domingo, novembro 13, 2005

FADO DA VIDA

Música: Armando do Carmo Goes (1906-1967)
Letra: autor desconhecido
Incipit: A vida é como o vento
Origem: Coimbra
Data: ca. 1926-1928

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A vida é como o vento,
Toma todas as feições,
Ora parte em sofrimento,
Ora traz desilusões.

A vida é longa resenha
De riso, de pranto e dor;
É pra que a morte não venha
Revelar-se um mal maior.

Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Esquema do acompanhamento:
1º dístico: mi maior, 2ª mi /// 2ª mi, mi maior
2º dístico: lá maior, mi maior /// 2ª mi, mi maior

Informação complementar:
Canção musical estrófica em compasso quaternário (4/4) e tom de Mi Maior, de singela estrutura silábico-classizante. A proposta de acompanhamento formulada pelo solista Albano de Noronha é algo elementar, sendo muito notório o efeito auditivo das pontes de ligação entre acordes da tónica e da dominante (tipo Fá/Sol/Lá/Si7). Este espécime foi gravado em Lisboa, no dia 19 de Outubro de 1928 por Armando Goes, com acompanhamento de Guitarra de Coimbra de 17 trastos por Albano Félix de Noronha e Afonso de Sousa: disco de 78 rpm His Master’s Voice, EQ.170, master 7-62223. No disco vem a indicação de ser música de Armando Goes. A etiqueta é inteiramente omissa quanto à autoria da letra, não nos repugnando aceitar que possa ser da lavra do próprio Armando Goes. Embora não fosse letrista, Armando Goes chegou a escrever alguns textos, a exemplo da composição por ele mesmo gravada, com o título simples de “FADO” (“Eu tenho tanto cuidado”, Polydor P 42138, de 1929), cuja música é a de “INQUIETAÇÃO”, e do belíssimo embalo dedicado a seu sobrinho Luiz Goes, “CANÇÃO DA INFÂNCIA” (O menino está deitado). No entanto, na falta de elementos consistentes, optámos por não fazer a atribuição a Armando Goes.
Esta composição caiu no esquecimento, não se lhe conhecendo qualquer regravação posterior à primeira, que nos serviu de suporte documental. Não deve ser confundida com uma canção da década de 1960, também intitulada “Fado da Vida”, da autoria de Nuno Guimarães, magnificamente vocalizada por José Manuel dos Santos (“Nossa Senhora, dai-me um dia para amar”, EP “Serenata de Coimbra”, Porto, Ofir, AM 4.039, de 1967), nem com uma variante do “Fado Rezende” (Ao morrer os olhos dizem), cujo título foi adulterado e gravado por José Paradela de Oliveira com a despropositada designação de “Fado da Vida” (78 rpm His Master’s Voice, EQ 85, Lisboa, Maio de 1927).
Transcrição musical: Octávio Sérgio (2005)
Pesquisa e texto: José Anjos de Carvalho e António M. Nunes
Agradecimentos: Engenheiro Manuel Mora, José Moças (Tradisom)

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