domingo, dezembro 17, 2006

Canções e Guitarradas nas décadas de 1930-1940
António José Soares(*)
António Manuel Nunes


O esboço inicial desta cronologia foi-me oferecido pelo falecido Dr. António José Soares em 1988, com um pedido de “comentários, correcções, acrescentos e emendas”, solicitação a que se deu cumprimento em 2002.
Ossatura indispensável para a abordagem e inteligibilidade da Canção de Coimbra, esta cronologia demora incompleta e lacunosa, iluminando toscamente duas décadas sem registos fonográficos, nomes que não se preocuparam em anotar memórias, composições de cronologia incerta. Dos anos trinta foram Miguel Jardim (cantor), Armando Igrejas Bastos (g), Eduardo Silva (g), Alves de Oliveira (g), José Agostinho Nogueira (v), Luís António Grancho (g), Albertino Martins (v), Danton Paixão Nifo (v), Alcino Almeida (v), António Martins (violão), António André Carvalho (v) e António Cunha (v). Quem os conhece?
Coincidindo, em traços gerais, com o período de afirmação e legitimação da cultura oficial do Estado Novo, os anos trinta e quarenta costumam ser identificados com a palavra “decadência”. Um cliché? Há sinais evidentes de abaixamento de qualidade artística no meio estudantil:
-vozes menores que se consagram;
-confusão entre temas de Lisboa e temas de Coimbra;
-crise aguda de vozes entre os anos que vão de 1935 a 1940;
-reprodução excessiva dos temas estróficos gravados na década de 1920;
-letras em redondilha maior que roçam a ingenuidade lírica e o popularucho;
-adopção de técnicas de dedilhação da guitarra algo rudimentares, fundindo o estilo arcaico dos ciclos da afinação natural com o novo estilo Paredes;
-a pecha verificada nos anos quarenta para a cançoneta ligeira, com tangentes ao universo discutível do chamado “fado-canção” e com cedências àquilo que na década de noventa se crismou de “música pimba”;
-clara dificuldade, da parte dos guitarristas solistas, em propor alternativas válidas e apetecíveis ao já envelhecido universo das “variações”;
-total ausência de reflexão estética sobre o sentido e o devir do género artístico praticado, persistentemente assumido como produção intuitiva, irracional, aqui e ali marcado por laivos de xenofobia e desconfortáveis sentimentos de desapossamento.
Os temas coimbrãos presentes na banda sonora do filme Capas Negras ajudam a ilustrar a crise artística e as fobias desses anos.
As gerações activas entre meados dos anos trinta e finais de quarenta foram basicamente “gerações de compromisso”: não beliscaram o regime, e o regime não as afrontou. A CC desses anos quarenta não reflecte o Neo-Realismo em curso, as demolições da Alta, o término da Segunda Guerra, o MUD Juvenil, as eleições livres para a Direcção Geral da AAC (a lista de Salgado Zenha chegou a tomar posse em 11/01/1945). Breves aflorações de outro sentir, temos apenas notícias esparsas de “espectáculos culturais para o povo e para estudantes” realizados pelo TEUC na presidência de Arquimedes da Silva Santos, e a letra da “Balada de Despedida do 5º Ano Médico de 1949”, onde o comunista Arquimedes Santos se interroga subtilmente sobre a demolição da Alta.
Ao nível do trabalho guitarrístico, três nomes militam na linha da frente: Flávio Rodrigues da Silva, Abílio de Moura e Armando Carvalho Homem. No dedilho do violão de cordas de aço cintilam José Lopes da Fonseca (Zé Trego), Fernando Rodrigues da Silva e Eduardo Manuel Tavares de Melo. O modo velho, ou ou fazer velho continuava a ter os seus discretos sacerdotes locais: Antero da Veiga, João Duarte de Oliveira e Máximo Correia iam tocando guitarra à “moda antiga” em convívios de sala, como que alheios aos contrubutos introduzidos por Artur Paredes.
A ausência de registos fonográficos neste período pode ser parcialmente colmatada com gravações a posteriori, concretizadas por João Bagão, Jorge Gouveia, Serrano Baptista, Alexandre Herculano, Napoleão Amorim, Carlos Figueiredo, Manuel Branquinho, Ângelo de Araújo e Augusto Camacho Vieira.

1930
-Jorge Morais (dito Xabregas), Albano de Noronha, Felisberto Ângelo de Barros Leite Vilela Passos, Alexandre Sá Carneiro, Francisco Serrano Baptista, fundam na sede da AAC o Fado Académico de Coimbra (FAC). O FAC (1930-1938), agremiação que tinha aspirações a igualar-se aos restantes organismos culturais estudantis radicados na AAC, teve, afinal, como principal e quase exclusiva actividade a realização de brilhantíssimos bailes no edifício da Associação Académica (Bastilha).
-A revista “Ilustração”, nº 100, Ano 5º, de 16 de Fevereiro de 1930, página 24, publica uma fotografia de Alexandre Resende, informando que o compositor-guitarrista gravara recentemente uma série de discos (finais de 1929).
-Em Março de 1930, a Tuna exibiu-se em Viseu, complementada pelo agrupamento formado por Afonso de Sousa (dito Afonso Costa), Laurénio da Silva Tavares (v), Armando Goes e José Lopes do Espírito Santo (cantores).
-Em 23 de Maio de 1930 realizou-se no Teatro Avenida uma contestada homenagem académica ao poeta António Correia de Oliveira. Abrilhantaram a sessão Xabregas, Serrano Baptista e Armando Goes. Edmundo Bettencourt, Miguel Torga e Branquinho da Fonseca tentaram boicotar a homenagem e distribuíram ao público um comunicado de protesto.
-Formatura do estudante de Direito e guitarrista Afonso de Sousa.
-Formatura do estudante de Medicina e cantor Armando Goes.
-A 12 de Julho nasce em Beja Manuel Joaquim Gomes do Ó Pepe.
-Formatura de José Paradela de Oliveira na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
-Formatura de Joaquim Soeiro Pereira Gomes na Escola Agrária de Coimbra. Romancista, introdutor do Neo-Realismo em Portugal (Esteiros, 1941), Soeiro Gomes nasceu em Gestaçô, Concelho de Baião, a 14 de Abril de 1909 e faleceu em Lisboa, a 6 de Dezembro de 1949. Trabalhou em África durante o ano de 1931 e residiu durante longos anos em Alhandra, onde foi empregado de escritório e activista dos direitos do operariado. Enquanto estudante da Escola Agrária de Coimbra interessou-se pela guitarra, instrumento que chegou a dedilhar. Porém, não deixou nome nos meios citadinos e académicos locais.
-28 de Junho, Sábado: recital de António Menano no Teatro Nacional de São João, Porto. A 1ª parte do programa foi preenchida com canções populares acompanhadas ao piano por Afonso Correia Leite. Na 2ª parte, Menano cantou a “Balada da Despedida do 5º Ano Jurídico” de António Joyce. A 3ª parte abriu com variações na guitarra pelo Dr. Paulo de Sá. Por último, Menano interpretou diversas árias da CC, acompanhado por Paulo de Sá e violonista não identificado.
-Julho/Agosto: o guitarrista Paulo de Sá passa férias na Assembleia da Granja, continuando uma “tradição” encetada na década anterior. O Doutor José Carlos Moreira também costuma aparecer e acompanha Paulo de Sá no violão. Marcam presença nestes encontros António Menano e José Archer de Carvalho. Paulo de Sá e José Carlos Moreira mantiveram a tradição de férias na Granja até cerca de 1950. Ali foram “estreados” os derradeiros temas de Paulo de Sá, compostos na década de 1940, Testemunho de Amor, Despeito, Fogaceiras e Só. Fora do período de férias, Paulo de Sá actuou frequentemente em festas particulares, encontros de antigos estudantes, e em festividades regionais (arraial de Nossa Senhora da Saúde, por 15 de Agosto, em Vila Nova de Gaia). O “grupo da Granja” recebeu ao longo dos anos 20/30/40 a colaboração do poeta Carlos de Morais (Espinho, 1887; idem, 1975). No final dos anos 20 também cantou na formação Paulo de Sá/Menano/Moreira, Felisberto Ferreirinha. Ferreirinha nasceu em Espinho em 1897 e faleceu em Lourenço Marques no dia 29 de Maio de 1953. Foi jornalista, escritor e funcionário dos caminhos de ferro. Em 1928 pertencia ao Orfeon de Espinho e mais ou menos por esta altura gravou diversos discos, um deles contendo o tema “Fado da Sugestão”. Nos anos 30 fixou-se em Lourenço Marques (Moçambique).
-Julho/Agosto: Edmundo Alberto Bettencourt fixa residência em Lisboa.
-Em Agosto de 1930 faleceu a antiga empregada do exército, cantadeira de árias serenis, fadista e tocadora de violão, Maria Rosa Azenha, conhecida localmente por Rosa do Regimento.
-Em 3 de Setembro nasceu na Vila de São Roque, Ilha do Pico, Fernando Machado Soares.
-Por 18 de Dezembro, a TAUC actuou no Teatro Avenida, acompanhada por Felisberto Passos, Alexandre Sá Carneiro, Manuel Aires de Abreu, Lucena Sampaio, Serrano Baptista e Paradela de Oliveira.
-Em 19 de Dezembro de 1930 a TAUC exibiu-se no Teatro Vaz Preto de Castelo Branco. Tocaram e cantaram neste sarau Fausto Xavier, Joaquim Martins, Felisberto Passos, Alexandre Sá Carneiro, Lucena Sampaio, Serrano Baptista. Os elementos deste agrupamento actuaram também em Tomar, Abrantes, Covilhã e Guarda.
-José Maria Amaral fixa residência no Calhabé e começa a frequentar o Liceu Júlio Henriques em Coimbra (Seia, 10/04/1919; Abrantes, 12/07/2001).

1931
-O Diário de Coimbra, na sua edição de 12 de Fevereiro dá conta da fundação do FAC.
-O Diário de Coimbra, de 3 de Março fornece a lista completa dos membros do FAC. O organismo anunciava a hipótese de criação de um curso de guitarras e de violas, propósito que nunca chegou a concretizar.
-Em 19 de Março de 1931 teve lugar no Teatro Avenida um baile de homenagem ao Reitor Luís Carriço, onde marcaram presença guitarristas e cantores académicos. O baile foi precedido de um “festival de fados e guitarradas” em homenagem aos aviadores Humberto Cruz e Carlos Bleck. Apresentaram-se em cena Xabregas e Alves de Oliveira (guitarradas); Felisberto Passos e Sá Carneiro (guitarradas); cantaram Serrano Baptista, José Espírito Santo e Lucena Sampaio; fizeram solos de violão Alves de Oliveira, João Rigueira e Xabregas. Não compareceram neste sarau Albano Noronha, Orlando de Sousa Branco (cantor), Manuel Aires de Abreu (guitarrista) e José Feio Soares de Azevedo (viola).
-Em Junho, e a propósito de um sarau realizado no Teatro Avenida e dedicado aos Dias da Tuberculose, actuaram os instrumentistas Jorge Xabregas e Felisberto Passos e os cantores Lucena Sampaio e Serrano Baptista. Felisberto Ângelo Leite de Barros Vilela Passos, filho de Augusto Ângelo Vilela Passos e de Deolinda Martins Leite Barros Coutinho, nasceu a 13 de Julho de 1906 em Cabeceiras de Basto (Casa da Breia). Residiu na República dos Grilos. Além de segundo guitarra de Artur Paredes e de Albano de Noronha era conhecido por ter composto em 1930 Minho Encantador. Licenciou-se em Histórico-Geográficas na Faculdade de Letras da UC em 1932. Casou em 7 de Fevereiro de 1934, em Cabeceiras de Basto, com Maria Irene Ferreira de Melo de Moura Coutinho. Após passagem por Évora, foi chefe interino da Secretaria da Câmara de Celorico de Basto entre 1938-1940. Aposentou-se em 13 de Julho de 1976, sendo Tesoureiro da Câmara de Santo Tirso. Faleceu na Casa da Breia, Cabeceiras de Basto, a 9 de Dezembro de 1986. Em 4 de Julho de 1964 foi tocar na Serenata do Centenário do Nascimento de Hilário, transmitida a partir do Pátio da Universidade pela RTP e Emissora Nacional. Passos utilizou a sua antiga guitarra de 17 trastos, sendo acompanhado por Alexandre Sá Carneiro (v) e João Meira (cantor, antigo aluno da Escola Agrária de Coimbra, cuja presença muito terá agastado Pinho Brojo).
-Jorge de Morais Xabregas, que viria a formar-se na Faculdade de Ciências em Junho de 1934, era, além de “velho” académico, um guitarrista apreciado. Nascido em Samões, Vila Flor, em 1906, fizera a sua aprendizagem guitarrística a partir dos cinco anos como autodidacta. Concluídos os estudos liceais no Porto, viera matricular-se na Universidade de Coimbra em 1925. Não desejando abandonar a vida estudantil, matriculou-se na Faculdade de Medicina que frequentou até 1939. Frequentador habitual da República dos Grilos, onde residia o estudante guitarrista Felisberto Passos, Xabregas era autor de duas composições bastante vulgarizadas nesses anos trinta: o Fado da Noite (1930), composto na sequência de um acidente viário nocturno em Vila Flor, Variações em Lá Menor (1931), Variações em Sol (1932-1933).
-António Abreu de Almeida Carvalhal, filho de Álvaro Carvalhal e de Eugénia Abreu (Esposende, 18/2/1909; Porto, 10/01/1982), termina o Liceu de Braga em 10 de Julho de 1931. Guitarrista amador, adaptara à guitarra no último ano liceal Chula do Minho. António Carvalhal instalou-se em Coimbra no Verão de 1931 e inscreveu-se em Direito, curso que frequentou até ao terceiro ano.
-A 29 de Agosto morre em Lisboa José Augusto Coutinho de Oliveira, licenciado em Medicina no ano de 1920, músico, autor de Rezas à Noite (1918). Nascera em Luanda no ano de 1894.
-Em 23 de Outubro nasce na República Centro Africana António Portugal (Coimbra, 26/07/1994).
-Em Novembro de 1931, o FAC elegeu novos corpos gerentes, formados pelos instrumentistas e cantores Xabregas, Felisberto Passos, Manuel Aires de Abreu, José Lopes do Espírito Santo (cantor) e José Feio Soares de Azevedo (viola, aluno de Direito).
-Em 2 de Dezembro nasceu em Coimbra Fernando José Monteiro Rolim.
-Em Dezembro, Fausto Xavier, António Marques da Costa, Alexandre Albuquerque, participaram num sarau em Aveiro.
-No crepúsculo de 1931, Manuel Faria, estudante de Direito e futebolista fez a sua estreia como cantor de fados de Lisboa em Vila do Conde.

1932
-Em 30 de Janeiro de 1932 acompanharam a TAUC ao Teatro de Águeda, Vila da Feira e Figueira da Foz, Fausto Xavier Rodrigues (g), Marques Xavier (g), António Marques da Costa, Felisberto Passos, Sá Carneiro, Lucena Sampaio, Lacerda e Megre, António Faria, Serrano Baptista.
-Corria o mês de Março de 1932 quando o FAC realizou o seu segundo baile anual, no edifício sede da AAC. No intervalo, o Reitor João Duarte de Oliveira subiu ao palco e tocou guitarra.
-Em 6 de Março de 1932, a TAUC exibiu-se no Teatro de Anadia, estando presentes Felisberto Passos, Alexandre Sá Carneiro (dito Afonso XIII), Fausto Xavier Rodrigues, António Marques da Costa, Alexandre de Albuquerque, Serrano Baptista, António Cabral de Lucena Sampaio, Lacerda e Megre e António Vaz.
-Em Maio deste ano entrou em emissões experimentais o chamado Rádio Clube do Centro. A primeira sessão foi animada por Xabregas, Alves de Oliveira e José Monteiro Lopes do Espírito Santo. O cantor Espírito Santo, que veio a ser lente da Faculdade de Medicina, também cantava regularmente fados de Lisboa. Espírito Santo nasceu em Lisboa a 24 de Outubro de 1908, frequentou Medicina entre 1928-1935, e faleceu na cidade de Coimbra a 01/12/1967.
-Ainda em Maio, o Orfeon deslocou-se a Leiria, acompanhado por Artur Paredes, António Vaz, Serrano Baptista e José Espírito Santo.
-Formatura de Felisberto Passos em Histórico-Geográficas.
-Em Outubro forma-se em Medicina o cantor Lucena Sampaio.
-Nasce em Campo Maior António Saturnino Sutil Roque.
-Em 29 de Setembro nasce em Santa Maria da Feira António Simão Toscano.

1933
-Em 23 de Janeiro de 1933 integraram a nova direcção do FAC os estudantes Xabregas, Alfredo Chaves de Carvalho, José Alves de Oliveira, Hernâni Marques, Luís Providência e Costa (2º g), Mário Galvão Videira, Augusto Castelão de Oliveira de Almeida (v), Manuel Vicente de Faria (cantor), António Osório Vaz (cantor), Artur de Almeida d’Eça (barítono), Armando Igrejas Bastos (g), Augusto Sá Osório e Luís dos Santos Ribeiro. Deixaram de pertencer à direcção José Lopes do Espírito Santo e Alexandre Sá Carneiro. Mantinham-se sócios José da Silva Galvão e Aurélio Ramos. Augusto Castelão de Almeida, natural de Alpiarça, frequentou Direito entre 1927 e 1939. Boémio lendário, habitou a Real República Ribatejana, tocou viola na TAUC e dirigiu o jornal O Ponney. Exerceu advocacia em Alpiarça, localidade onde faleceu em 1945 vitimado por cirrose crónica. Outros guitarristas da época eram Albano de Noronha, Felisberto Vilela Passos, ambos praticantes do método Artur Paredes, nesses anos acompanhados no violão de cordas de aço por Alexandre Sá Carneiro e Pinto Coelho. Os estudantes de Direito António Osório Vaz e Manuel Faria tinham vindo a afirmar-se como cantores, sendo muito aplaudidos na interpretação de fados de Lisboa. Lucena Sampaio (de Medicina) e Jorge Jardim exibiam-se em saraus e serenatas. Carlos Manuel do Amaral, nome pouco referido, ficou-se pelas serenatas de rua. José Pimenta de Castro Lacerda e Megre (Ponte da Barca, 1909), bom barítono, animou inúmeras serenatas de rua nos anos de 1927 a 1933, enquanto aluno de Direito.
-A 1 de Fevereiro nasce em Esgueira Fernando Neto Mateus da Silva.
-Na digressão da TAUC a Guimarães, em 18 de Março de 1933, actuaram na Sociedade Martins Sarmento Albano de Noronha, Felisberto Passos, Sá Carneiro, Manuel Faria e António Vaz.
-Em Maio de 1933 o Orfeon actuou em Aveiro. Tocaram Albano de Noronha, Felisberto Passos e Sá Carneiro, e cantaram Manuel Faria e António Vaz. António Vaz, uma vez formado em Direito, viria a ser Governador Civil de Lisboa na transição da década de 1950 para os sessentas.
-Formatura em Direito de Lacerda e Megre.
-Em Maio, actuaram no sarau da Queima das Fitas Albano Noronha, Felisberto Passos, Sá Carneiro, Manuel Faria e António Vaz.
-António Menano fixa domicílio profissional em Moçambique (Rouxinol do Mondego para os admiradores, Tuberculoso para os detractores).
-Neste ano foi ensaiada e estreada em Coimbra a famosa revista de costumes “Calhabé Circulação”, da autoria de Cipriano de Carvalho, onde actuou o barbeiro, actor amador e tocador de violão José Lopes da Fonseca (Zé Trego).

1934
-O guitarrista Artur Paredes (1899-1980), empregado do Banco Nacional Ultramarino transferiu-se para Lisboa em Fevereiro de 1934. No início desse ano actuou em Viseu e Lamego, nos saraus da TAUC, ao lado de Afonso de Sousa e Guilherme Barbosa.
-Em 15 de Fevereiro, e dada a manifesta falta de cantores, o FAC admitiu como cantor e director artístico o estudante-cantor António Cruz. António Augusto Ferreira da Cruz, formado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras de Coimbra nasceu em Bougado, Santo Tirso, no dia 24 de Julho de 1911. Foi bibliotecário arquivista na Biblioteca da Universidade de Coimbra, dirigente do jornal académico Coimbra, Director da Biblioteca Municipal do Porto, director do Diário do Norte, lente de História na Universidade do Porto e primeiro director da Faculdade de Letras da UP. António Cruz vinha a afirmar-se como cantor activo nas ruas de Coimbra pelo menos desde 1931. Faleceu em 1989.
-Em 15 de Fevereiro o FAC admitiu o 2º tenor Hernâni Marques, já formado em Direito.
-A 3 de Agosto nasceu em Loulé João Barros Madeira.
-Em Março, Artur Paredes voltou a actuar num sarau promovido pelo Orfeon no Coliseu dos Recreios de Lisboa.
-Formatura em Direito de Alexandre Luís Maria Chaves Marques de Sá Carneiro. Natural de Barcelinhos, Concelho de Barcelos, onde nasceu em 1909, Sá Carneiro faleceu em Braga, a 30 de Maio de 1990. Conhecido pela alcunha de Afonso XIII, foi residente na República dos Grilos. Executante de violão e membro da TAUC, acompanhou frequentemente Felisberto Passos e Artur Paredes. Estudou Direito entre 1926-1934, tendo prolongado a estadia em Coimbra por mais três anos além do necessário. Exerceu advocacia em Barcelos e Braga, tendo sido Presidente da Câmara Municipal de Barcelos. Na tradição oral coimbrã tem-se verificado uma certa tendência para a confusão despropositada entre o violonista Alexandre de Sá Carneiro e o poeta Mário de Sá Carneiro. O último, nascido em Lisboa em 1890, chegou a matricular-se muito fugazmente na Faculdade de Direito da UC e suicidou-se na cidade de Paris a 26 de Abril de 1916.
-Em Novembro de 1934 fizeram a sua estreia em Coimbra os jovens guitarristas Abílio Ribeiro de Moura e Augusto de Sousa Seco, tendo por violonista acompanhante Décio da Rocha Dantas. A actuação decorreu integrada num sarau em benefício da Liga dos Combatentes. Augusto de Sousa Seco pertenceu à TAUC. Concluída a formatura em Direito, por 1940, exerceu advocacia no Fundão. Décio da Rocha Dantas, membro do FAC e do TEUC, uma vez formado em Direito, exerceu advocacia em Vila Pouca, Comarca de Santa Comba Dão. Abílio Ribeiro de Moura, o mais importante guitarrista activo na Academia de Coimbra entre 1934-1940, era discípulo de Flávio Rodrigues da Silva. De acordo com os informes de época, ter-se-á limitado a reproduzir o estilo Artur Paredes.
-Acompanharam a TAUC à Ilha da Madeira e aos Açores (Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta), no Natal de 1934, Abílio de Moura, Sousa Seco, Décio Dantas, Aurélio Cruz (v), António Vaz (barítono), Armando Goes (barítono) e Paradela de Oliveira. Um dos cantores do grupo, o estudante de Medicina António da Fonseca, provocou memorável fiasco na cidade de Ponta Delgada.

1935
-Regressada ao Continente, a TAUC exibiu-se no Teatro de Aveiro, em 26 de Janeiro de 1935. Do programa oficial constava um número de guitarradas, a cargo de Abílio de Moura, Augusto Sousa Seco, Aurélio Cruz e Décio Dantas.
-Em 3 de Janeiro de 1935 foi provocado o desabamento da torre sineira do Mosteiro de Santa Cruz. A ruína, denunciada nos jornais, foi muito criticada na cidade. Chegaram a correr boatos que os bombeiros teriam apressado a derrocada com infiltrações de água nos alicerces da torre. Surgiu no contexto do Fado de Lisboa “Catedral de Santa Cruz”, cuja letra assinala o acontecimento. Porém, o tema nunca chegou a concitar grandes simpatias locais, visto tratar-se de um fado ao “estilo” de Lisboa.
-Em 17 de Janeiro continuavam membros do FAC António Cruz, Joaquim Duarte de Oliveira, Xabregas, Hernâni Marques, Luís Providência e Costa, Álvaro Fonseca, Luís Santos Ribeiro e Carlos Pereira de Sousa.
-No sarau da TAUC, dado no Avenida em 25 de Março de 1935, apresentaram-se em palco duas formações: Abílio de Moura, Marques da Costa e Sousa Seco (gg); Manuel Aires de Abreu (g), José Feio (v) e Carlos Amaral (cantor). Armando Goes também cantou neste sarau. Manuel Aires de Abreu ainda era vivo em 1958, estando domiciliado profissionalmente em Cabeceiras de Basto.
-O grupo de Abílio de Moura, com o cantor António Vaz, voltou a actuar em Março de 1935 no sarau dado pelo Orfeon no Coliseu de Lisboa. Foram convidados especiais neste sarau Paradela de Oliveira e Artur Paredes.
-A 25 de Abril de 1935 nasce em Sernancelhe José Firmino Moreira Mesquita.
-Em Agosto, o médico veterinário Armando Simões transfere-se de Angola para o Regimento de Artilharia 2, de Coimbra. Reside na cidade até 1943. Em 1945 estabelece-se em Vila Nova de Ceira, Concelho de Coimbra. Natural de Lisboa (8/05/1894), Simões concluíra o curso na Escola Agrária de Coimbra em 1913. Datam de 1935-1943 os seus primeiros estudos sobre a origem e evolução das guitarras em Portugal. Foi devotado regionalista e colaborador do Estado Novo, tendo fundado a Casa do Povo de Ceira e assumido a presidência da Câmara Municipal de Gois (1954-1966) e da Direcção da Federação das Casas do Povo do Distrito de Coimbra (1962-1967).
-No segundo semestre de 1935 estrearam-se como solistas os segundos guitarras António Marques da Costa e Luís Providência e Costa. Marques da Costa, de Medicina, encontrava-se inscrito na TAUC desde 1926 e fora um dos segundos guitarras de Artur Paredes.
-São do ano de 1935 duas apreciadas composições do cantor e guitarrista Francisco Serrano Baptista (1910-1954), respectivamente Noites de Luar e Um Beijo, ambas com letra de J. Assis Pacheco. Natural de Mação, Serrano Baptista veio aos nove anos para Coimbra fazer o Liceu. Aluno de Direito, inscreveu-se como tocador de violão e cantor na TAUC em 1926.
-João Gonçalves Jardim, aluno de Medicina, natural da Madeira, inscreve-se na Tuna.
-José Maria Amaral inicia-se na guitarra de Coimbra com a ajuda de Henrique Sequeira, um amigo de infância natural de Fornos de Algodres.
-Nasce em Ançã Levy Casimiro Baptista.
-Nasce em Pombal Manuel Osório Pinto Mora.

1936
-O ano de 1936 continua dominado pela presença do grupo liderado por Abílio de Moura.
-Em 31 de Janeiro de 1936, a TAUC exibiu-se no Cine Teatro de Tomar, tendo actuado Abílio de Moura e o cantor Carlos Amaral.
-Em 13 de Março faleceu no Seminário de Coimbra o Padre Dr. Elias Luís de Aguiar. Natural de Vila do Conde (2/02/1880), matriculou-se na Faculdade de Teologia no ano lectivo de 1905. Fora ordenado sacerdote em 1902, após estudos no Seminário de Braga. Formado em Teologia, voltou a matricular-se em Direito e Letras no ano de 1912. Regeu o Orfeon entre 1915 e 1932. Leccionou aulas de música na Universidade, e de Teologia no Seminário de Coimbra. Em 1917 assinou a música de Na Cidade do Encantamento/Balada de Despedida do 5º Ano Jurídico, sendo a letra de António Alves Martins.
-Entretanto, acentuava-se a crise de cantores nos meios académicos, sobretudo nos saraus e digressões do Orfeon e da TAUC.
-Durante o mês de Abril, os serenateiros concentraram os seus esforços no Colégio da Quinta da Várzea onde se encontravam em regime de internato várias jovens espanholas.
-Em inícios de Julho, por altura dos festejos da Rainha Santa, ocorrem as últimas serenatas fluviais dos futricas e das tricanas: Serenata Instrumental do Grupo Salsichon, Serenata do Bairro de Santa Clara e Serenata da Alta (Salatinas). Colaborou nos três eventos José Lopes da Fonseca. Nascido em Coimbra em 8 de Março de 1883 e falecido em 22 de Abril de 1976, José Lopes da Fonseca demora uma das mais notáveis figuras da cultura popular coimbrã. Barbeiro, funcionário do Magistério Primário, actor amador, serenateiro, violonista, republicano, ateu, antisalazarista, era um entusiasta da causa operária, na linha de militância local desbravada por Adelino Veiga. Acompanhou por diversas vezes Flávio Rodrigues da Silva.
-António Carvalhal (g), Décio Dantas (v) e António Osório Vaz (cantor) integram o grupo Cow-Boys, claque de apoio à equipa de futebol da AAC (Académica).
-O conjunto musical portuense Grupo Samedos faz enorme sucesso com Rendilheiras de Vila do Conde e À meia noite ao Luar. O último tema seria trazido para Coimbra em 1937 por estudantes oriundos do Porto. Manuel Julião popularizou-o na década de quarenta.
-Em 1 de Dezembro estreou-se em Lisboa o filme sonoro Bocage, realizado por Leitão de Barros. O tenor lírico Tomás Alcaide interpretou o tema O amor é cego e vê. Neste mesmo ano, Alcaide gravou outro tema do filme Bocage, intitulado Gosto de ti (Columbia BL 1002, C767-1). Tomás Aquino Alcaide nasceu em Estremoz a 16 de Fevereiro de 1901 e faleceu em Lisboa no dia 3 de Novembro de 1967. Terá frequentado esporadicamente Medicina na UC até 1925, foi 1º tenor solista do Orfeon, e cantou árias da CC. Partiu para Milão em Abril de 1925. Ali se iniciou na escola italiana de bel canto, sob a direcção do maestro Fernando Ferrara. Entre 1928 e 1940 obteve retumbante êxito internacional. A Segunda Guerra forçou-o a longa estadia no Brasil e Argentina para onde partiu em 1940. Abandonou os palcos em 1952.
-Da banda sonora do filme Bocage, estreado em Lisboa no Teatro São Luís (1/12/1936) fazia parte uma composição intitulada Canção de Alcipe. Foram autores da música o pianista Alfonso Correia Leite, e da letra Pereira Coelho. A melodia logo seria popularizada na guitarra por Artur Paredes. Seria gravada em versão instrumental por António Portugal e Carlos Paredes (partitura em BGUC, Secção de Músicas, cota MI-2-6-62).
-Nasce em Sabrosa Francisco Manuel Vieira de Sousa Vasconcelos (g).
-Nasceu em Coimbra José Tito Mackay Ferreira dos Santos.

1937
-A crise de cantores agudizou-se em 1937.
-A 11 de Abril nasce em Celorico de Basto Durval Araújo Cerqueira Moreirinhas.
-A 15 de Agosto nasce em Viseu Octávio Sérgio de Matos Azevedo.
-A 6 de Setembro nasce em Coimbra Manuel José Dourado.
-A 6 de Outubro nasce em Coimbra David José Duarte Leandro Ribeiro.
-Em Outubro, o Secretariado Nacional de Informação, dirigido por António Ferro, não logrou encontrar em Coimbra cantores aptos a abrilhantarem uma sessão de propaganda oficial que se realizou em Paris.
-A crise de cantores também se fazia sentir no FAC, organismo que tendo publicitado a abertura de inscrições a novos sócios, não registou quaisquer entradas.
-Manuel Elyseu, filho de José Elyseu, recolhe da tradição oral e harmoniza a serenata O Beijo. Esta peça, datável de 1907, era da autoria do barbeiro Cipriano Pio, tendo inspirado uma variação muito tocada por Flávio Rodrigues.
-José Maria Amaral, natural de Seia, inscreve-se no naipe de violas da TAUC. Foi aprendiz de guitarra de António Carvalhal. Amaral formou o seu primeiro grupo ainda estudante do Liceu de Coimbra: Amaral (v), Sequeira Mendes (g), Mário Castro (c). Ainda em 1937, Amaral passou a colaborar em segunda guitarra com António Carvalhal, assegurando a voz Mário Henriques de Castro (dito Cow-Boy Cantor).
-Carlos Paredes passa a acompanhar regularmente o pai como executante de segunda guitarra.
-Nasce em Portalegre Augusto Azevedo Costa Santos (dito Tito).
-Nasce em Coimbra Jorge Manuel Casqueiro Lopo Tuna.
-Circa 1937-1940, António de Almeida Carvalhal compõe Variações em Lá Menor.
-Outubro/Novembro de 1937: o Ministro da Educação António Faria de Carneiro Pacheco, muito interessado em utilizar o Orfeon como agente pedagógico não simpatizava com o FAC. Como nunca fora elaborada uma distinção clara entre Fado e o chamado “Fado de Coimbra”, não se considerava próprio de estudantes uiversitários a prática de músicas ainda muito associadas ao universo da prostituição e da criminalidade. Cumprindo instruções governamentais (não transmitidas por escrito), o Presidente da Comissão Administrativa da AAC nomeada pelo Governo, José Guilherme Melo e Castro intimou Jorge Xabregas a fechar as portas do FAC, entregando à Direcção Geral da AAC as respectivas chaves. Em Novembro de 1937 Xabregas idealizou ludibriar os intentos governamentais através da conversão do FAC em TEUC. A prepotência governamental de 1937 ficaria mergulhada no mais espesso silêncio. Mesmo no após 1974, nenhum dos antigos associados do FAC ou da 1ª geração do TEUC (que também conheciam o assunto e os boatos que gerara) achou oportuno relatar o assunto.

1938
-A 5 de Janeiro nasce em Coimbra António Jorge Godinho Marques (Aveiro, 16/07/1972).
-Em Janeiro de 1938 era inaugurado na Baixa, na Rua do Moreno, o Retiro do Hilário, por directa inspiração das casas de fado de Lisboa e do conhecido Retiro da Severa.
-Um pouco antes do Carnaval de 1938, o Orfeon percorreu o Algarve e Alentejo, acompanhado por Abílio de Moura e António Martins (v). Cantou nesta digressão, de capa e batina e a convite da direcção do Orfeon, Loubet Bravo, funcionário dos Caminhos de Ferro, domiciliado no Porto.
-Em Março de 1938 procedeu-se à estreia da récita dos quintanistas de Medicina Gotas Amargas. Cantou o Fado de Despedida do 5º Ano Médico, o estudante de Medicina, natural da Madeira e viola na TAUC, João Gonçalves Jardim (Minha capa velhinha/Quer o destino levar. Letra e Música de João Jardim). Estreia da Balada de Despedida do 5º Ano Médico de 1938, com letra e música de António da Silva Fonseca (Adeus Coimbra, terra d’amor).
-Nas excursões da TAUC ao norte de Portugal, cantou e tocou guitarra o mesmo João Jardim, acompanhado por Carlos Simões. João Gonçalves Jardim, filho de João Gonçalves Jardim e de Alice Martins da Silva, nasceu no Funchal a 28 de Junho de 1906. Efectuou os estudos secundários no Liceu do Funchal. Formou-se em Medicina no ano de 1940. Por finais de 1941, ou já em inícios de 1942, estabeleceu-se no Funchal, onde foi médico do Hospital da Santa Casa da Misericórdia, director dos serviços nocturnos da Cruz Vermelha, presidente da direcção do Patronato de Nossa Senhora das Dores, presidente do Ateneu Comercial e presidente da assembleia geral do Clube Sport Marítimo. Gravemente doente, faleceu na sua cidade natal em 17 de Junho de 1960.
-Em 3 de Maio António Carvalhal actua numa récita em Pombal, dada em homenagem aos artistas Géni e Carlos Frias. Carvalhal foi acompanhado por Décio da Rocha Dantas, Júlio Mascarenhas e Francisco Ferreira (cf. Diário de Coimbra, de 4/05/1938).
-Em 15 de Maio, António Carvalhal actua numa récita de caridade em Coimbra, no Parque Infantil Doutor Oliveira Salazar (cf. Diário de Coimbra, de 16/05/1938; O Despertar, de 18/05/1938).
-Em 16 de Maio estreou-se no Teatro Avenida a opereta Viúva Alegre em Cascais, representada pelo Grupo Cénico do Ateneu Ferroviário em favor da Associação dos Diabéticos Pobres. No intervalo interpretou guitarradas Flávio Rodrigues da Silva, acompanhado no violão por seu irmão Fernando Rodrigues (cf. Diário de Coimbra, de 16/05/1938). Flávio Rodrigues da Silva, filho de António Rodrigues da Silva e de Olívia de Campos, nasceu na cidade de Coimbra, Rua dos Militares, a 29 de Outubro de 1902, e faleceu na mesma cidade a 23 de Agosto de 1950. Barbeiro de profissão, gravou discos na casa Odeon, Paris, em Maio de 1927. Guitarrista notável e compositor, formou inúmeros discípulos. Seu irmão, Fernando Rodrigues da Silva, barbeiro na Associação Académica, nasceu em Coimbra a 18 de Janeiro de 1915 e faleceu no prédio nº 16 da Rua da Matemática a 2 de Dezembro de 1964. Excelente executante de violão, e tocador de guitarra, ensinou muitos estudantes.
-Em 20 de Maio falece em Lisboa o Dr. Ricardo Borges de Sousa, guitarrista, formado em Direito no ano de 1899. Advogado prestigiado, futebolista, tenista, presidente da Associação de Futebol de Lisboa, gravou vários discos para a Columbia na década de 1920 (1926). Armando Simões, A guitarra, 1974, pág. 232, indica datas totalmente erradas para o seu nascimento (1860) e óbito (1930). Era autor de várias guitarradas no estilo de Lisboa, cumprindo citar Fado em Dó (Columbia J 788, WP149), Fado em Dois Tons, Fado da Idanha, Fado do Malmequer. Divulgou ainda em disco Variações sobre o Fado Francisco Menano (vulgo Fado Falado) e Fado de Coimbra em Lá Maior (Columbia J 790, WP143), o último da autoria de Manuel Mansilha.
-Em 21 de Maio, João Jardim e Carlos Simões actuaram na sede dos Bombeiros de Ovar.
-Em Junho de 1938 o FAC encerrou definitivamente as portas, doravante transmudado em Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC). Pertenceram à última direcção, eleita em Novembro de 1937, Jorge Xabregas, João Jardim, Abílio de Moura, Eugénio Nabinho, Joaquim Seixas, Rui Couto, Nicolau da Costa, Décio da Rocha Dantas e outros.
-Formatura em Medicina de Albano de Noronha.
-A 16 de Setembro nasce em Santarém José Manuel Niza Antunes Mendes.
-A 16 de Outubro nasce em Fornos de Algodres Hermínio Menino.
-Em Novembro Luís Abreu de Almeida Carvalhal é eleito para a Direcção da TAUC. Irmão do guitarrista António Carvalhal, nasceu em Esposende no ano de 1913, tendo falecido a 18 de Novembro de 1995. Estabeleceu-se com a família em Coimbra no Verão de 1931. Frequentou o Liceu D. João III. Personalidade rebelde, antisalazarista, formou-se em Histórico-Filosóficas. Alferes miliciano, viu-se irradicado do exército por ter colaborado na campanha presidencial de Norton de Matos. Exilado no Brasil, apoiou a causa de Humberto Delgado, de quem se veio a distanciar (Cf. Luís Carvalhal, A verdade sobre Humberto Delgado no Brasil. Cartas inéditas, notas e comentários, Editorial Globo, 1986). Tocou violão ao lado de seus irmãos António (1ª g), Álvaro (2ª g), Joaquim (v).
-Em Dezembro de 1938, a TAUC fez uma excursão pelo Porto, Póvoa de Varzim, Viana do Castelo, Braga, Barcelos e Viseu. Tocou guitarra e cantou João Gonçalves Jardim.
-A 28 de Dezembro nasce António José da Silva Sousa Pereira.
-Fixa domicílio profissional em Coimbra o músico militar, tocador e compositor das Fogueiras de São João, João de Oliveira Anjo (Ilhavo, 14/05/1916).
-Aurélio Afonso dos Reis inscreve-se no naipe de violas da TAUC.
-António de Almeida Santos (Seia, 1926) fixa residência em Coimbra.
-António Pinho de Brojo (Coimbra, 28/11/1927; 25/08/1999), frequenta o Liceu D. João III (de 1938 a 1945).

1939
-Logo em Janeiro de 1939 João Jardim cantou num sarau da TAUC.
-Aquando da digressão do Orfeon ao norte de Portugal, corria Fevereiro de 1939, foi anunciada a estreia do cantor Mário Henriques Castro, elemento do grupo de António Carvalhal. Na realidade, quem se estreou na dita digressão foi Jorge Gouveia, também membro do grupo Hula’s Players, concretamente nos palcos do Porto, Peso da Régua, Lamego, Vila Real, Mirandela, Chaves, Guimarães e Espinho.
-Em Março de 1939 decorreu em Lisboa a Quinzena dos Estudantes de Coimbra, tendo actuado no sarau dado na Casa das Beiras os instrumentistas Artur Paredes, Carlos Paredes, Afonso de Sousa, António Marques da Costa, e ainda os cantores Armando Goes, Paradela de Oliveira e Francisco Serrano Baptista.
-Em 21 de Maio António Carvalhal, José Amaral e António Gomes (v) actuaram no Cine Teatro de Arganil. O cantor de serviço foi Mário Castro (cf. Jornal de Arganil, de 18/05/1939).
-No sarau da Queima das Fitas, realizado em Maio de 1939, tocou Abílio de Moura, acompanhado por Eugénio Nabinho. O cantor de serviço neste sarau foi o advogado radicado em Lisboa José Paradela de Oliveira.
-Joaquim Abreu de Almeida Carvalhal, aluno de Direito, irmão do guitarrista António Carvalhal, inscreve-se no naipe de violas da TAUC.
-Jorge de Morais Xabregas, sendo professor do Liceu de Coimbra e estando a frequentar Medicina é incorporado no serviço militar.
-A 1 de Junho nasce em Manteigas Eduardo Melo Lucas Coelho.
-A 26 de Junho nasce em Paços de Ferreira João Paulo Eiras Bessa Alão.
-Formatura do guitarrista António Carvalhal (25/07/1939) em Histórico-Filosóficas.
-A 5 de Agosto nasce em Viseu José Maria Barros Ferreira.
-Nasce em Ponte da Barca José Maria das Neves Lacerda e Megre.
-A 6 de Novembro nasce em Penacova Humberto Matias Vieira (v).
-Em Novembro faleceu o prestigiado maestro e antigo regente da TAUC, Francisco Lopes Lima de Macedo Júnior. Nascido em 1859 era autor de inúmeras peças musicais sacras e profanas. Regeu por diversas vezes a orquestra do Teatro Académico, escreveu partituras de récitas académicas. Possuía um espólio musical notável de autores nacionais e estrangeiros, em grande parte salvaguardado na Biblioteca da Universidade de Coimbra.

1940
-O ano de 1940 poucas novidades registou, sendo de assinalar a formatura de Abílio de Moura em Medicina.
-Artur Paredes, Armando Goes e Paradela de Oliveira, vieram tocar e cantar a Coimbra, especialmente convidados para a festa da TAUC realizada no Avenida em 22 de Março.
-Artur Paredes e Carlos Paredes começam a usar com regularidade o novo modelo de guitarra de Coimbra.
-João Gonçalves Jardim compõe Estrelinha do Norte, tendo adaptado à música uma quadra popular (a 2ª foi escrita por Ângelo de Araújo).
-Ângelo Vieira de Araújo (dito Gibambo) inscreve-se no naipe de violinos da TAUC.
-Eduardo de Sá Pinto Leitão Nobre, aluno de Direito oriundo do Porto, inscreve-se no naipe de flautas da TAUC (1940-1946). Foi autor de uma composição gravada por Adriano Correia de Oliveira (Contemplação, EP-ATEP 6033, 1961).
-Joaquim Duarte Ralha torna-se um guitarrista aplaudido nos meios populares (Coimbra, 25/04/1911; idem, 4/05/1988).
-Em 19 de Fevereiro a actriz Adelina Abranches interpretou Farsa de Inês Pereira, no Teatro Avenida, tendo contracenado com elementos do TEUC. Terminada a peça, Adelina Abranches foi homenageada com uma serenata.
-Em 13 de Julho morre o poeta Fausto Guedes Teixeira, poeta republicano que fornecera inúmeras coplas a Augusto Hilário.
-Em 14 de Dezembro morre em São Pedro do Sul o antigo guitarrista e deputado republicano Manuel Ribeiro Alegre (dito O Valsista). Nasceu em Águeda no dia 13 de Janeiro de 1881, tendo frequentado Direito entre 1899 e 1906. Fora o principal guitarrista do tenor Manassés de Lacerda.
-Em 1940 o Rancho (das Tricanas) de Coimbra deslocou-se a Lisboa, tendo actuado nos festejos do Centenário da Fundação/Restauração. O musicólogo Armando Leça gravou os seguintes temas do repertório do RTC: Ao som da guitarra, Estalado, Vá de roda, Vira de Coimbra, Sou marinheiro, Dá-me um beijo, Jovens sereias, Nó da gravatinha, Canavial das canas, Fado com Variações (na guitarra). Sabe-se que um dos tocadores presentes nestas gravações foi o violonista Zé Trego. Durante muitos anos pensou-se que as gravações de 1940 se tinham perdido, estando hoje confirmado que figuram no arquivo sonoro da RDP (Rádio Difusão Portuguesa).
-Armando de Carvalho Homem (Viseu, 1923; Porto, 1991), estabelece ligações ao universo musical conimbricense.
-Nasce a 7 de Dezembro, em Pinhel, Armando Carlos da Silva Marta.
-Nasce em Águeda Jorge Manuel Estima de Almeida Rino.

1941
-Em 1941, estando o cantor e guitarrista João Jardim já formado em Medicina, mas continuando Presidente da TAUC, cantou e tocou em saraus no Alentejo e Algarve.
-Num sarau da TAUC, realizado em Dezembro de 1941, actuaram Regala, Fernando Cabral e o violonista Joaquim Carvalhal. Joaquim Carvalhal nasceu em Esposende em 1915 e faleceu no Brasil em 9 de Novembro de 1995. Frequentou Direito até ao terceiro ano. Envolvido na campanha presidencial de Norton de Matos foi preso pela PIDE e acabou por se refugiar no Brasil.
-O guitarrista Fernando Cabral actuou nos saraus da TAUC em Trás-os-Montes, no mês de Fevereiro de 1942. Cantou nesta digressão o tenor António dos Santos Marques.
-Armando de Carvalho Homem, natural de Viseu, aluno de Ciências, inscreve-se no naipe de violas da TAUC. Habitou na República Baco. Foi um dos mais reputados guitarristas do seu tempo.
-António Pinho de Brojo, natural de Coimbra, estudante do Liceu, inicia-se na guitarra com José Maria Amaral.
-Ângelo de Araújo inicia a composição do tema Feiticeira (1941-1942). Popularizada por Manuel Julião, seria incorporada na banda sonora do filme Capas Negras (1947).
-O Século Ilustrado, nº 182, de 28 de Junho, publicou uma reportagem fotográfica sobre Coimbra e a vida estudantil em que serviu de figurante António Carvalhal.
-A 19 de Julho nasce em Coimbra Jorge Luís Costa Gomes.
-Nasce a 20 de Agosto, em Águeda António Bernardino Pires dos Santos (dito Berna, 1941-1996).
-Nasce em Coimbra António Duarte Ralha.
-Nasce em Guimarães Fernando de Sousa Gomes Alves.
-Manuel Simões Julião, natural da Pampilhosa do Botão, Mealhada, matricula-se em Histórico-Filosóficas.

1942
-Eduardo Manuel Tavares de Melo (dito Papízio), de Direito, natural de Vila Franca do Campo, Ilha de São Miguel, começa a tocar rabecão na TAUC. Terminaria o curso em 1951, tendo acompanhado em violão as mais importantes figuras dos anos quarenta e inícios de cinquenta. Eduardo Manuel Tavares de Melo nasceu em Vila Franca do Campo (Ilha de São Miguel), a 5 de Janeiro de 1924. Radicado na Ilha de São Miguel após a licenciatura (1951), exerceu advocacia nos anos iniciais. Dedicou-se ao notariado, no Nordeste, Povoação, Ribeira Grande e Ponta Delgada. Manteve no Correio dos Açores durante cerca de 40 anos uma rubrica intitulada Da minha capa e batina. Faleceu na cidade de Ponta Delgada, no dia 27 de Agosto de 1992.
-João Carlos Bagão Moisés (1921-1992), de Ciências, começa a tocar viola e guitarra na TAUC.
-Em 9 de Abril nasce no Porto Adriano Correia de Oliveira.
-Em Maio realizou-se um sarau de recolha de fundos para o Lactário. José Amaral acompanhou as vozes de Manuel Julião, Jorge Gouveia e Mário Rosa.
-A 6 de Junho nasce em Coimbra José Miguel Leitão Mira Baptista.
-A 29 de Agosto nasce em Perosinho, Vila Nova de Gaia, José Nuno Guimarães Guedes dos Santos (g).
-Florêncio Neto de Carvalho (Alpiarça, 14/01/1924; Porto, 26/01/1981) termina o Liceu de Santarém e matricula-se nos Preparatórios de Engenharia, permanecendo em Coimbra, numa 1ª fase, até 1948.
-Nasce em Coimbra Fernando Manuel Frias Gonçalves (g).
-Nasce em Santarém Jorge Caneva de Magalhães Moutinho.
-António José Roxo Leão fixa domicílio em Coimbra (Moçambique, 1926), cidade onde permanece até 1952.

1943
-A 16 de Fevereiro nasce em Coimbra José Manuel Martins dos Santos (dito O Chouriço). Faleceu em Coimbra a 25 de Julho de 1989.
-Carlos Diniz Figueiredo Júnior (dito Figueiralho), aluno de Direito, renova a inscrição no naipe de violas da TAUC, organismo onde colaborou entre 1939 e 1952. Nasceu em Nisa em 1924 e faleceu em Lisboa em 1999 (?).
-Manuel Duarte Branquinho estreia-se no naipe dos violinos da TAUC.
-O médico veterinário e estudioso da guitarra, Armando Simões, tocou guitarradas no sarau da Queima das Fitas. Cantaram neste sarau Manuel Julião, de Letras, e António Veiga (Nani).
-Ângelo de Araújo compõe Contos Velhinhos.
-Ângelo de Araújo compõe os primeiros rudimentos de Maria se Fores ao Baile (1943-1944), adaptando uma letra popular que ouvira trautear a uma criada doméstica.
-Manuel Branquinho (Condeixa, 25/03/1929; Braga, 1999) começa a aprender guitarra com Flávio Rodrigues, sendo estudante do Liceu de Coimbra.
-A 4 de Maio nasce em Coimbra Gabriel Nunes Ferreira (g).
-A 9 de Maio nasce no Porto José Horácio Gomes de Miranda (cantor).
-A 15 de Agosto nasce em Celorico de Basto Custódio de Araújo Cerqueira Moreirinhas.
-Nasce em Coimbra Manuel Gonçalves Borralho (g).
-Matricula-se na UC Napoleão Ferreira Amorim (cantor, Espinho, 30/03/1924).

1944
-João Seabra assina “Rouxinóis do Mondego”, in Revista Turismo, nº 56, Lisboa, Janeiro/Fevereiro de 1944. O artigo ilustrado sacraliza os cantores da década de vinte e faz silêncio sobre o presente.
-Nasce em Manteigas Ernesto Melo Lucas Coelho (g).
-João de Oliveira Anjo compõe Ó Madrugada Silente, sendo autor da letra e da música. Este tema seria retomado na década de 1970 pelo cantor José Miguel Baptista.
-João de Oliveira Anjo faz divulgar Morena dos Meus Abrolhos (letra e música: 1943), posteriormente gravada por Manuel Branquinho.
-João de Oliveira Anjo compõe Rosário.
-Manuel Julião, tenor solista do Orfeon, é o cantor de serviço mais requisitado nos meios académicos.
-José Amaral (dito Zézalho) compõe Variações em Lá Maior.
-Ângelo de Araújo compõe o tema Carta.
-Ângelo de Araújo compõe os primeiros rudimentos de Santa Clara (1944-1945).
-António Carvalhal, que tinha vindo a trabalhar na Biblioteca da Universidade e como docente do Colégio Alexandre Herculano, foi colocado no Liceu da Covilhã como docente.
-José Amaral formou grupo com António Sobral de Carvalho (2ª guitarra), Eduardo Tavares de Melo (violão), e Jorge Gouveia (cantor). Colaboraram com esta formação Manuel Julião, Camacho Vieira e Alexandre Herculano.
-São datáveis do período 1944/1948 as mais antigas composições do guitarrista Armando de Carvalho Homem, respectivamente Variações em Ré Menor, Variações em Lá Menor, Valsa em Lá Menor e Miscelânea em Lá (arranjo sobre temas de Artur Paredes e João Bagão).
-A 7 de Junho nasce em Seia Fernando Plácido Miranda Garcia.
-Em 18 de Agosto, Armando Simões profere uma palestra sobre a guitarra na Faculdade de Letras, em presença dos alunos e docentes do curso de férias. Usando de várias guitarras e afinações, Simões interpretou Marcha de Luís XIV (de Roberto de Viseo, em afinação natural); Mizerere (de O Trovador, de Verdi, em afinação natural); Prelúdio nº 20 (Chopin, em afinação natural); Serenata (Schubert, em afinação natural); variações sobre o fado de Lisboa (afinação de Lisboa); Variações sobre o Fado João de Deus (afinação em Mi Menor); Rapsódia de canções populares (afinação do fado); foxes e tangos.
-Francisco Serrano Baptista estabelece-se em Moçambique.

1945
-Em Abril, Napoleão Ferreira Amorim, tenor solista, canta na digressão do Orfeon à Galiza (Vigo, Compostela, Tuy).
-Ângelo de Araújo compõe Balada da Despedida do 5º Ano Médico de 1945, posteriormente integrada no filme Capas Negras.
-Em 22 de Maio o Orfeon festejou o seu 65º aniversário com um sarau de gala no Avenida. Artur Paredes, Carlos Paredes, Afonso de Sousa e Arménio Silva brindaram o público com um concerto notável. Paradela de Oliveira cantou acompanhado por João Bagão e Arménio Silva. José Roseiro Boavida e Armando Goes foram acompanhados por Afonso de Sousa e Arménio Silva. Houve também uma serenata na Sé Velha com Artur Paredes, Afonso de Sousa, Arménio Silva, Paradela de Oliveira e Armando Goes. A nova geração esteve presente na Sé Velha com João Bagão, Manuel Julião, Napoleão Amorim e António Veiga. A presença dos Paredes em Coimbra ficou registada em fotografia e marcou um momento importante, pois deu a conhecer aos guitarristas locais o novo tipo de guitarra de ilharga alta e escala alongada.
-António Pinho de Brojo termina os estudos secundários no Liceu D. João III. Ingressa na Escola de Farmácia da Universidade de Coimbra, onde permanece até 1948.
-Ângelo de Araújo compõe Suspiro que Nasce da Alma, com letra de Almeida Garrett, que viria a ser incorporado no filme Capas Negras.
-A 17 de Junho nasce em Barcelos Jorge Emiliano dos Santos Limpo Serra (g).
-Em Setembro, Napoleão Amorim volta a actuar, na Noite de Coimbra, organizada pelo Desportivo do Estoril. Foram instrumentistas João Bagão, José Amaral, Ribeiro Gomes e Aurélio dos Reis.
-João Bagão, em formação com Carvalho Homem e Fernando Cabral (gg), e com os violas Aurélio dos Reis e Ribeiro Gomes, acompanha as principais vozes académicas. Datam deste período (1944-1945) as suas composições Olheiras Negras (letra de António Veiga) e Variações em Lá Menor, a última logo vulgarizada com o título de “Lá Menor das feiras”.
-José Amaral compõe Variações em Lá Menor.
-Mário Castro termina o curso na Escola Agrária de Coimbra.
-João Bagão compra a sua primeira guitarra de novo modelo a Artur Paredes por 600$00.
-Manuel Branquinho dá “aulas de guitarra” na sua residência à Couraça dos Apostólos, a 25 centavos por minuto.
-O barbeiro Flávio Rodrigues da Silva (Coimbra, 29/10/1902; idem, 23/08/1950) continua a ser um mestre muito requisitado pelos aprendizes de guitarra. Toca frequentemente na sua barbearia, na Bufa Sapateira, no Avenida, no Grémio Literário, no Grupo Recreativo de Celas. Convertido ao método Paredes, dotado de excelente ouvido e de notável sentido de ritmo, faz furor com as suas Variações em Ré Menor I e II, Marcha da Rainha Santa (César Maggliano), Chula do Douro (adaptação de Antero da Veiga), O Beijo (Cipriano Pio), Não Ames (vulgo Valsa em Fá, de José Eliseu), Fado em Dó (Borges de Sousa), Valsa em Sol, Marcha Turca (Mozart), Marcha Militar (Schubert). É acompanhado frequentemente em violão pelo irmão Fernando Rodrigues (dito Engenheiro), e pelo barbeiro José Lopes da Fonseca (Zé Trego, 8/03/1883; 2/04/1976), ao que consta único no seu género, pois dialogava com a guitarra executando ponteados nas cordas do violão.
-Manuel Julião termina o curso de Histórico-Filosóficas.
-João de Oliveira Anjo, genro de José Eliseu, brinda a filha recém-nascida com uma serenata instrumental junto ao edifício da maternidade: João Anjo (saxofone), José Lopes da Fonseca/Filho (violão), António Moreira (g), Horácio Leitão (g). João Anjo interpretou, entre outras, A Lagoa Adormecida (Eric Coats), peça muito difundida à época.
-Alcides Santos (cantor), matricula-se em Ciências. Em 1948 transferiu-se para a Universidade do Porto.
-Augusto Camacho Vieira (Miranda do Corvo, 23/11/1924), após frequência do Liceu da Figueira da Foz, matricula-se em Medicina.
-A 4 de Novembro nasce na Covilhã João António de Lemos Brandão Farinha (cantor).
-Terminada a Segunda Guerra, e cumpridos quatro anos de serviço militar nos Açores, regressa a Coimbra Walter Figueiredo. Tenor, Figueiredo nasceu em Manaus, Brasil, filho dos emigrantes Manuel Figueiredo e de Violante Rodrigues, a 27 de Fevereiro de 1920. Veio para Coimbra em 1923 e fez o curso técnico-comercial, tendo ingressado como escriturário na Fábrica de Curtumes de Coimbra. Comunista de orientação estalinista e representante do PCP junto dos trabalhadores na Fábrica de Curtumes era conhecido pela sua integridade. A partir de 1945 cantou regularmente temas populares e de serenata, sendo responsável pela divulgação das composições de João de Oliveira Anjo. Pertenceu ao Grupo de Cordas do Ateneu de Coimbra, formação com intensa actividade cultural no após 1974, e cantou em espectáculos ao lado de António Ralha, Jorge Gomes e Jorge Cravo. Faleceu em Coimbra a 18 de Dezembro de 1990.

1946
-Em 25 de Janeiro faleceu em Lisboa o antigo estudante Afonso Lopes Vieira, autor de algumas quadras adoptadas pelos cantores de Coimbra. Nascera em Leiria, a 26 de Janeiro de 1870 e frequentara o curso de Direito entre 1894-1900.
-Em Março, Augusto Camacho Vieira faz a sua estreia pública num sarau realizado pela Casa dos Estudantes do Império.
-A 4 de Maio nasce em Moçambique José Manuel Ferraz de Oliveira (g).
-A 5 de Junho nasce em Coimbra Rui de Melo da Rocha Pato.
-A 9 de Junho actuam no Teatro Aliança, de Espinho, Napoleão Ferreira Amorim (cantor), Mário Monteiro (g) e Acácio Lelo (v).
-A 29 de Junho nasce em Alcantarilha, Silves, Pedro Manuel Natal da Luz.
-Em Outubro decorre a cerimónia de Imposição de Insígnias dos Grelados de Direito. Foi complementada com uma serenata na Sé Velha.
-A 15 de Outubro nasce em Coimbra Francisco José de Castro Filipe Martins (dito Xico Martins).
-A 23 de Novembro nasce no Congo Belga Rui Borralho.
-Em Dezembro, o Emissor Regional de Coimbra transmite a primeira serenata radiofónica, gravada ao vivo nas escadarias da Sé Velha. Assegurou a prestação o cantor Camacho Vieira.
-Em 16 de Dezembro falece em Coimbra o Doutor João Duarte de Oliveira (dito João Pópó), antigo guitarrista e Reitor da Universidade (1931-1939). Natural de Cebolais de Cima, Castelo Branco, nasceu a 6 de Fevereiro de 1875. Esteve matriculado em Filosofia (1895), Matemática (1896) e Medicina (1898). Foi presidente da AAC, tendo concluído o curso de Medicina em 30 de Julho de 1903.
-Ângelo de Araújo colabora na produção da banda sonora do filme Capas Negras.
-José Amaral compõe Variações em Ré Menor.
-Morre em Benguela (Angola) o médico Fausto de Almeida Frazão, antigo cantor activo na 2ª década do século XX, cujo nome ficou ligado ao tema Menina e Moça (1920). Nascera em São Pedro de Britelo, Cabeceiras de Basto, tendo frequentado Medicina entre 1914-1920. Exerceu funções político-administrativas ligadas ao Estado Novo, entre elas Presidente da Câmara de Benguela.
-Anarolino Pacheco Fernandes (Praia da Vitória, 1926), matricula-se em Ciências (1946-1950). Ingressa na prática do canto pela mão de Eduardo Tavares de Melo.
-Nasce em Aveiro António Manuel Andias de Paula.
-Custódio de Araújo Cerqueira Moreirinhas fixa domicílio em Coimbra.

1947
-Após um ano de trabalho em Peso da Régua (1946), Carvalho Homem regressa a Coimbra para fazer o estágio pedagógico no Liceu D. João III (1947/1948).
-Alfredo Caseiro da Rocha, oriundo de Moçambique, aluno de Ciências, inscreve-se no naipe de violas da TAUC.
-António de Almeida Santos, de Direito, inscreve-se no naipe de violas da TAUC.
-Em Janeiro, o Emissor Regional de Coimbra transmitiu uma serenata gravada na Sé Velha, em que actuaram José Amaral, Eduardo Tavares de Melo, Sobral de Carvalho, Jorge Gouveia, Dias Gomes e Nani. Cada grupo convidado recebia 500$00 por actuação.
-Em Abril o Orfeon deslocou-se a Salamanca e Madrid, acompanhado pelo grupo de guitarras de José Amaral/Carvalho Homem, Aurélio dos Reis/Tavares de Melo.
-“Amália, porque não cantas o fado de Coimbra?”, in Diário de Coimbra, de 20/04/1947.
-Em 16 de Maio a Tuna exibe-se na Marinha Grande, estando presentes Manuel Branquinho e Lameiras (gg), Carlos Figueiredo e Tito (vv), e o cantor Camacho Vieira.
-Em 19 de Maio estreia-e o filme Capas Negras, de Armando de Miranda, no cinema Tivoli. O filme originou tempestuoso coro de protestos contra o realizador, Amália Rodrigues e o actor-cantor Alberto Ribeiro. Celebrizou-se neste filme a canção de Ângelo de Araújo, Feiticeira.
-“Crónica de cinema. Capas Negras”, in Diário de Coimbra, de 21/05/1947.
-“A propósito do filme Capas Negras”, in Diário de Coimbra, de 22/05/1947.
-“A Associação Académica vai pedir ao Ministro da Educação Nacional para que o filme Capas Negras seja proibido de ser exibido no Brasil”, in Diário de Coimbra, de 23/05/1947.
-“A Real República Rás-Te-Parta e a fita Capas Negras do Sr. Armando Miranda”, in Diário de Coimbra, de 23/05/1947.
-“Foi proibida a exibição do filme Capas Negras”, in Diário de Coimbra, de 27/05/1947.
-“Arrufadas de Coimbra”, in Sempre Fixe, de 29/05/1947 (questão Capas Negras).
-“Cinema. O escândalo de Capas Negras”, in Via Latina, de 10/06/1947.
-“A Associação Académica pediu ao Sr. Ministro da Educação Nacional para proibir que o filme Capas Negras fosse exibido em Portugal e no estrangeiro”, in Via Latina, de 10/06/1947.
-“Arrufadas de Coimbra. O filme negro da Academia”, in Sempre Fixe, de 10/06/1947.
-As Edições Sassetti publicam a partitura de Feiticeira, com o duplo subtítulo de “fado de Coimbra” e “serenata”, ao custo de 10$00.
-Realizou-se em 23 de Junho o último arraial popular de São João (Fogueiras) na Alta, na confluência da Rua dos Estudos com o Largo da Feira.
-Em Julho, o Emissor Regional transmitiu uma serenata com José Amaral, Augusto Camacho, Ângelo de Araújo (v), Nani.
-Em Agosto iniciou-se a demolição do Arco do Castelo, sítio muito apreciado desde o século XIX pelos serenateiros da Alta.
-Em Setembro, não obstante o movimento de contestação, o gerente do cinema Tivoli voltou a projectar o filme Capas Negras.
-Alexandre Herculano Gomes dos Santos (Bragança, 7/10/1927) matricula-se em Direito. Passou a integrar o grupo de António Pinho de Brojo.
-Na serenata de Novembro, transmitida pelo Emissor Regional, intervieram José Amaral, Carvalho Homem, Eduardo Tavares de Melo, Augusto Camacho, Anarolino Fernandes e Aurélio dos Reis.
-Na serenata radiofónica de Outubro cantaram Florêncio Neto de Carvalho e Mário Mendes (Medicina).
-Em Outubro, os quartanistas de Direito fizeram a sua Imposição de Insígnias, complementada com uma serenata na Sé Velha.
-Na serenata de Dezembro, do Emissor Regional, estrearam-se Alexandre Herculano, Alcides Santos e António de Almeida Santos, com o grupo de José Amaral.
-A 8 de Dezembro foi oficialmente inaugurado o Bairro das Sete Fontes, em Celas, para onde o Estado transferiu compulsivamente dezenas de desalojados da velha Alta, entre eles a família Flávio Rodrigues. O projecto, iniciado em Outubro de 1946, era da autoria do arquitecto Cottinelli Telmo. Com uma área total de 21.306 metros quadrados e um orçamento de 3.000 contos, dispunha de 100 fogos com capacidade para 450 habitantes. Foram construídos 50 fogos do Tipo A e 50 fogos do Tipo B, importando as respectivas rendas em 70$00 e 90$00.
-A 17 de Dezembro nasce em Lisboa Manuel António Gouveia Ferreira.
-Ângelo de Araújo inicia a composição de Balada do Crepúsculo.
-Ãngelo de Araujo compõe Olho os Teus Olhos tão Lindos.
-Ângelo de Araújo compõe Meu Amor vê como a Lua, tema que fez época na voz de Prado e Castro.
-Ângelo de Araújo (dito Gibambo) conclui a formatura em Medicina.
-O estudante liceal António Portugal (dito Fífias) frequenta a casa de Flávio Rodrigues.
-António Brojo constitui grupo com Júlio Sequeira Mendes, o liceal Arnaldo Passos (g), Tavares de Melo e Aurélio dos Reis. Colaboram com esta formação os cantores Camacho Vieira, Anarolino Fernandes, Alcides Santos e Alexandre Herculano.

1948
-Na serenata radiofónica de Janeiro actuaram Camacho Vieira, Anarolino Fernandes, Pinho Brojo e Aurélio dos Reis.
-Em Janeiro a TAUC actuou na Figueira da Foz, no Parque-Cine, tendo cantado Manuel Branquinho.
-Em 16 de Fevereiro foi estreado no cinema Trindade, Lisboa, o filme de Perdigão Queiroga Fado. História de uma cantadeira. Já a residir em Lisboa, e ambicionando o papel de protagonista masculino, João Bagão movimentou-se junto do realizador. O papel seria entregue ao actor Virgílio Teixeira, facto que Bagão jamais perdoaria a Amália Rodrigues.
-Nasce em 1 de Março, em Oliveira de Frades, António José Rodrigues Rocha.
-Em 3 de Março o grupo de José Amaral actuou no Porto, na “Serenata de Coimbra”, na festa da Casa do Pessoal da Emissora Nacional.
-Em Maio, a Comissão Central da Queima das Fitas organizou uma serenata-espectáculo no Penedo da Saudade (cantou Anarolino Fernandes). Este número não constava do programa oficial impresso. Realizada a experiência, verificou-se que o Penedo da Saudade não reunia condições para um evento com a dimensão do pretendido. Daí, a comissão organizadora do ano seguinte ter optado pela Sé Velha.
-Em 12 de Julho Aurélio dos Reis termina o curso de Medicina (Pampilhosa da Serra, 18/03/1919) e parte para Macau onde presta serviço militar.
-Formatura de José Maria Amaral em Medicina.
-Bernardo Calheiros, de Ciências, discípulo de Flávio Rodrigues, inscreve-se no naipe de violas da Tuna. No Natal de 1948, Calheiros acompanhou a TAUC à Madeira como guitarrista.
-Augusto Camacho Vieira, de Medicina, inscreve-se no naipe de bandolas da TAUC.
-Anarolino Pacheco Fernandes, de Ciências, inscreve-se no naipe de violas da TAUC.
-As serenatas radiofónicas são asseguradas ao longo do ano por Manuel Branquinho, António de Almeida Santos, Eduardo Tavares de Melo, Carlos Louro (v).
-Em Julho realiza-se uma “serenata de fim do ano”, com Manuel Branquinho e António Brojo (gg), Aurélio dos Reis e Eduardo Tavares de Melo (vv), Higino Faria e Alcides Santos (cantores).
-António Pinho de Brojo matricula-se na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (1948-1950).

1949
-Em Janeiro Eduardo Tavares de Melo termina o serviço militar no Quartel de Chaves e regressa a Coimbra. Entre Janeiro e Agosto compõe Incerteza (Não sei quem sejas, qu’importa), crónica de uma paixão alimentada por uma dama da boa sociedade flaviense.
-Constitui-se no Liceu D. João III uma formação juvenil com José Afonso, Luís Goes, António Portugal, Manuel Mora e Costa Brás.
-Estreia da récita de despedida do 5º Ano Médico de 1948-1949, no Avenida, em seis de Abril. A peça (Clister do bom humor) incluía uma Balada de Despedida, com música de Manuel Raposo Marques e letra de Arquimedes da Silva Santos. A harmonização para piano é da autoria de João de Oliveira Anjo, músico que regeu a orquestra no Teatro Avenida. Foi solista convidado Luís Goes. Arquimedes Santos, antisalazarista, elemento da lista formada por Salgado Zenha em 1945, por diversas vezes preso pela PIDE, aludia no estribilho sibilinamente às demolições em curso na Alta. Foi uma das últimas baladas de despedida acompanhadas em palco por orquestra.
-“Porta Férrea”, in Via Latina, de 9/05/1949 (resíduos da questão Capas Negras).
-Em Maio realizou-se nas escadarias da Sé Velha a primeira “serenata monumental da Queimas das Fitas”.
-Em 28 de Maio realizou-se uma homenagem, na sede do Rancho das Tricanas de Coimbra, a Flávio Rodrigues. Colaboraram nesta homenagem o veterinário Armando Simões e Antero da Veiga.
-Em Junho de 1949 o actor-cantor Alberto Ribeiro foi apanhado por uma trupe que lhe aplicou a pena de rapanço de cabelo, em contestação à forma como vinha a cantar temas de Coimbra e a usar abusivamente capa de estudante em espectáculos.
-António José Roxo Leão, aluno de Ciências, residente na República dos Galifões, inscreve-se no naipe de violas da TAUC.
-Em Agosto o Orfeon deslocou-se em digressão a Angola e Moçambique durante três meses. Seguiram nesta digressão Higino Casquilho Faria, Manuel Duarte Branquinho, António Roxo Leão, Anarolino Pacheco Fernandes, Eduardo Tavares de Melo, Manuel Joaquim do Ó Gomes Pepe, José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos, Napoleão Ferreira Amorim, Carlos Figueiredo Júnior e António de Almeida Santos. O grupo oficial era formado por Manuel Branquinho/Almeida Santos, Tavares de Melo e Anarolino Fernandes. Radicado em Lourenço Marques desde 1944, Francisco Serrano Baptista acompanhou de perto a digressão, tendo composto Falas d’Amor (Não olhes para os meus olhos).
-Iniciou-se em Setembro a empreitada de demolição da sede da Associação Académica. Nos festejos de 25 de Novembro, os estudantes despediram-se da “sua Bastilha” com uma serenata realizada junto ao pórtico principal.
-Arnaldo Passos Júnior, aluno do Liceu, inscreve-se no naipe de violas da TAUC. Ficou conhecido como executante de 2ª guitarra de António Brojo.
-Alexandre Herculano Gomes dos Santos (dito Manassés), de Direito, inscreve-se no naipe de violas da Tuna.
-Manuel Gomes Pepe, de Medicina, natural de Beja, inscreve-se no naipe de violas da TAUC.
-José Afonso (dito Turgupês) matricula-se em Histórico-Filosóficas.
-Fernando José Monteiro Rolim, de Medicina, inscreve-se nos violinos da TAUC. Começa a cantar com regularidade no grupo liderado por Carlos Figueiredo. Militavam nesta formação José Afonso (2º tenor), Fernando Rolim (1º tenor), Mário Mendes (cantor), Arnaldo Passos (1º g), António Melo (2º g), Carlos Figueiredo (v) e Mário Castro (v).
-Data desta fase (1949/1950) a primeira composição de Carlos Figueiredo, O Sol anda lá no céu.
-Apesar de os cantores e instrumentistas de Coimbra não gravarem discos desde 1929, a década de 1940 alimentou dois programas radiofónicos de grande audiência: os concertos instrumentais do grupo Artur Paredes/Carlos Paredes/Arménio Silva, transmitidos em directo, mensalmente, todas as segundas feiras, pela Emissora Nacional; Serenata de Coimbra, também mensal, iniciada em finais de 1946 (com gravações ao vivo na Sé Velha, Campo de Santa Cruz, Jardim da Sereia, Patelas (Ladeira da Conchada), transmitida pelo Emissor Regional de Coimbra (em sintonia com a Emissora Nacional).
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(*)O Dr. António José Soares nasceu na Rua do Cotovelo, em Coimbra, no dia 12 de Julho de 1916. Ingressou na Faculdade de Direito no ano lectivo de 1933/1934. Terminou o bacharelato em 1939 e a licenciatura em 1946. Foi caricaturista, cartazista, cenarista, membro do TEUC e do Orfeon, chefe de redacção e administrador do Diário de Coimbra, jornalista da Gazeta de Coimbra e primeiro Director do Museu Académico (1950-1964). Republicano, refractário ao salazarismo, colaborou em acções de luta clandestina promovidas pelo Partido Comunista. É o mais importante cronista da Academia de Coimbra, tendo publicado diversos trabalhos em jornais, revista Rua Larga, Arquivo Coimbrão. Editou ainda Saudades de Coimbra (1985) e uma História do Teatro dos Estudantes (1960). Galardoado postumamente com a Medalha de Prata da Universidade de Coimbra, faleceu em Matosinhos em 28 de Março de 2002.

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