental. Eram os anos dourados da rádio, dos sucessos das bandas sonoras dos filmes românticos e das canções ligeiras saídas dos teatros de revista. MSJ pode ser considerado um cantor ao estilo dos "anos dourados da rádio", época de consagração de nomes activos na Emissora Nacional como Luís Piçarra.
Homem recatado e avesso a exibicionismos, apesar dos insistentes convites, MSJ nunca gravou discos. Os relatos dos admiradores coevos comparam MSJ ao tenor Tino Rossi, sendo de realçar os testemunhos consensuais de Augusto Camacho Vieira, de Mário Castro e de João Falcato (“Coimbra dos Doutores”, Coimbra, Coimbra Editora, 1957, págs. 165-166).
A audição atenta da prestação do cantor na Serenata do Centenário de Hilário (1964), não tinha MSJ ainda 50 anos feitos, revela-nos mais um barítono do que um 1º tenor. Nessa prestação, MSJ, mesmo admitindo que com a idade engrossou voz, canta "Fado Hilário" em Mi Maior (de esperar um Sol Maior) e "À Meia Noite ao Luar" em Fá Maior (de esperar um Lá Maior).
MSJ não seria o primeiro nem o último caso de um barítono dotado de grande amplitude vocal na juventude, como sucedeu aliás com Armando Goes e Luiz Goes. Os mitos valem o que valem. Graças a eles e à sua capacidade encantatória não foi o barítono Augusto Hilário transformado no 1º tenor Augusto Hilário?
São conhecidas duas composições da autoria de MSJ, das quais damos notícia.
B – Composições:
MINHA MÃE (Ó minha mãe, minha mãe)
Música: Manuel Simões Julião
Letra: Manuel Simões Julião
Incipit: Oh minha mãe, minha mãe
Origem: Coimbra
Data: 1945
Oh minha mãe, minha mãe,
Oh minha mãe pobrezinha,
Guarde-te Deus lá nos céus,
Oh minha santa mãezinha.
Sou pobre, não sou ninguém,
É grande a minha pobreza;
Eu só vivo da saudade
Que é toda a minha riqueza.
Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Informação complementar:
Composição musical estrófica composta e popularizada pelo então estudante Manuel Julião em meados da década de 1940. Tema gravado por Manuel Duarte Branquinho: EP “Manuel Branquinho”, Porto, Orfeu, ATEP 6288, ano de 1968, com Manuel Branquinho/Gabriel Ferreira (gg) e Jorge Gomes (v); idem, LP “Manuel Branquinho. Fados de Coimbra”, Porto, ORFEU, ST-108, sem data, Face 1, Faixa nº 6 (que em 1987 se vendia a 660$00); ibidem, LP Orfeu, SB 1028. Nos ditos discos, sob o título, vem a indicação “D.R.”, por desconhecimento do verdadeiro autor. Este tema encontra-se envolvido numa falsa lenda. Em fase terminal do curso, Julião teria recebido uma mensagem do Brasil, anunciando-lhe o falecimento de sua mãe, Delfina Lopes. Profundamente transtornado, alinhavou a melodia, improvisou a letra e foi ao Colégio Portugal (Largo da Sé Velha), chamar o seu amigo João Bagão. E foi na escadaria da Sé Velha, acompanhado à guitarra por João Bagão que Manuel Julião atroou a noite com este epitáfio à memória materna (testemunho de Camacho Vieira, em 30/01/2004). Em depoimento de 23/04/2004, a Dra. Maria Emanuel Julião invalidou o relato supratranscrito, frisando que sua avó, Delfina Lopes, faleceu quando Manuel Julião era criança, isto é, antes da partida para o Brasil aos 7/8 anos. Por conseguinte, Minha Mãe é uma homenagem de Julião à memória de Delfina Lopes, mas não surgiu a propósito do seu falecimento na década de 1940.
Carlos Couceiro conhece uma variante do 2º dístico da última quadra, que é a seguinte: Já só me resta a saudade/Que é toda a minha riqueza.
FADO DA LOUCA (Chamou-me louco uma louca)
Música: Manuel Simões Julião
Letra: 1ª quadra de Manuel Simões Julião; 2ª quadra de Henrique de Miranda Martins de Carvalho
Incipit: Chamou-me louco uma louca
Origem: Pampilhosa
Data: 1949-1950
Chamou-me louco uma louca
Que me trata com desdém.
Sou louco mas é por ela,
(Ai2) Que é louca não sei por quem.
Todas as vezes que eu passo
Pela rua onde tu moras,
Eu coro quando te vejo
(Ai2) E tu, ao ver-me, descoras.
Canta-se o 1º dístico, canta-se o 2º e repete-se o 2º.
Informação complementar:
Canção musical estrófica em compasso 4/4 e tom de Si menor Este tema, praticamente desconhecido, foi interpretado por Manuel Julião na Serenata evocativa do nascimento de Augusto Hilário, realizada no Pátio da Universidade de Coimbra, em 1964. Fernando Rolim aprendeu-o com o autor e anos mais tarde cantou-o num programa televisivo. “Fado da Louca” é claramente uma composição de um homem apaixonado. Confirmando as nossas suspeitas iniciais, a Dra. Maria Emanuel Julião refere que seu pai fez esta canção em homenagem a Maria José Ferreira de Abreu (1917-2002), senhora natural de Aveiro com que casou em 23 de Dezembro de 1950.
Não confundir esta composição com um fado de Lisboa, intitulado Chamam-me Doido (Chamou-me doido uma doida), com música do Fado Maria Marques, de Alfredo Duarte (Marceneiro), gravado em 1963 por Carlos Duarte, acompanhado por Francisco Carvalhinho, que compreende como letra uma quadra com glosa de 4 quadras, cuja autoria desconhecemos (V. Col. Um Século de Fado/Ediclube, CD Vários, Nº 7). A quadra glosada é a seguinte: “Chamou-me doido uma doida/Que é maior doida que ninguém;/Sou doido, sim, mas por ela,/Que é doida não sei por quem”.
C – Duas obras cantadas em 1964
FADO HILÁRIO
Não sei que mal fiz à vida
Que me faz viver assim;
Não sei que mal fiz à morte
Que não se lembra de mim.
A minha capa ondulante
(Ai) Feita de negro tecido
Não é capa de ‘studante
(Ai) É mortalha dum vencido.
(Ai1) Eu quero que o meu caixão
Tenha uma forma bizarra
A forma dum coração
(Ai) A forma duma guitarra.
Os dísticos cantam-se e repetem-se de seguida com excepção do 1º dístico da 2ª quadra, que não se repete, só se canta.
Manuel Julião inicia o canto no tom de Mi Maior (afinação de Coimbra). A "estranha" letra interpretada por MSJ em 1964 estaria em voga nos anos 30 e 40 (?) nas vozes de alguns cantores de Coimbra, provavelmente influenciados pelo sucesso do filme de Leitão de Barros, adpatado a partir do romance de Júlio Dinis, "As Pupilas do Senhor Reitor" (1935).
À MEIA-NOITE AO LUAR
À meia-noite, ao luar,
Vai pelas ruas a cantar
Um boémio sonhador;
E a recatada donzela
De mansinho abre a janela
À doce canção do amor.
(Refrão)
Ai como é belo,
À luz da lua,
Ouvir-se um fado
Em plena rua!
De um cantador
Apaixonado,
Trinando as cordas
A cantar o fado.
Dão as doze badaladas
E ao ouvir-se as guitarradas
Surge o luar que é de prata;
E a recatada donzela
De mansinho abre a janela,
Vem ouvir a serenata.
(Refrão)
Ai como é belo,
À luz da lua,
Ouvir-se um fado
Em plena rua!
De um cantador
Apaixonado,
Trinando as cordas
A cantar o fado.
O 1º terceto das coplas canta-se e repete-se seguidamente. O 2º terceto canta-se mas não se repete. O refrão canta-se e repete-se todo de seguida. Manuel Julião interpreta este espécime em Fá Maior, rematando com um crescendo final.
Pesquisa e texto: José Anjos de Carvalho e António Manuel Nunes
Agradecimentos: ajudaram a fazer este trabalho a Dra. Maria Emanuel Julião, Sr. José Adelino Julião, Dr. Fernando Rolim e Dr. Augusto Camacho Vieira, Dra. Mariberta Carvalhal, Eng. Mário Henriques de Castro, Doutor Armando Luís de Carvalho Homem
São conhecidas duas composições da autoria de MSJ, das quais damos notícia.
B – Composições:
MINHA MÃE (Ó minha mãe, minha mãe)
Música: Manuel Simões Julião
Letra: Manuel Simões Julião
Incipit: Oh minha mãe, minha mãe
Origem: Coimbra
Data: 1945
Oh minha mãe, minha mãe,
Oh minha mãe pobrezinha,
Guarde-te Deus lá nos céus,
Oh minha santa mãezinha.
Sou pobre, não sou ninguém,
É grande a minha pobreza;
Eu só vivo da saudade
Que é toda a minha riqueza.
Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Informação complementar:
Composição musical estrófica composta e popularizada pelo então estudante Manuel Julião em meados da década de 1940. Tema gravado por Manuel Duarte Branquinho: EP “Manuel Branquinho”, Porto, Orfeu, ATEP 6288, ano de 1968, com Manuel Branquinho/Gabriel Ferreira (gg) e Jorge Gomes (v); idem, LP “Manuel Branquinho. Fados de Coimbra”, Porto, ORFEU, ST-108, sem data, Face 1, Faixa nº 6 (que em 1987 se vendia a 660$00); ibidem, LP Orfeu, SB 1028. Nos ditos discos, sob o título, vem a indicação “D.R.”, por desconhecimento do verdadeiro autor. Este tema encontra-se envolvido numa falsa lenda. Em fase terminal do curso, Julião teria recebido uma mensagem do Brasil, anunciando-lhe o falecimento de sua mãe, Delfina Lopes. Profundamente transtornado, alinhavou a melodia, improvisou a letra e foi ao Colégio Portugal (Largo da Sé Velha), chamar o seu amigo João Bagão. E foi na escadaria da Sé Velha, acompanhado à guitarra por João Bagão que Manuel Julião atroou a noite com este epitáfio à memória materna (testemunho de Camacho Vieira, em 30/01/2004). Em depoimento de 23/04/2004, a Dra. Maria Emanuel Julião invalidou o relato supratranscrito, frisando que sua avó, Delfina Lopes, faleceu quando Manuel Julião era criança, isto é, antes da partida para o Brasil aos 7/8 anos. Por conseguinte, Minha Mãe é uma homenagem de Julião à memória de Delfina Lopes, mas não surgiu a propósito do seu falecimento na década de 1940.
Carlos Couceiro conhece uma variante do 2º dístico da última quadra, que é a seguinte: Já só me resta a saudade/Que é toda a minha riqueza.
FADO DA LOUCA (Chamou-me louco uma louca)
Música: Manuel Simões Julião
Letra: 1ª quadra de Manuel Simões Julião; 2ª quadra de Henrique de Miranda Martins de Carvalho
Incipit: Chamou-me louco uma louca
Origem: Pampilhosa
Data: 1949-1950
Chamou-me louco uma louca
Que me trata com desdém.
Sou louco mas é por ela,
(Ai2) Que é louca não sei por quem.
Todas as vezes que eu passo
Pela rua onde tu moras,
Eu coro quando te vejo
(Ai2) E tu, ao ver-me, descoras.
Canta-se o 1º dístico, canta-se o 2º e repete-se o 2º.
Informação complementar:
Canção musical estrófica em compasso 4/4 e tom de Si menor Este tema, praticamente desconhecido, foi interpretado por Manuel Julião na Serenata evocativa do nascimento de Augusto Hilário, realizada no Pátio da Universidade de Coimbra, em 1964. Fernando Rolim aprendeu-o com o autor e anos mais tarde cantou-o num programa televisivo. “Fado da Louca” é claramente uma composição de um homem apaixonado. Confirmando as nossas suspeitas iniciais, a Dra. Maria Emanuel Julião refere que seu pai fez esta canção em homenagem a Maria José Ferreira de Abreu (1917-2002), senhora natural de Aveiro com que casou em 23 de Dezembro de 1950.
Não confundir esta composição com um fado de Lisboa, intitulado Chamam-me Doido (Chamou-me doido uma doida), com música do Fado Maria Marques, de Alfredo Duarte (Marceneiro), gravado em 1963 por Carlos Duarte, acompanhado por Francisco Carvalhinho, que compreende como letra uma quadra com glosa de 4 quadras, cuja autoria desconhecemos (V. Col. Um Século de Fado/Ediclube, CD Vários, Nº 7). A quadra glosada é a seguinte: “Chamou-me doido uma doida/Que é maior doida que ninguém;/Sou doido, sim, mas por ela,/Que é doida não sei por quem”.
C – Duas obras cantadas em 1964
FADO HILÁRIO
Não sei que mal fiz à vida
Que me faz viver assim;
Não sei que mal fiz à morte
Que não se lembra de mim.
A minha capa ondulante
(Ai) Feita de negro tecido
Não é capa de ‘studante
(Ai) É mortalha dum vencido.
(Ai1) Eu quero que o meu caixão
Tenha uma forma bizarra
A forma dum coração
(Ai) A forma duma guitarra.
Os dísticos cantam-se e repetem-se de seguida com excepção do 1º dístico da 2ª quadra, que não se repete, só se canta.
Manuel Julião inicia o canto no tom de Mi Maior (afinação de Coimbra). A "estranha" letra interpretada por MSJ em 1964 estaria em voga nos anos 30 e 40 (?) nas vozes de alguns cantores de Coimbra, provavelmente influenciados pelo sucesso do filme de Leitão de Barros, adpatado a partir do romance de Júlio Dinis, "As Pupilas do Senhor Reitor" (1935).
À MEIA-NOITE AO LUAR
À meia-noite, ao luar,
Vai pelas ruas a cantar
Um boémio sonhador;
E a recatada donzela
De mansinho abre a janela
À doce canção do amor.
(Refrão)
Ai como é belo,
À luz da lua,
Ouvir-se um fado
Em plena rua!
De um cantador
Apaixonado,
Trinando as cordas
A cantar o fado.
Dão as doze badaladas
E ao ouvir-se as guitarradas
Surge o luar que é de prata;
E a recatada donzela
De mansinho abre a janela,
Vem ouvir a serenata.
(Refrão)
Ai como é belo,
À luz da lua,
Ouvir-se um fado
Em plena rua!
De um cantador
Apaixonado,
Trinando as cordas
A cantar o fado.
O 1º terceto das coplas canta-se e repete-se seguidamente. O 2º terceto canta-se mas não se repete. O refrão canta-se e repete-se todo de seguida. Manuel Julião interpreta este espécime em Fá Maior, rematando com um crescendo final.
Pesquisa e texto: José Anjos de Carvalho e António Manuel Nunes
Agradecimentos: ajudaram a fazer este trabalho a Dra. Maria Emanuel Julião, Sr. José Adelino Julião, Dr. Fernando Rolim e Dr. Augusto Camacho Vieira, Dra. Mariberta Carvalhal, Eng. Mário Henriques de Castro, Doutor Armando Luís de Carvalho Homem
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