sábado, outubro 28, 2006


O Mata Frades Posted by Picasa
Estátua de Joaquim António de Aguiar (Coimbra, 1792; Barreiro, 1874), implantada no Largo da Portagem desde Junho de 1913. O trabalho escultórico é da autoria da Costa Mota.
Joaquim António de Aguiar, diplomado pela UC, doutorou-se na Fac. de Leis em 1816 e ascendeu a lente substituto em 1826. Partidário do Liberalismo pedrista, esteve exilado em Londres e nos Açores. Após o desembarque de Pampelido apoiou D. Pedro e envolveu-se nas reformas que implantaram a Monarquia Constitucional. Foi Ministro da Justiça, 1º Ministro e Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça.
A ele se ficou a dever o Decreto de 28 de Maio de 1834 que mandou extinguir em Portugal as ordens religiosas.
Figura muito querida em Coimbra nos sectores liberais, republicanos e democráticos, Joaquim António de Aguiar foi sepultado post mortem no Cemitério da Conchada, em campa rasa. A edilidade atribuíu o seu nome à antiga Rua de São Cristóvão em 1875.
A estátua implantada no Largo da Portagem suscitou desde cedo reacções hostis da parte dos representantes dos sectores que se consideraram lesados com a lei de 1834 e suas sequelas. Em Junho de 1913 estavam demasiado frescas as feridas abertas pela lei de Separação das Igrejas do Estado (Abril de 1911). Afonso Costa parecia ensombrar a figura de Joaquim António de Aguiar. Reacções algo idênticas foram noticiadas a propósito do Marquês de Pombal, em Lisboa, e do Afonso Costa, no Porto.
Terminar os cortejos académicos no Largo da Portagem era uma tradição que não oferecia segundas leituras. Mas, em tempos de ditadura, tirar fotografias junto ao Mata Frades podia significar uma homenagem aos valores liberais, republicanos e anticlericais não perfilhados pelo Estado Novo.
A complicar os significados atribuídos à estátua, o Mata Frades passara a fazer parte do imaginário charadístico académico. Conjuntamente com o portão de ferro do Jardim Botânico e o leão do Monumento a Camões, constituía um dos mais árduos enigmas caloirais. Para o comum dos mortais, o Mata Frades estaria de braços abertos a escrever o texto do terrífico Decreto de 1834. Para os caloiros, o Mata Frades estaria a elaborar um rol...
AMNunes

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