segunda-feira, novembro 12, 2007

O Rolim, visto por mim
Polybio Serra e Silva

O Rolim
É, exactamente, assim:
-Um bom companheiro
Que também é
Fernando José
Monteiro.
Nasceu na Lusa Atenas
Onde esteve apenas
Porém
Até partir para Santarém
Para fazer o Curso secundário.

É hereditário
O seu perfil de artista:
-Aos 8 anos já violinista
Com um gosto empírico
Pelo canto lírico.
Seu avô compositor
E sua mãe
Dada também
À Coimbrã Canção
Deram-lhe num instante
Um empurrão:
-Este amor
Pela Música, a sua primeira amante,
Pois mais tarde, a sua sina
Havia de dar-lhe outra: a Medicina.

Aos 14 anos, precoce
Mas também
Talvez por não ter tosse
Fazia em Santarém,
À luz da lua,
A sua primeira serenata na rua,
Continuando, com toda a gana
E alma de artista
No Grupo de Fados e como solista
Da Orquestra típica Escalabitana.

Em Coimbra, em 50,
Já frequenta
A Faculdade de Medicina
Onde atina
Pois, sempre aprovado,
Em 58, está licenciado

Como estudante,
Garante
Que, só em Portugal,
Mais de 365 palcos pisou
Onde cantou
Sempre bem pois, afinal,
Só duas vezes se enganou.

Tal como Goes e mais uns tantos,
No quarto do Almeida Santos
Fez o exame de voz,
Acabando por se estrear
A cantar
No Casino da Figueira da Foz.

Cármen Sevilha recebeu
Uma linda mulher a quem ofereceu
Um pedaço da sua capa.
Tem disso uma fotografia
Tirada à luz do dia…
Se mais alguma coisa fez, foi à socapa!

Em 49, na Tuna Académica,
Surge uma polémica:
-De violino amador
Passa a cantor
O que o desconsola
Mas só quem tem unhas é que toca viola…

Na Tuna, no Coral
Da Faculdade de Letras
E no Orfeon, nos primeiros tenores
Foi tal
O tamanho das ofertas
Que correu o Mundo e arredores.

Como uma quimera
Fez esta coisa rara
Pois se mais mundo houvera
Lá chegara:

-Em 54, no Brasil,
Com o Orfeon,
Sem sair do tom
Teve actuações mais de mil
De elevado cariz
Já se vê
Não só em todo o país
Como na TV.

Em 57
Lá fez o frete
De, com o Coral,
Representar Portugal

E, em Londres, já se vê,
Com muita emoção,
Ser solista na BBC,
Rádio e Televisão.

No mesmo ano,
Todo ufano,
Representando Portugal
Quis o fatal
Destino
Levá-lo a Biarritz,
Ao Casino.

Em Paris, em 1960,
Novamente representa
Portugal
Na tal
“Grande Gala,”
Numa sala
Onde lhe é atribuído
Com lhaneza
O merecido
Galardão
De Honorário cidadão
Da Prefeitura Francesa.
Foi tão aplaudido pela malta
Que 3 vezes teve que voltar à ribalta
E não cometeu nenhuma gafe
Ao dar um autógrafo a Édith Piaf.

Também em 60 se integrou
E cantou
Numa fenomenal
Embaixada cultural
Às Índias distantes
Com a Associação dos Antigos Estudantes.

Em 64, faz uma discográfica gravação
Com António Brojo e João Bagão,

É “Voz “de Coimbra
Que timbra
Na Serenata mensal
Da Emissora Regional,
E tem variadíssimas intervenções,
Para além da RTP
Em televisões
Internacionais
Tais
Como Globo, no Rio
E, depois, o desafio
Na Suiça e BBC
E também na TVE.

Importa também dizer
Para não esquecer
A sua participação
Na primeira Serenata da televisão
Em 57, ao luar,
Nos Estúdios do Lumiar,
Com realização
De Ruy Ferrão.

Em 64 fez, como uma romagem,
A serenata de homenagem
A Augusto Hilário
No centenário
Do seu nascimento…
No Pátio das Escolas, tal Evento
Foi mesmo um grande momento!

Em 78 participou
E cantou
Na Serenata da Sé Velha
Que espelha
A intenção
Da reabilitação
Da nossa Canção
No post 25 de Abril.
Mais de mil
Momentos de emoção
Nesta Serenata combinada
E, em 77, preparada
Numa cave dum prédio em Lisboa…
Mas saiu coisa boa!

Na década de 80 é de realçar
Que continua a cultivar
E representar
Com muita devoção
A nossa Canção.
Na RTP
Em” Cantos e Contos”
Marca uns pontos
Com a apresentação
De Sansão.

Em 83 volta a gravar
“Tempos de Coimbra”, para recordar.

Em 85.
Com afinco,
Para a UNICEF gravou
E interpretou
Com perfeição
De Ângelo Araújo, a composição
Com B e C maiúsculo:
“Balada do Crepúsculo”.

Na década de 90, porém
Para além da participação
Na Serenata anual de Santarém
Teve outro tipo de actuação:
-Num instante
Se tornou palestrante
Sobre Coimbra e a sua Canção
E membro participante
Dos primeiros seminários do Fado
Movimento nado
Em Coimbra, em 78,
Uma histórica iniciativa
Que cultiva
O afoito
Intuito de reeducar
Os então estudantes
Para os tornar amantes
Da nossa Canção.

Em 2001 volta a gravar
Uma colectânea, para homenagear
Dois verdadeiros
Amigos e companheiros
Brojo e Portugal,

Gravando a tal
“Feiticeira”
Que foi a primeira
Pois em 2004 é novamente solicitado
Por um grupo liderado
Por Paulo Soares,
Dando ares
De Homem do Fado
Ao ser, por João Braga, entrevistado
Em entrevista onde foram referidos
E debatidos
Episódios da sua carreira
E com Amália se juntou
E cantou
A”Feiticeira”.

Mas a motivação
Para a actuação
Não pára e, actualmente,
Continua espartilhado
Ligado
Directa ou indirectamente
Por opção
A Coimbra e à sua Canção.

Recorda com saudade,
Fruto da idade,
Primeiro
Júlio Ribeiro
E depois, com grande carinho,
Jorge Godinho
Pinho Brojo e Portugal,
O sempre actual
Ancião
Aurélio Reis
Que, como sabeis,
Continua um “ás” no violão,
Mário Castro
E João Bagão,
Pois foi com eles, afinal,
Que conseguiu o pedestal
Em que assentou
A homenagem que Coimbra lhe prestou
O ano passado
Em que foi galardoado
Com a Medalha de Mérito Cultural
Estando presente
O Presidente
Da Câmara Municipal.

Neste momento,
Um novo lançamento
Diz bem, com que mestria,
Volta a fazer discografia,
Mostrando
Que o Fado, cantando,
Continuará espalhando
Por toda a parte
Porque o vão ajudando
O engenho e a arte.

E foi assim que surgiu
“Regresso de quem nunca partiu
Coimbra e as suas canções”
Mostrando
Que o corpo saiu
Mas ficando
Bem juntos os corações.
Terminaria
Com o seu retrato em Alquimia:
-Num cadinho
Devagarinho
Sem agitar
Para não turvar
Deite uma quantidade generosa
Duma harmoniosa
E maravilhosa
Voz de tenor
E uma grande porção
De amor
Pelo fado Coimbrão.
Junte muita amizade,
Um tudo-nada de presunção,
Uma saudável
E justificável
Grande quantidade
De vaidade,
Quantidade igual
De bom Mensageiro
De Portugal,
No Mundo inteiro,
Adicione um grande quinhão
De divulgação
Da nossa Canção
E quanto baste de idolatria
Pela Pediatria.
Então,
Com o pilão
E uns pós de perlimpimpim
Envolva tudo muito bem
E tem
O ROLIM.


Em Coimbra, em 2007
No lançamento do CD
Regresso de quem nunca partiu

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