segunda-feira, abril 02, 2007


Paços da Universidade Coimbra
A caminho de património mundial

Um imponente programa de reforma do conjunto arquitectónico foi posto em marcha por D. Manuel I, a partir de 1507. Transferida de Lisboa em 1537, a Universidade adquiriu o edifício 60 anos depois, promovendo o contínuo embelezamento.

Situado em plena Alta de Coimbra, o conjunto arquitectónico que compõe os Paços da Universidade, com destaque para a "Cabra" (Torre da Universidade), é visível de quase todos os pontos da cidade. Os acessos são fáceis, apesar de íngremes, mas o estacionamento não goza da mesma facilidade, pois nas redondezas o trânsito é uma constante. Mas, ao passar a Porta Férrea, destinada a solenizar a entrada do recinto universitário, o visitante descobre um mundo fascinante em que se misturam a arquitectura, a arte, a cultura, a história e as tradições académicas. Tudo constituindo um património deveras invejável.
Aliás, a Universidade de Coimbra (UC) encontra-se neste momento a preparar a sua candidatura a Património Mundial da UNESCO. De acordo com fonte da Reitoria da UC, a candidatura tem por base "um património arquitectónico e artístico que percorre as próprias fundações da Civilização Ocidental, constituindo um testemunho de cerca de dois milénios de história e da passagem de vários povos pelo actual território continental de Portugal".
Os Paços da Universidade (ou Paço das Escolas) ocupam, desde Outubro de 1537, o edifício que foi, durante mais de quatro séculos, o Paço Real de Coimbra ou, simplesmente, o Paço Real da Alcáçova.
Destruída, no seu flanco sul, durante a reconquista definitiva da cidade, em 1064, pelo imperador Fernando Magno, a alcáçova seria restaurada, por volta de 1080, pelo alvazir Sesnando, primeiro governador cristão e responsável pelas primeiras edificações em pedra, que viriam a constituir o embrião do actual palácio.
Nesse paço se instalaria o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, a partir de 1130, nele vivendo igualmente os seus imediatos sucessores. Mas é D. Manuel I quem, em 1507 e segundo projecto de Boitaca, põe em marcha um imponente programa de reforma, concluído apenas em 1533, já no reinado de D. João III, sob as direcções sucessivas de Marcos Pires e Diogo de Castilho. Com ele se acrescentaria um piso à estrutura trecentista, emprestando-lhe, em boa parte, a configuração que hoje ostenta, em especial a ala norte, com a sua coroa de merlões, os coruchéus cintilantes e os telhados de forte inclinação. É nesse paço milenar, a mais antiga e uma das mais fascinantes residências régias europeias, que a Universidade se aloja em 1537, por cedência de D. João III, que a transferira de Lisboa, vindo a adquirir o edifício em 1597.
Desde então, e até aos finais do século XVIII, promoveu-se o seu contínuo embelezamento. Emblemática é a Torre da Universidade, edificada entre 1728 e 1733, e desenhada pelo arquitecto romano António Canevari. Elegante e raro exemplar de torre barroca de carácter civil, ostenta sobre as ventanas um elegante frontão quádruplo, alojando, além dos relógios, os sinos que regulam o funcionamento ritual da Universidade.
Uma biblioteca sumptuosa
Ex-líbris dos Paços da Universidade é a Biblioteca Joanina, edificada a partir de 1717 e concluída em 1728. Universalmente reconhecida como uma das mais sumptuosas bibliotecas barrocas europeias, seria concebida como um vasto paralelepípedo, a que se acede por um portal monumental, coroado com o escudo real do monarca promotor: D. João V. O interior subdivide-se em três salas comunicantes, conjunto formado pelo revestimento das estantes, tectos de pintura ilusionística e ricos pavimentos em calcário.


Biblioteca e Capelos são os mais visitados
No ano passado foram emitidos 170 mil bilhetes para visitas aos Paços de Universidade. A Biblioteca Joanina e a Sala dos Capelos são os mais visitados. Mas o Cárcere, aberto durante 2006, começa também a interessar bastante os visitantes. Entretanto, uma intervenção de restauro prevista para a Torre, a iniciar este ano, irá possibilitar o início das visitas a esta.

Cerimónias podem condicionar visitas
Há visitas todo os dias das 10 às 17 horas (Inverno) e das 9 às 19.30 horas (Verão). O bilhete geral custa seis euros. Mas as visitas poderão ser condicionadas por cerimónias académicas (ex: doutoramentos honoris causa).
[texto de Joaquim Almeida, extraído do Jornal de Notícias on line, http://jn.sapo.pt/2007/03/24/dossier/A_caminho_de_patrimonio_mundial.html. Este texto contém um erro nas linhas de abertura, sugerindo que a Torre da UC é a Cabra, confusão aliás muito popularizada junto dos guias turísticos.
Outros endereços correlacionados:
-http://jn.sapo.pt/2007/02/14/portfolio/As_sete_maravilhas_de_Portugal.html;
-"Torre da Universidade vai abrir...",
-"Sete Maravilhas. Wikipédia. Paços da Universidade"
-"EuSei.pt"
-"asbeirasonline"
AMNunes]

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