sexta-feira, abril 14, 2006


Gaiteiro Flamínio de Almeida, Casal da Misarela (Coimbra)Posted by Picasa
"Gaita-de-Fole em Portugal
Principais tipos, contextos sociais e distribuição geográfica aproximada
Litoral Centro
Algumas gaitas da zona de Coimbra (das aldeias em redor), exibem formatos e torneados peculiares e características únicas, marcadamente coimbrãs, no formato dos instrumentos e nos intervalos entre tons; possuem algo parecido com uma escala quase diatónica, com algumas disparidades regionais e os temas tocados revelam um repertório característico da região. É comum encontrar em documentos iconográficos (fotografias e ilustrações) do princípio do século XX, numerosas referências a gaiteiros de Coimbra, com exemplares muito interessantes e ainda hoje se podem encontrar alguns tocadores da região que continuam a tocá-los com grande vitalidade. Investigações recentes levadas a cabo pela Associação Gaita de Foles vieram revelar instrumentos de grande antiguidade muito bem preservados, o que confirma também as observações que fez a este respeito o etnógrafo Ernesto Veiga de Oliveira, no livro "Instrumentos Musicais Populares Portugueses", sobre a presença de artesãos e músicos locais de gaita-de-fole em Coimbra, já na década de 60."
A fotografia e o texto entre aspas foram extraídos, após autorização, do site da Associação Gaita-de-Foles: «http://www.gaitadefoles.net/», na parte relativa à Região de Coimbra, na sequência de intercâmbio havido com o Eng. Henrique Oliveira. Este estudioso tem-se dedicado a assinalar tocadores e instrumentos na Beira Litoral, com meritória acção no campo das recolhas apoiadas em registos sonoros.
As folias de gaiteiros devem ser estudadas como património cultural digno de salvaguarda, parte integrante que são da Música Tradicional de Coimbra. Estudiosos da cultura local como Rocha Brito, José Pinto Loureiro e Branquinho de Carvalho deixaram notícia da actividade dos gaiteiros na cidade de Coimbra pelo menos desde o século XVI. José Branquinho de Carvalho, in "Coimbra Quinhentista", Coimbra, 1948, págs. 15-16, e José Pinto Loureiro, in "Coimbra no passado", Volume II, Coimbra, 1964, p. 186 e 207-213, assinalam no "Regimento da Procissão do Corpo de Deus de 10 de Junho de 1517" as seguintes ocorrências que se prolongaram até século XIX:
-em 5º lugar a partir da cabeça da procissão a FOLIA DE FORA da cidade, com gaita, tambor e tamboril;
-em 8º o grupo das Regateiras, Peixeiras e Fruteiras, cada ofício com gaita e tamboril, devendo sair na véspera da festa e desfilar na procissão;
-o grupo dos Oleiros e sua dança das espadas, gaita de foles e um tamboril;
-os Alfaiates e as Costureiras (alfaiatas) com gaita e tamboril;
-a FOLIA DA CIDADE, ou da Câmara Municipal, com gaiteiro, tambor (Zé Pereira) e tamboril (caixa) junto à estátua de S. Cristóvão dos homens do rio;
-os Sapateiros dançando a "mourisca", com gaita e tamboril;
-grupo dos Tecelões e Tecedeiras, com gaita de foles e tambor.
Gaiteiros houve-os em abundância nas franjas da cidade e nas aldeias do Concelho de Coimbra. Ribeira de Frades, junto ao Taveiro, era considerada a "terra dos gaiteiros". No Tovim de Cima, intra-cidade, há memória de uma dinastia de gaiteiros.
Agradecimentos: Eng. Henrique Oliveira, Carlos Alberto Dias
AMNunes

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