quinta-feira, novembro 16, 2006

Estrofes encontradas num caderno de Lucas Junot
José Anjos de Carvalho
António Manuel Nunes
Rui Lopes

No espólio documental do antigo estudante de Coimbra Lucas Rodrigues Junot (1902-1968), remetido a Rui Lopes no mês de Setembro de 2006 por Maria Adelaide Junot, encontrava-se um caderno de bolso, de capas encarnadas (9x5,5 cms), onde o cantor anotou 19 canções.
O caderno suscita algumas interrogações. As letras transcritas nas primeiras páginas sugerem que o cantor teria começado a escrever os textos ainda em Coimbra, tendo em vista digressões artísticas em que participou, ou mesmo as gravações realizadas para a Columbia em Maio de 1927. O caderno não está datado e o seu conteúdo não coincide com o grosso do reportório discográfico gravado pelo cantor em Londres, prevalecendo a impressão de que foi continuado e terminado numa fase posterior da vida do cantor/guitarrista, quando este se encontrava já a residir e a trabalhar no Brasil. Não custa admitir que a redução a escrito dos primeiros textos remonte a 1922-1923. Junot já cantava no período em que frequentou o Liceu de Coimbra, fase em que foi iniciado na guitarra por Francisco da Silveira Morais. A sua guitarra, depositada no Museu Académico, tem a data manuscrita de 1920. A primeira matrícula do cantor-guitarrista na UC ocorreu em 1922. À semelhança de outros cantores seus contemporâneos, Lucas Junot possuía uma bem nutrida colecção de partituras volantes, nela se contando as três séries completas da obra impressa de Manassés de Lacerda.
Alguns destes dezanove espécimes autografados no referido caderno haviam sido popularizados em Coimbra por António Menano, embora nem todos sejam da autoria do cantor oriundo de Fornos de Algodres. Esta constatação permite-nos concluir que António Menano era considerado um paradigma artístico por Lucas Junot, apesar de o caderno nada dizer sobre o onde e o quando da aprendizagem.
Passemos em análise sumária os 19 espécimes autografados: 15 são encabeçados por um título identificativo e 8 indicam à frente do título a tonalidade em que eram interpretados. Apenas uma composição menciona explicitamente as autorias de música e de letra. A amostragem mais representativa das letras transcritas pelo punho de Lucas Junot remete para textos conhecidos e frequentemente glosados no universo dos cantores conimbricenses activos no período 1915-1930. Os processos de aprendizagem oral parecem predominar, apresentando as letras variantes e corruptelas facilmente identificáveis.
Quanto à distribuição da produção artística, 13 dos espécimes analisados posicionam-se no espectro da Galáxia Sonora Coimbrã e 4 remetem explicitamente para o Fado de Lisboa. Pelo meio há lugar a 1 tema de récitas de despedida de estudantes, 1 lied de salão e 1 canção brasileira. Quanto aos tempos de produção reportorial, as melodias são datáveis do primeiro terço do século XX, estando bem vincado o seu fácies estrófico e o predomínio da quadra heptassilábica. Junot não oculta a sua preferência por textos filiados na produção poética mórbido-decadentista, evidenciando simultaneamente simpatia pelas histórias de vida ou situações protagonizadas por excluídos e sofredores.
As letras seguidamente transcritas seriam cantadas por Lucas Junot em convívios de Antigos Estudantes de Coimbra que Manuel Branquinho frequentou nos anos do Brasil (1951-1966), pois as suas gravações dos anos 1960-1970 fazem eco esparso de algumas das coplas inventariadas.

1 – FADO HILÁRIO (Sol sust.)
Rapazes quando eu morrer
Eu por mim não quero penas
Que eu gosto de adormecer,
Como as crianças pequenas.

A minha capa ondulante
Feita de negro tecido
Não é capa de estudante
É mortalha de um vencido.

Deixa-me cantar o fado
Não faço mal a ninguém
Que eu canto só pr’a espalhar
Ai! Mágoas que me dá meu bem.

Notas: trata-se da versão melódica seguida por Manassés de Lacerda. Junot solava e bisava os dísticos de cada uma das quadras, conforme indica no caderno através do esquema de chavetas e “bis”. Não refere a autoria da música nem das quadras: a 1ª, pertencia ao “Fado da Minha Terra” (Das lágrimas faço contas), cantado por Manassés, e encontra-se estropiada; a 2ª, também modificada, é de Augusto Hylario; 3ª é popular e integrou, com variantes, a composição “Fado de Coimbra” (Deixem-me cantar o fado), da autoria de Paulo de Sá, gravado pelo cantor José Dias em 1927 (78 rpm Gramophono, E.Q. 28 e His Master’s Voice E. Q. 28).

2 – FADO DO ALENTEJO (Dó)
Maria! Que lindo nome
Ai! Para as bocas sequiosas
Maria, disse e ficou-me
A boca a saber a rosas.

Maria quero-te tanto
Que só te peço que um dia
Quando souberes o quanto
Me queiras tanto Maria.

Quem ama liga-se à terra
Quem canta, ao reino dos céus
Quem pára, que Deus o salve
Quem ama, que vá com Deus.

Notas: Junot não identifica o autor da música, António Menano. Esta composição tem copyright de 1924. Não anota as autorias das quadras, sendo a 1ª de António de Sousa, a 2ª de António Menano; 3ª quadra, estropiada, é de Afonso Duarte.
Esta versão não parece ter sido extraída da partitura impressa em 1924, onde a sequência das coplas é 1) Maria teu lindo nome, 2) Cerejas frescas vermelhas, 3) Quem ama liga-se à terra, mas sim da gravação discográfica efectuada em 1927 por António Menano. A 1ª quadra, de António de Sousa, era a 6ª da composição “Saudade das Horas”, obra feita em 1921 pelo solista de violino da TAUC Olindo Moreira Júnior.

3 – FADO HESPANHOL (Fá sustenido)
Como é triste ir para longe
Sentir saudades de alguém.
Bem mais triste é ter saudades
De quem por nós as não tem.

Como é bom o recordar
Os doces tempos de além
Sentado junto à lareira
Ouvir cantar a minha mãe.

Vai tão longe a mocidade
Vejo tão perto o meu fim
Que às vezes dá-me vontade
De deitar luto por mim.

Gosto de cantar o fado
O fado canta-se bem
É dizer em quatro versos
A vida que a gente tem.

Os meus versos a ninguém
Conseguiram comover
Só eu é que sinto bem
O que nem sei bem dizer.

Notas: fado no estilo de Lisboa, gravado na década de 1920 por António Menano e Armando Goes. O autor da melodia não é conhecido. 1ª quadra de autor não identificado, apresentado semelhanças com outra gravada por Armando Goes no “Fado da Saudade”. A 2ª quadra de autor não identificado, exibe anomalias no verbo “ouvir”. É conhecida uma variante, gravada em 1965 por Fernando Gomes Alves no “Fado Antigo”, cuja melodia é rigorosamente a mesma do “Fado Hespanhol”: Quem me dera que voltasse/O doce tempo d’além/Em que eu sentado à lareira/Ouvia rezar minha mãe. A 3ª quadra, de Eugénio Sanches da Gama, foi gravada por António Menano no “Fado da Praia”. Em Junot ressente-se de estropiamento, nomeadamente no 2º verso que é “Sinto tão perto o meu fim”. Integraria também o “Último Fado”, com música de José Coutinho de Oliveira, cuja solfa anda perdida. A 4ª quadra, de Veiga Simões, foi gravada por António Menano no mesmo “Fado Hespanhol”A 5ª quadra, de Eugénio Sanches da Gama, também foi gravada por António Menano no “Fado Hespanhol”. Em Junot, o 2º verso conjuga o verbo conseguir no pretérito perfeito, quando o original é um tempo futuro (conseguirão).

4 – FADO TRISTE (Ré m)
[Fado da Minha Mãe]
Minha mãe é pobrezinha
Não tem nada que me dar
Dá-me beijos coitadinha
E depois põe-se a chorar.

Esta noite sonhei eu
Que morrera a minha mãe
Acordei pedindo a Deus
Que me levasse também.

Bendita seja a pobreza
Que não desonra ninguém
A mãe de Deus era pobre
Seu filho pobre também.

Notas: fado no estilo de Lisboa, da autoria de Alexandre Rezende, cujo título original é “Fado da Minha Mãe”. A melodia é a mesma do “Fado Triste” (Minha mãe é pobrezinha) gravado por António Menano. Na mesma década de 1920, a referida melodia foi gravada por Luiza Baharém (vide Fado Mondego) e José Dias (vide Fado da Minha Mãe).A 1ª e a 2ª quadras, com variantes, correspondem à gravação fonográfica de António Menano, sendo populares. A 3ª quadra era a 4º estrofe da solfa impressa do “Fado das Romarias” (Benditas sejam as fontes), de António Menano.

5 – O MEU MENINO (Dó)
O meu filho é pequenino
Dois palmos e pouco mais
Com tão pouca medida
Medem-se as almas dos pais.

O meu filho é pequenino
Diz a morte: nem o quero
A vida a rir de contente:
Eu é que sei quanto lhe quero.

O meu menino é d’oiro
É d’oiro o meu menino
Hei-de elevá-lo ao Céu
Enquanto for pequenino.

Notas: música de Alexandre Rezende gravada por António Menano e José Paradela de Oliveira. A 1ª e 2ª quadras são do poeta António Correia de Oliveira e encontram-se estropiadas em relação ao texto original e à gravação de António Menano. O registo Paradela de Oliveira tem uma letra, com a seguinte sequência: 1) O meu menino é d’oiro, 2) Por causa de três meninas. Das 3 coplas fixadas por Junot, só a 3ª, de origem popular, conseguiu vingar em posteriores gravações.

6 – FADO DA SUGESTÃO (Si)
Não digas não, dize sim
Muito embora amor não sintas
Um não envena a gente
Dize sim inda que mintas.

Não digas não, dize sim
Sê ao menos a primeira
Falta-me embora a verdade
Não sejas tão verdadeira.

Notas: música de Alexandre Rezende e a letra de autor não identificado. Tema gravado em disco de 78 rpm na década de 1920 por Bettencourt. A 1ª quadra também consta da gravação feita por António Menano no título “Fado dos Namorados”.

7 – MENINA E MOÇA
Coimbra menina e moça
Rouxinol de Bernardim
Não há terra como a nossa
Não há no mundo outra assim.

Coimbra é de Portugal
Como a flor é d’um jardim
Como a estrela é do céu
Como a saudade é de mim.

Coimbra à noite é tão triste
Tão sonhadora ao luar
Que o estudante não resiste
Sai para a rua e vai cantar.

Notas: música de Fausto de Almeida Frazão, 1ª quadra de Américo Cortez Pinto, 2ª quadra popular; 3ª quadra de Lucas Junot. Tema gravado na década de 1920 por Edmundo Bettencourt. António Menano também gravou esta mesma melodia, pese embora com outra letra.

8 – O BEIJO
À minha amada na praia
Dei um beijo a sós e a medo
Mas onda que desmaia
Descobriu o meu segredo
(cf. “Descobriu este segredo).

E às outras logo contando
O beijo que me viu dar
Foi de onda em onda passando
O meu segredo a contar
(cf. O meu segredo a cantar).

Treme ansioso o teu seio
E ela pálida de temor
(cf. E eu, pálido de temor)
Por todo o mar andar cheio (cf. Que todo o mar anda cheio)
Daquele beijo de amor.

Notas: lied da autoria de Ruy Coelho, com letra de Afonso Lopes Vieira, foi gravado na década de 1920 por António Menano. Menano não respeita com fidelidade a letra original, o mesmo acontecendo nesta transcrição de Junot. O barítono profissional Edgar Duarte de Almeida, activo em Lisboa, gravou este mesmo lied no disco Columbia, 8108, master P.168, indicando correctamente as autorias e interpretando a letra original de Lopes Vieira.

9 – FADO DE SANTA CRUZ
Igreja de Santa Cruz
Toda de pedra morena
Dentro de ti vão rezar
Dois olhos que me dão pena.

Entraste com ar cansado
Na igreja fria e triste
Ajoelhei-me a teu lado
E nem ao menos me viste.

Ficaste a rezar até
Manhã dentro, manhã alta
Como é que tens tanta fé
E a caridade te falta?

Notas: música de Fortunato Roma da Fonseca. A 1ª quadra é popular e tem variantes detectadas pelos recolectores em diversas terras. Ocorria primitivamente no oitocentista “Fado de Coimbra” (Coimbra, nobre cidade) e também aparece no “Choradinho de Coimbra”, gravado por Francisco Caetano na década de 1920, e no registo de José Dias para o “Fado Mondego”. A 2ª e 3ª quadras, de Augusto Gil, haviam sido integradas por Francisco Menano no “Fado da Igreja”, espécime que nunca chegou a ser gravado. As mesmas quadras foram gravadas por António Menano no “Fado das Fogueiras”. O “Fado de Santa Cruz” foi gravado na década de 1920 por António Menano, Edmundo Bettencourt e Paradela de Oliveira.

10 – FADO [de] SAUDADES
Ter saudades é viver
Num tempo que já morreu
Saudades há-de as ter
Toda a gente menos eu.
Ter saudades é viver
Num tempo que já morreu.

E se a saudade findar
Como a mim me aconteceu
Almas! Rompei a chorar
Olhos, erguei-vos aos céus
Que se a saudade findar
Ai daquela que a perdeu.

Notas: melodia de Paulo de Sá, com transcrição parcial da letra de Alfredo Fernandes Martins. Tema gravado por António Menano na década de 1920.

11 – FADO TRICANA
Estudante deixa os livros
De que serve tanto estudar
A vida são três palavras
Nascer, chorar e morrer.

Estudante deixa os livros
Vira-te cá para mim
Mais vale uma hora de amores
Que dez anos de latim.

Notas: por debaixo do título aparece riscado “Fado do Estudante”. Não se sabe se esta letra tinha música própria, nem quem fosse o seu autor. A 1ª quadra parece ser do próprio Luca Junot, mas não nos atrevemos a corroborar essa hipótese. A 2ª quadra é popular.

12 – SONHOS (Sol sust.)
A gente sonha que sonha
A gente sonha acordada
Oh! Meu amor quem me dera
Tudo o que eu tenho sonhado.

A vida é feita de sonhos
Sonhos de triste acordar
É bem feliz quem acorda
E continua a sonhar.

Notas: música e letra parecem ser um trabalho da autoria de Lucas Junot, tendo como horizonte sua esposa, Eugénia Junot.

13 – [sem título]
Oh! Que beleza, que beleza de morena
Perfumada, delicada como a frô
Tens a boquinha tão pequena, bem pequena
Toda feita de beijinhos para o amor.

Você se alembra, foi na noite de São João
Nós dois juntinho se assentámo d’um amor
(…?)
Você pegou devagarinho na minha mão
Fusi ficamo bem feliz todo um tempão.

Quantas sodade um ficou no coração
Do seu amo feito de sonho e ilusão
Na despedida você disse no portão
Faça um ranchinho pra nós dois lá no sertão.

Ai que morena
(etc.)

Notas: canção brasileira com coro, sendo letra e música de Lamartine Silva, autor que não deve confundir-se com o estudante de Coimbra e compositor Lamartine Tito, activo no período da Primeira Grande Guerra. A letra não é inteiramente perceptível.

14 – [sem título]
Sei lá se a dor me consome
O teu amor guarda-o bem.
Pois se há quem morra de fome!
Sem pedir nada a ninguém!

Amei-te sem querer amar-te,
Amei-te muito sem querer,
E quando quis odiar-te
Vivias tu no meu ser.

Notas: Junot não indica o título da composição nem a autoria da música. Não há elementos suficientes que permitam dizer que se trata de “Um Fado”, da autoria do maestro Lourenço Varela Cid, gravado na década de 1920 por António Menano (Tenho tantas saudades) e António Batoque, no último caso com título modificado para “Fado de Coimbra Nº 5” (A graça nasce da graça). A 1ª quadra é de Virgínia Vitorino e também foi gravada por Carvalho de Oliveira noutra melodia, cujo título é “Choro d’Alma”. A 2ª estrofe ocorre na referida gravação de António Batoque.

15 – FADO REZENDE
Ao morrer os olhos dizem
Pára morte, espera aí.
Vida não vás tão depressa
Que eu inda te não vivi.

E a vida passa e a morte
É que responde em vez dela
Mas que culpa tem a vida
De que não saibam vivê-la?!

Notas: composição da autoria de Alexandre Rezende, com letra do médico Manuel Fernandes Laranjeira, gravada na década de 1920 por Lucas Junot e Paradela de Oliveira.

16 – FASES DA LUA
O amor é como a lua
Como ela tem quatro fases
Lua Nova – é o namoro
Dizendo do amor três fases.

Se o namoro continua
Muda a fase de repente
Ai! Já não é a Lua Nova
É amor em Quarto Crescente.

Mas e ele só nela pensa
E ela de amor anseia
Já não é Quatro Crescente
Ai! É amor em Lua Cheia.

Notas: fado no estilo de Lisboa, de autoria desconhecida, cuja primeira notícia documentada remonta à digressão da TAUC ao Brasil no Verão de 1925. Foi gravado na década de 1920 por António Menano. Nesta versão transcrita por Junot falta a última estrofe. A letra é de pendor narrativo.

17 – FADO MARGARIDA
Não há mulher que me ame
Como a minha mãe amou.
Hoje dorme aos pés de Deus,
Que saudade me deixou!

Enquanto ela viveu
Nada no mundo sofri.
Depois que ela morreu,
É que soube o que perdi.

Quando a minha mãe morreu
O meu pai me abandonou
Queria que eu chamasse: Mãe
À mulher que ele arranjou.

Notas: fado no estilo de Lisboa, com 3 estrofes narrativas, de autoria desconhecida. Nas gravações de Carvalho de Oliveira, concretizadas por volta de 1925, encontra-se um “Fado Margarida”, mas a letra é totalmente diferente da transcrição autografada por Junot. É ainda conhecido um outro “Fado Margarida”, do fadista Miguel Ramos (1904-1982), solista de viola e acompanhador de Fado de Lisboa, mas não dispomos de dados suficientes que permitam comparar a composição de Miguel Ramos com a letra registada por Lucas Junot.

18 – [sem título]
FADO DAS ROMARIAS (Si menor)
Bendita seja a pobreza
Que não desonra ninguém
A mãe de Deus era pobre
Seu filho pobre também.

Bendita seja a candeia
De azeite que me alumia
Benditos sejam os teus olhos
Que me dão a luz do dia.

Notas: música da autoria de António Menano que gravou este tema a década de 1920. A solfa impressa de “Fado das Romarias” continha 4 quadras. Na transcrição de Lucas Junot verificam-se discrepâncias relativamente aos originais.

19 – [sem título]
Como é bom ser português
É ser nobre, é ser valente
É não temer um gigante
É render-se a um inocente.

Se queres que eu te queira (etc.)

Notas: dado que a segunda parte do caderno sugere ter sido escrita já no Brasil e em fase de maturidade do cantor, o tema 19 parece corresponder a um exercício outonal inconcluso de Junot, marcado pela saudade de Coimbra e por algum fervor nacionalista que se viveu na “colónia portuguesa” de São Paulo e Rio de Janeiro após o exílio de Humberto Delgado, o assalto ao paquete Santa Maria e o início da Guerra Colonial. No entanto, e visto que o caderno não comporta quaisquer datas, não é de excluir que a primeira quadra seja muito mais antiga, reportando-se ao ambiente de fervor patriótico vivido em Portugal entre o final da Grande Guerra e os anos que se seguiram à assinatura do Tratado de Versalhes. A 2ª quadra é um fragmento de Augusto Gil.

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