terça-feira, abril 03, 2007


Chapelaria académica
Duelo de estudantes da Universidade de Tubingen, segundo gravura de 1831. É bem visível o boné de pala rígida, em fase de implantação nas universidades germânicas, suiças e suecas. A esgrima e os duelos exerceram poderosa atracção sobre os estudantes universitários germânicos entre o Antigo Regime e a Segunda Guerra Mundial.
Se em Coimbra e Salamanca todo o orgulho do estudante se consubstanciava nos buraquinhos e rasgões dos mantéus, nas universidades germânicas era suprema honra travar duelos e trazer as faces cicatrizadas.
Em Coimbra, a prática da esgrima antecedeu a fundação do Clube Académico. A actividade atraía bastantes praticantes. Fizeram lenda os duelos travados em Lisboa por belicosos antigos estudantes de Coimbra, uma vez ingressados nas lides partidárias e parlamentares. Um desses duelos memoráveis foi travado entre Alexandre de Albuquerque e Afonso Costa. Outro, colocou frente a frente o impetuoso Antero de Quental e Ramalho Ortigão.
A 04 de Fevereiro de 1866, Antero travou um duelo com Ramalho, no Porto, no Jardim da Arca de Água. Por incrível que possa parecer, Antero deu uma estocada em Ramalho e foi considerado o vencedor da pugna. Quando lhe perguntaram como tinha conseguido vencer Ramalho, Antero respondeu humoristicamente que se havia treinado no quintal da casa de Coimbra com... talos de couve!
O Xandre (1875-1937) não teve a sorte de Antero. Albuquerque era membro do Partido Progressista e feroz adversário de Afonso Costa quando publicou em "O Liberal", de 31/05/1910, violentas acusações contra o deputado republicano. A questiúncula esteve na origem de um duelo travado em 06 de Junho de 1910. Xandre começou por ferir Afonso Costa no braço, mas o deputado republicano conseguiu ripostar e aplicou uma estocada no peito do Xandre, proeza que lhe valeu a vitória.
As estocadas a florete e bengalão prosseguiriam ao longo da Primeira República, conforme satirizou a actriz e fadista Maria Victória em 1913 no famoso "Fado do 31".
AMNunes

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