A guitarra ao alcance de todas as unhas
Por Luís Alcoforado *
“Estou sempre disponível para aprender, mas nem sempre gosto que me ensinem”.
Esta frase, atribuída a W. Churchill, sintetiza com rara felicidade e brilhantismo, algumas das conclusões que a comunidade científica ligada à educação tem aceite quando se caracterizam os estilos de aprendizagem de adultos e jovens adultos. Desta frase, e também dos princípios que percorrem transversalmente as mais recentes teorias sobre as aprendizagens humanas, ficam-nos duas ideias centrais, que me permito aqui enunciar: existe na natureza humana uma necessidade de actualização permanente, que se manifesta na disponibilidade e motivação para aprender ao longo de toda a vida, assim como existe uma capacidade e tendência natural para os indivíduos poderem dirigir as suas aquisições de conhecimentos e competências.
No entanto, não devemos confundir esta capacidade de dirigir os próprios percursos de aprendizagem, com situações de auto-didactismo, onde se aprende casualmente, de forma não estruturada e sem mestre. Significará muito mais, ter motivação para dirigir conscientemente os próprios interesses, através de caminhos orientados para objectivos realistas e previamente definidos, assim como significará, também, saber escolher um quadro teórico de referência que sirva coerentemente esses objectivos e poder recorrer a ajudas facilitadoras dessas aquisições.
Vem tudo isto a propósito deste Método de Guitarra Portuguesa. Durante o longo tempo que tenho dedicado à Canção de Coimbra, muitas pessoas se me têm dirigido, manifestando um profundo lamento por não terem condições de aprender guitarra, nomeadamente porque, não podendo frequentar aulas de uma forma assídua, também não dispõem de suportes didácticos que lhes orientem a aprendizagem. Ora este método vem exactamente constituir-se como um primeiro contributo para um quadro teórico de referência, facilitador da aprendizagem da guitarra. Com uma organização didáctica e pedagógica suficientemente cuidada, este método vai concerteza aproveitar muitos desses interesses, dando-lhes a consistência e a direcção necessárias.
Convém também referir que a Guitarra Portuguesa, mormente a sua versão coimbrã, necessitava e reclamava trabalhos tendentes a colocá-la ao alcance de todas as unhas. Por mérito próprio, a que não será estranha a sua adequação particular à música que se tem feito em Portugal, a nossa guitarra transformou-se numa referência cultural absolutamente incontornável. Ora, defender o nosso património cultural implica que criemos condições para que um maior número de pessoas se identifique com ele, transformando-o em manifestações vivas e mutáveis. Poderemos levá-lo assim, através do estudo e do desenvolvimento técnico e artístico, a um estatuto de reconhecimento mundial ainda maior e de interesse ainda mais generalizado.
Por fim, é minha convicção que neste momento, este trabalho só podia ser empreendido pelo Jójó, executante ao nível do melhor que Coimbra já conheceu, testemunho que posso basear no reconhecimento centenas de vezes multiplicado ao longo do caminho que juntos já percorremos. Ele alia igualmente a essa condição uma sólida formação e profundos conhecimentos a nível musical, e características pessoais como pedagogo e mestre da guitarra. A confluência destas competências num guitarrista de Coimbra não é de todo vulgar, pelo que me regozijo de não se ter perdido mais esta oportunidade.
Em resumo, está de parabéns a grande família da Canção de Coimbra e, como membro desta família, o meu obrigado ao autor pelo trabalho que põe à nossa disposição.
* Licenciado em Ciências da Educação pela Universidade de Coimbra. Cantor de Fado de Coimbra.
Por Luís Alcoforado *
“Estou sempre disponível para aprender, mas nem sempre gosto que me ensinem”.
Esta frase, atribuída a W. Churchill, sintetiza com rara felicidade e brilhantismo, algumas das conclusões que a comunidade científica ligada à educação tem aceite quando se caracterizam os estilos de aprendizagem de adultos e jovens adultos. Desta frase, e também dos princípios que percorrem transversalmente as mais recentes teorias sobre as aprendizagens humanas, ficam-nos duas ideias centrais, que me permito aqui enunciar: existe na natureza humana uma necessidade de actualização permanente, que se manifesta na disponibilidade e motivação para aprender ao longo de toda a vida, assim como existe uma capacidade e tendência natural para os indivíduos poderem dirigir as suas aquisições de conhecimentos e competências.
No entanto, não devemos confundir esta capacidade de dirigir os próprios percursos de aprendizagem, com situações de auto-didactismo, onde se aprende casualmente, de forma não estruturada e sem mestre. Significará muito mais, ter motivação para dirigir conscientemente os próprios interesses, através de caminhos orientados para objectivos realistas e previamente definidos, assim como significará, também, saber escolher um quadro teórico de referência que sirva coerentemente esses objectivos e poder recorrer a ajudas facilitadoras dessas aquisições.
Vem tudo isto a propósito deste Método de Guitarra Portuguesa. Durante o longo tempo que tenho dedicado à Canção de Coimbra, muitas pessoas se me têm dirigido, manifestando um profundo lamento por não terem condições de aprender guitarra, nomeadamente porque, não podendo frequentar aulas de uma forma assídua, também não dispõem de suportes didácticos que lhes orientem a aprendizagem. Ora este método vem exactamente constituir-se como um primeiro contributo para um quadro teórico de referência, facilitador da aprendizagem da guitarra. Com uma organização didáctica e pedagógica suficientemente cuidada, este método vai concerteza aproveitar muitos desses interesses, dando-lhes a consistência e a direcção necessárias.
Convém também referir que a Guitarra Portuguesa, mormente a sua versão coimbrã, necessitava e reclamava trabalhos tendentes a colocá-la ao alcance de todas as unhas. Por mérito próprio, a que não será estranha a sua adequação particular à música que se tem feito em Portugal, a nossa guitarra transformou-se numa referência cultural absolutamente incontornável. Ora, defender o nosso património cultural implica que criemos condições para que um maior número de pessoas se identifique com ele, transformando-o em manifestações vivas e mutáveis. Poderemos levá-lo assim, através do estudo e do desenvolvimento técnico e artístico, a um estatuto de reconhecimento mundial ainda maior e de interesse ainda mais generalizado.
Por fim, é minha convicção que neste momento, este trabalho só podia ser empreendido pelo Jójó, executante ao nível do melhor que Coimbra já conheceu, testemunho que posso basear no reconhecimento centenas de vezes multiplicado ao longo do caminho que juntos já percorremos. Ele alia igualmente a essa condição uma sólida formação e profundos conhecimentos a nível musical, e características pessoais como pedagogo e mestre da guitarra. A confluência destas competências num guitarrista de Coimbra não é de todo vulgar, pelo que me regozijo de não se ter perdido mais esta oportunidade.
Em resumo, está de parabéns a grande família da Canção de Coimbra e, como membro desta família, o meu obrigado ao autor pelo trabalho que põe à nossa disposição.
* Licenciado em Ciências da Educação pela Universidade de Coimbra. Cantor de Fado de Coimbra.
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