"Fados de Coimbra - Grupo Académico Serenata". Esta é a capa de um disco de vinil (LP), saído já em 1986, com a etiqueta Orfeu, Movieplay Portuguesa. Grupo do Porto, constituído por Cunha Pereira e Jorge Carvalho (pela mesma ordem na foto) à guitarra, Carlos Teixeira (ausente na foto) e Arnaldo Brito à viola e a cantar, Pais da Rocha, Victor Silva (o segundo, à esquerda), Luís Paupério e Carlos Teixeira. Este último canta o tema "Fases da Lua", de António Menano, além de acompanhar o grupo à viola. Já o apresentei neste Blog em duas fotos, de duas sessões de fado em que também colaborei. Em viola é um expert e a cantar, se não estiver constipado como da última vez, é muito agradável de ouvir. Uma notável referência deste disco é o guitarrista Cunha Pereira (aqui com barba). Com uma dedilhação a raiar o virtuosismo, abalançou-se a executar duas peças bem difíceis de obter êxito, pelo simples facto de há alguns anos já terem sido gravadas primorosamente em disco. Uma é o Mi menor de Jorge Tuna, bem difícil de executar e gravada já, divinamente (em disco só conheço esta versão além da do autor; Paulo Soares executou-a muitíssimo bem, em Lisboa, há poucos anos, numa sessão em que também colaborei, juntamente com Armando Luís de Carvalho Homem). A outra, é o Ré menor de Armando Carvalho Homem, gravada por António Brojo, ainda em 78 rotações, com uma execução excepcional (foi uma das que fizeram com que me apaixonasse, cada vez mais, pela guitarra de Coimbra). Pois Cunha Pereira não saíu diminuído deste "combate". Há também uma introdução a que quero fazer referência. É para a peça inédita, "Balada da Tristeza". De muito bom efeito, moderna, bastante original. Os outros cantores têm boas vozes, uma delas bem conhecida, Victor Silva, já com um grande curriculum ( gravou com Paulo Soares, trabalho que a seu tempo aqui será referido). Vou transcrever o que está escrito na capa do disco, da autoria de Flávio Serzedello: "Neste ano em que a Universidade Portuense comemora as suas "Bodas de Diamante", quis um grupo de antigos Universitários - a que se juntou um jovem académico - prestar singela mas bem significativa homenagem à Escola que o Presidente António José de Almeida fundou em 1911. Porque a tradição académica não constitui exclusivo de uma região, nem de qualquer das Universidades Portuguesas, este disco é a afirmação disso mesmo: a tradição académica reside onde quer que esvoace uma capa, trine uma guitarra e palpite um coração de estudante. "Mocidade, mocidade / Tão grata ao meu coração / Dela só resta a saudade / Nas asas de uma canção". E assim nasceu este disco, em que a harmonia é uma constante, desde os trinados argênteos das guitarras de Cunha Pereira e Jorge Carvalho, às vozes bem frescas de Carlos Teixeira, Pais da Rocha e Victor Silva, passando pelos bordões graves das violas de Carlos Teixeira e Arnaldo Brito. Saudades da mocidade, saudades do Orfeão ... Saudades do tempo em que ainda nem sabiam o que era a saudade! Mas a tradição académica não morre nunca! Ela revive sempre, como a Phoenix renascendo das próprias cinzas, na simbiose maravilhosa do virtuosismo artístico e da juventude perene que, a despeito do contínuo e inexorável dobrar dos anos, também se recusa a morrer".
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