quarta-feira, fevereiro 15, 2006


O lente António de Vasconcelos Posted by Picasa
Uma das mais famosas fotografias do Padre Doutor António Garcia Ribeiro de Vasconcelos (S. Paio de Gramaços, 1/06/1860; Coimbra, 1/08/1941), licenciado pela Faculdade de Teologia da UC em 7/03/1885, Doutor em Teologia pela UC (12/05/1886), sacerdote (6/06/1885), lente da Faculdade de Teologia (1887-1910), Lente de História da Faculdade de Letras da UC (1911-1930), Director da Faculdade de Letras e do Arquivo da UC (1901-1927) e Doutor "ipso facto" pela Faculdade de Letras da UC (1/07/1916).
A fotografia , sem data, terá sido tirada num momento em que Ribeiro de Vasconcelos representou o Reitor, uma vez que se apresenta apenas com o Barrete doutoral de Teologia/Letras. Deve datar de 1936, altura em que o Ministro da Educação António Carneiro Pacheco foi a Coimbra impôr-lhe com grande aparato público a Grã-Cruz da Ordem de Santiago, ou talvez de 1937, ano áureo das comemorações da transferência joanina da Universidade para Coimbra.
Além das veneras que permitem datar a fotografia de ca. 1936-1937, António de Vasconcelos enverga Capa e Batina de modelo eclesiástico preto, cinta com pendentes, volta branca e cabeção e a Borla (barrete) que mandou fazer em 1916, misturando a cor de Teologia (branco) com a adoptada oficialmente pela Faculdade de Letras em 1911 (azul ferrete). Tal atitude radicou no facto de nesse ano de 1916 o Conselho da Faculdade de Letras ter deliberado atribuir aos antigos lentes da Faculdade de Teologia o "grau de doutor ispo facto" que dispensava a prestação de provas académicas. Foram então distinguidos António de Vasconcelos, Porfírio António da Silva, Mendes dos Remédios, Alves dos Santos e Oliveira Guimarães (actas de 1/07/1916). Foram doutorados "ipso facto" na mesma altura Eugénio de Castro e Carolina Michaelis.
Uma tal avalanche de doutoramentos implicou diversas encomendas de insígnias destinadas às diversas Faculdades que estavam a conferir as distinções aos respectivos membros dos corpos docentes, colocando prementemente a necessidade de definir qual o Trajo Académico a usar pela Universidade laicizada em 1910. Eugénio de Castro era formado pelo Curso Superior de Letras de Lisboa. Carolina Michaelis tinha um doutoramento na Alemanha.
Pelo que apurámos, na cerimónia honorífica de 1916, Carolina Michaelis de Vasconcelos recebeu a borla e capelo azul escuro com vestido preto comprido e capa talar. A Ribeiro de Vasconcelos deve a UC a reforma do selo hoje em uso (desenhado por António Augusto Gonçalves mediante orientações estritas de Vasconcelos), a adopção do azul escuro como cor oficial da nova Faculdade de Letras (invocando a herança das Faculdades de Artes e de Filosofia, Vasconcelos conseguiu posicionar a Faculdade de Letras em primazia na ordem das antiguidades), e também o Trajo Talar dos lentes, reformado em 1916 por uma Comissão activa em 1915-1916, integrada por António de Vasconcelos (Letras), Álvaro Basto (Ciências) e António Carneiro Pacheco (Direito).
Fotografia: Padre Moreira das Neves, "O Cardeal Cerejeira", Lisboa, ProDomo, 1948.
AMNunes

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