quarta-feira, junho 29, 2005


4ª conferência de Jorge Cravo na Livraria Minerva.
Foto de Jorge Cravo no uso da palavra.
Esta conferência sobre os anos 80 da Canção Coimbrã teve o mesmo êxito que as anteriores. Foi bastante enriquecedora. Deu uma visão bastante fiel do que se passou depois do luto académico de 1969 - com a abolição da praxe, da Queima das Fitas e da própria Canção Coimbrã - até princípios dos anos noventa.
Fez referência a Jorge Gomes que, a partir de 1972 se abalançou a ensinar guitarra, de começo nas Piscinas Municipais, seguindo-se depois o ACM a convite de Carlos Dias. Soube-se que em 1973 roubaram todos os instrumentos da escola, restando apenas a guitarra do Mestre.
Em Maio de 1978 é organizado o 1º Seminário com o título “Passado e futuro da Canção de Coimbra”, com uma Serenata na Sé Velha, com contestatários a lançar pedras e a cantarem Grândola Vila Morena, para boicotarem a serenata. Mas esta prosseguiu, o povo estava a gostar e, no final, cantou-se a balada da despedida de 1958, de Machado Soares, “Coimbra tem mais encanto na hora da despedida”.
Falou-se da criação da Escola do Chiado em 1980, a convite de Rodrigues Costa, na altura fazendo parte do elenco camarário. Começou com Jorge Gomes e Fernando Monteiro e esteve a funcionar durante doze anos. Formaram-se nesta escola jovens como Henrique Ferrão, Jorge Cravo, Ricardo Dias, António José Moreira, entre outros.
Referiu dois discos que José Mesquita gravou em 1979, “Canções de Coimbra” e “Fados e Baladas de Coimbra”.
Ouviu-se cantar Carlos Caiado (uma surpresa para mim, pois só lhe conhecia a faceta de acompanhador à viola) “Adeus Minho encantador” e Vitor Baltazar (outra surpresa, pois, pertencendo ao Coro dos Antigos Orfeonistas, nunca me tinha apercebido desse seu talento) “Vira de Coimbra”. Foram gravações da Serenata realizada em 1979 durante uma Semana Académica. Esta serviu de preparação para, no ano seguinte, em 1980, se voltar a ter a festa da Queima das Fitas. Esta teve um grande êxito , especialmente o Cortejo que reuniu, segundo o Diário de Coimbra, mais de duzentas mil pessoas, com imensos antigos estudantes que não tiveram Queima durante a sua estada em Coimbra. Na Serenata desta festa actuaram o grupo de João Moura, com Luís Cartario a ser o primeiro a cantar depois do longo interregno, Vitor Baltazar e José Neves em dois temas inéditos e o de João Bagão, com os cantores Sutil Roque, Augusto Camacho e Luiz Goes. Paralelamente à Queima das Fitas realizou-se o 3º Seminário.
Foi focado o facto de, a partir de 1988 se ter deixado de terminar as serenatas com a balada da despedida “Coimbra tem mais encanto”. De então para diante, todos os anos é cantada uma Balada de Despedida inédita.
A década de 80 foi de grande criação já que mais de metade dos temas gravados são originais.
Foram referidos os textos de José Manuel Beato e de António M. Nunes do livro “Canção de Coimbra – Testemunhos vivos”. Durante esta exposição ouviram-se Rui Lucas no tema “Alta noite na Sé Velha”, Vitor Silva em “Canto a Coimbra”, Luís Alcoforado em “Menino d’oiro” e “Coimbra adeus e noite”, Jorge Cravo em “Elegia para um Choupal” e “Condição”, inspirado na vida de um mendigo tocador de Banjo, António Nogueira em “Pomba branca”, tema baseado na sempre ameaça de guerra a pairar no ar, e “Balada ao pescador”, ouvindo-se um pedaço de prosa gravado pelo próprio António Nogueira. E para mostrar como foi cantado o amor, ouviu-se o “Fado do amor” de Carlos Caiado na voz de Vitor Silva e “Formas” na voz de Jorge Cravo.
A terminar Jorge Cravo fez referência à pouca aceitação nos órgãos de comunicação social dada à Canção de Coimbra nesta década, nomeadamente a televisão, excepção feita à RDP de Coimbra que, com o entusiasmo de Sansão Coelho, nunca virou a cara à luta. A população de Coimbra também esteve sempre presente em todas as manifestações académicas desta época.
Jorge Cravo fez referência a muitos nomes desta década que aqui não refiro pois era impossível apanhar todos, tantos eles eram.
Resta-me agradecer a Jorge Cravo mais esta magnífica lição de História da Canção Coimbrã. Ficamos todos à espera que o próprio Jorge Cravo ou outros nomes da nossa “Galáxia Coimbrã” se abalancem a continuar o que ainda está por dizer. Posted by Hello

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