ANTÓNIO MENANO
(Fornos de Algodres, 05/05/1895; Lisboa, 11/09/1969)
II - REPORTÓRIO MUSICAL IMPRESSO
Por José Anjos de Carvalho e António Manuel Nunes
(Fornos de Algodres, 05/05/1895; Lisboa, 11/09/1969)
II - REPORTÓRIO MUSICAL IMPRESSO
Por José Anjos de Carvalho e António Manuel Nunes
A relação que aqui se apresenta não coincide com o inventário dos registos fonográficos protagonizados por António Menano, dado que o cantor e compositor amador não gravou em disco a totalidade das peças de música impressa da sua colecção.
E mesmo nos casos em que procedeu ao registo discográfico de peças cantáveis, de que tinha exemplares musicais impressos, António Menano não seguiu fielmente nos discos as letras das partituras. Situações detectamos em que a letra da partitura impressa é uma, e o texto cantado numa primeira versão fonográfico é outro, podendo ainda diferir em caso de segunda gravação.
Tudo leva a crer que António Menano concretizou as sessões fonográficas de Paris, Lisboa, Berlim e Madrid sem que tenha levado para os estúdios Odeon partituras impressas ou letras escritas em folhas manuscritas ou dactilografadas que lhe pudessem servir de auxiliares de memória. Este lapso explica a frequente repetição de quadras soltas de melodia para melodia nos discos gravados pelo cantor ao longo das várias intervenções de estúdio (algumas das quais tendem a repetir-se nos discos de outros cantores activos no mesmo ciclo estético).
Para quem está menos familiarizado com as marcas discursivas predominantes na época, a atitude de António Menano poderá ser erradamente lida como um “desleixo”. Acontece, no entanto, que o principal instrumento de transmissão da memória musical era a aprendizagem de outiva, cantor a cantor, instrumentista a instrumentista, o que conferia aos temas da Galáxia Sonora Coimbrã marcas de vincada oralidade. Numa composição vocal, o que efectivamente importava era a linha melódica, podendo o título, a(s) autoria(s) e a letra sofrer flutuações de acordo com os gostos predominantes. Essas oscilações podiam ir do abusivo uso do classificativo “popular”, à adulteração dos títulos (ex: “Fado Maria” convertido em “Fado Manassés”) e à redução minimalista ao vocábulo ‘fado’ «tout court» (ex: “Fado de Coimbra”, “Um Fado”, “Fado de Coimbra Nº 5”, “Fado”, o último gravado por Almeida d’Eça no Polydor P 42.137).
A partitura impressa não deve ser concebida como fonte informativa absolutamente segura, exigindo certas cautelas o seu manuseamento:
-pode tratar-se de uma composição mais antiga que foi resgatada e adaptada às solicitações em moda à data da edição, comportando eventuais modificações de compasso, e incorporação de ais neumáticos que não se acobertavam na melodia primitiva. A moda dos neumas prolongados ao livre gosto do cantor – mais apreciados se fosse tenor extenso - , emergiu em Coimbra com Manassés de Lacerda, logo conquistando discípulos;
-o título pode ter sofrido adulteração intencional, ou ser resultado de desconhecimento da existência de uma matriz anterior;
-a letra impressa na partitura pode não ser a primitiva, ou propor uma versão bem mais longa do que a existente num determinado disco (“silva de cantigas”). Na generalidade das situações analisadas, o texto impresso nas partituras é mais extenso do que as convencionais duas quadras que o tempo médio de duração de um disco de 78 rpm permitia;
-a partitura impressa por vezes não comporta quaisquer informações relativas ao autor da letra, autor da música, data da composição, ou data da recolha e impressão (ex: reportório impresso de Manassés de Lacerda);
-as partituras nunca fornecem informes directos sobre o local de feitura da composição, nem da sua primitiva função sócio-cultural. Torna-se necessário reconstituir, na medida do possível, o percurso de cada obra impressa, dado que o entendimento mais ou menos consensual de que a composição “tem sabor” coimbrão pode ser enganoso. Uma composição com estrofes soladas e refrão como “Samaritana” surgiu em Lisboa, pela mão do actor Álvaro Cabral, em contexto de permeabilidade entre a cultura de palco (teatro de revista) e a cultura fadística crescentemente voltada para a novidade dos chamados “fados-canções”. O apriorismo de que todas as composições tinham uma função inicial de animação do ritual de serenata, nem sempre se confirma no contexto cultural coimbrão, apontado as informações presentes nas partituras para performances ligadas aos actos de variedades da TAUC e do Orfeon, récitas de despedida de cursos, preenchimento de intervalos entre as danças das Fogueiras do São João, ou mesmo serões de salão promovidos por figuras da aristocracia e da burguesia;
-um determinado cantor, em conluio com o editor musical, pode omitir na folha de rosto da brochura impressa o nome do verdadeiro autor da composição, optando por um ambíguo “cantado por”. A expressão “cantado por” não significa que o cantor seja obrigatoriamente o autor da composição, deixando entreaberta a porta para uma interpretação desinformada que potencia a identificação de quem canta ou de quem grava como o autor;
-a partitura pode comportar arranjos para piano, ou indicar expressamente o piano como o instrumento de acompanhamento. Não olvidando que a CC teve uma forte componente cultural de salão – onde dialogava com o piano, o violino, o bandolim e a guitarra - , não deve perder-se de vista que o grosso destas tiragens musicais impressas se destinava a um público burguês masculino e feminino com instrução musical/ou formação pianística, de gosto marcadamente eclético, revivalista e nacionalista. A partitura harmonizada para piano, que se vendia em Portugal e no Brasil, podia ser interpretada numa assembleia cultural, numa sala burguesa durante um serão, num programa de casino, num convívio de fim de semana em casa de um pároco, num palco, prestando-se também a transcrição/harmonização para tunas, filarmónicas e grupos de baile urbanos e rurais.
O coleccionismo individual de partituras impressas começou em Coimbra na segunda metade do século XIX, acentuando a vontade de fixar memória sonora e visual e o gosto pela apropriação de objectos de “artesanato”, fotografias, postais ilustrados e brochuras musicais.
As brochuras de finais de oitocentos e de inícios de novecentos eram em geral impressas em papel barato. As capas não iam além de um grafismo modesto, alimentado à custa de desenhos a carvão ou à pena bastante toscos. A consagração do bilhete postal ilustrado, bem como dos cartazes festivos, turísticos e publicitários, a que vieram em breve juntar-se os cartazes cinematográficos, não deixou de contaminar a produção plástica de partituras de música ligeira (comparativamente, Cesário Martinho e outros, “A Publicidade em Portugal através do Bilhete Postal Ilustrado”, Lisboa, Ecosoluções, 1998). Outrotanto, as editoras portugueses, não poderiam ficar inteiramente indiferentes aos apelos visuais das luxuosas capas oriundas de Itália, França, Alemanha e Áustria, que vinham a entrar em Portugal desde o século XIX. Poderíamos citar trabalhos de Verdi, comercializados com a chancela das Edizioni Ricordi, em obras como “Il Trovatore” e “Aida”; “Tosca”, de Puccini, também da Ricordi, ou “Salomé”, de Richard Strauss, editada pela Adoph Furstner, de Berlim.
No caso da música coimbrã, merece destaque, ainda na primeira década do século XX, a edição portuense do reportório Manassés de Lacerda com o anverso cuidadosamente ilustrado e o reverso tratado como cartaz publicitário aos discos e gramofones da casa Artur Barbedo. Esta tendência, muito Belle Époque, é retomada nos anos de prosperidade económica e de recuperação europeia vividos após o término da Primeira Grande Guerra de 1914-1918. A partitura impressa, que já se tinha democratizado antes da guerra como produto de consumo massificado de aquisição directa, com tiragens em série, rende-se aos postulados da grande publicidade.
António Menano que já havia editado composições de juventude em Coimbra pelos anos de 1915 e 1916, ilustradas com imagens algo ingénuas, passa a trabalhar a partir de 1918 com o Salão Mozart, sedeado em Lisboa. No ano de 1923, e em situação de concorrência com o Salão Mozart, o cantor assinou contrato com a Sassetti, também localizada em Lisboa. A Sassetti confiou a tarefa de deslumbrar o grande público a Suart de Carvalhais (1887-1961), artista que entre 1921 e 1929 realizou inúmeros desenhos ilustrados para aquela editora, trabalhando ainda para a concorrente Valentim de Carvalho a partir de 1922.
Na partitura ilustrada mais procurada na década de 1920 predominaram os desenhos multicolores, alusivos a monumentos reconhecíveis, matas, rios, figuras masculinas e femininas, cenários nocturnos, remissão idílica para cenas campestres (nacionalismo/regionalismo), traços tardo-naturalistas, insinuações oníricas e alusões a estados de espírito como a solidão, o isolamento e a tristeza.
Sobre a ilustração, ou em situação de contiguidade, desenhava-se o título da composição musical em letras bem destacadas (nome do produto). A identificação da editora na folha de rosto ilustrada era frequente. Já a aposição do nome do autor ou do intérprete tanto podia ser vista como informação secundária – e nesse caso era omitida, ou impressa no interior - , ou elemento publicitário galvenizador. Para que isso pudesse acontecer, era necessário que o artista fosse conhecido do grande público. Esta situação pode ser exemplificada com o caso paradigmático de António Menano, optando a editora pelo emprego de esquemas do tipo “Por António Menano” no anverso, e “Fados cantados por António Menano” no reverso das edições.
A datação da impressão nem sempre é explícita em todas as obras impressas por uma mesma editora. Artistas como Stuart, revelando grande talento, não deixam de cair em esquemas figurativos e simbolizantes banais, repetitivos e de apreensão imediata. O estudante de capa esvoaçante e a guitarra de tipo lisboeta são elementos de continuidade que atravessam a obra pictórica de Stuart ao longo da década de vinte. O artista nem sempre data o trabalho, não se sabendo se por opção própria, se a expresso pedido da editora, no intuito de criar no espírito dos clientes a falsa ideia de produto recente (esquema ainda hoje utilizado por editoras discográficas, sobretudo em reedições).
A mensagem publicitária apropria-se da CC e veicula uma mensagem monolítica assente nas performances de estudantes de Capa e Batina, numa época em que franjas da população coimbrã (futricas) e estudantes da Escola Agrária cultivavam activamente aquele género artístico. A noite enluarada, a mata do Choupal, o Mondego, uma silhueta da Alta com a Torre da Universidade, tornam-se signos recorrentes numa época em que as cidades procuram capitalizar determinados símbolos arquitectónicos: Coimbra e a Torre da Universidade, Lisboa e a Torre de Belém, Nova York e a Estátua da Liberdade, Paris e a Torre Eiffel, Londres e o Big Ben, Atenas e o Parténon, o Egipto e as pirâmides. O instrumento mais intensamente figurado é a guitarra do tipo lisboeta, com a sua voluta enrolada, num ciclo artístico em que os tocadores conimbricenses tinham passado a utilizar a guitarra do tipo coimbrão primitivo.
A partitura impressa funcionava também como instrumento de homenagem a figuras masculinas e femininas da afeição do artista/ou autor, podendo comportar dedicatória explícita no cabeçalho interior. Noutros casos servia de veículo de manifestação de afeição, gratidão ou admiração, quando comprada, assinada e dedicada a determinada pessoa. As capas ilustradas eram um chamariz para os consumidores. Compradores havia que não adquiriam as partituras com capa ilustrada por saberem ler música, mas unicamente a título de colecção, à semelhança do que mais tarde viria a acontecer com cartazes de cinema, invólucros de discos vinil de 33 e 45 rotações, maços de tabaco, saquetas de açúcar, mini-calendários, cromos de jogadores de futebol e posters de artistas.
O Eng. António Nuno Menano doou ao Museu Académico, na década de 1990, grande parte do espólio paterno, enformado pela colecção de discos de 78 rpm, documentos avulsos e partituras impressas. A consulta efectuada a essas partituras revela que António Menano guardou essencialmente as edições musicais das casas Mozart e Sassetti. Porém, sabe-se que nos anos de Coimbra possuía uma colecção vasta e diversificada de fascículos impressos que abarcavam aquisições individuais e múltiplas ofertas de admiradoras e admiradores, sem esquecer as colecções que entre 1915-1924 manuseou no acervo do Orfeon Académico.
António Menano era detentor de partituras de composições de seu irmão Francisco Menano, Paulo de Sá, Alexandre Rezende, Manassés de Lacerda (alguns fascículos, pelo menos), Condessa de Proença-a-Velha, José Elyseu, Ruy Coelho, José Viana da Mota, António Viana, Alexandre Rey Colaço, António Avelino Joyce, Elias de Aguiar, fascículos soltos de reportório das Fogueiras do São João e rapsódias populares interpretadas pelo Orfeon.
O recenseamento de partituras impressas que abaixo apresentamos deixa de lado o critério alfabético, optando por uma arrumação próxima do pulsar cronológico de tessitura breve.
EDUARDO DA FONSECA (Porto)
-FADO DAS TRÊS HORAS (Murmura, rio murmura), de Reynaldo Varela, com 5 quadras de Bráulio Caldas. Impressão na brochura “Cantos populares. 12 fados para piano”, 2ª série, 3ª edição, Praça de Carlos Alberto, nº 8. Esta brochura não se encontra datada, sendo contudo anterior a 1904. Vendia-se a 500 reis ou a 7,50 francos. Na década de 1890 esta composição tinha sido amplamente divulgada no “Cancioneiro de Muzicas Populares”, de César das Neves. O tema conforme o original foi gravado por Reynaldo Varela no começo do século XX. António Menano também viria a gravar esta composição, modificando-lhe o compasso e a letra (Guerra Junqueiro).
Não se conhece qualquer partitura da versão coimbrã deste tema, nem se sabe se o trabalho de adaptação é de António Menano ou de um dos seus irmãos. A capa da brochura Eduardo da Fonseca comportava algum excesso decorativo, incorporando o longo título em letras ornamentadas, emoldurado em listeis, o sumário de todas as composições contidas no caderno, a morada do editor, o preço, motivos arquitectónicos, florais e musicais (bandolim e partituras). No plano estritamente publicitário é uma edição norteada pelos valores do nacionalismo artístico, rotulando deliberadamente de “cantos populares” composições de autores que se tinham vindo a popularizar.
ARTHUR BARBEDO (Porto)
“Fados e Canções Portuguezas cantadas por Manassés de Lacerda”, Porto, Rua do Mouzinho da Silveira, nºs 310-311. Edição de 1907
-1ª Série, constituída por 10 composições: "Fado Maria" (Maria, tu és na terra), música de Manassés de Lacerda, com 8 quadras. António Menano gravou esta melodia sob o título “Fado Manassés”, utilizando uma letra diferente da original. Menano não interpreta a melodia do 2º dístico como se pode escutar no disco gravado pelo próprio autor.
-2ª Série, com 10 composições: "Fado Hylario Moderno" (Eu quero que o meu caixão), com 3 quadras. Tema gravado por António Menano, não seguindo integralmente a versão Manassés.
Capa luxuosa, com retrato do cantor, guitarra do tipo portuense e arranjo floral. Um caderno importava em 600 reis, e a colecção completa de 3 séries em 1.800 reis. Estas composições foram reeditadas pelo estabelecimento Moreira de Sá, também do Porto, em 1914. O “Fado Maria” (=Fado Manassés) foi ainda integrado no ALBUM CONSTANTINO, uma volumosa edição musical editada em Portugal (Porto) e no Brasil no ano de 1916 pela casa de vinhos do Porto Constantino de Almeida.
LITOGRAFIA UNIVERSAL (Porto)
-BALLADA DA RÉCITA DE DESPEDIDA DO 5º ANNO JURÍDICO DE 1911-1912 (Certa manhã de sol um galeão), música de António Joyce, coplas e refrão de João de Lebre e Lima. Capa em fundo vermelho abstracto, tendo a meio um barco desenhado à pena por J. Cruz Jorge. António Menano interpretou esta balada em recitais de palco, mas não a chegou a gravar em disco.
LIVRARIA NEVES (Coimbra)
-SAUDADES (Saudades são orações), música de Paulo de Sá. Composição com que António Menano se estreou em Coimbra, apadrinhado por Paulo de Sá. Edição da Livraria Neves Editora, “Agência de negócios da Universidade e dos liceus”, com dedicatória “Ao António Menano”. Teve uma 2ª edição em 1915, que atingiu o 3º milhar, e uma 3ª edição de 4 milhares. Vendia-se através de encomenda postal. A capa de 1915 é muito singela com o título centrado, um trecho celeste com nuvens fugidias em cercadura oval e um ramalhete floral. Contém a dedicatória autógrafa “À Exma. Senhora D. Ester Cerqueira oferece João Ferreira Macedo”. O custo era de 15 centavos. António Menano veio a gravar esta melodia em disco. A letra original tinha quatro sextilhas de Alfredo Fernandes Martins. No reverso, a editora fazia ampla publicidade a “mais de 70 fados e canções de Coimbra”, cada fascículo a 10 centavos”, indicando expressamente 1 tema de Francisco Menano, 1 de Paulo de Sá, 5 do maestro Raul de Campos, 5 de Costa Pinheiro, 1 de Pio e Abreu e 3 de Tito Bettencourt;
-A MAIOR DOR (Quando me vires passar), música de Paulo de Sá, 4 quadras de Alfredo Fernandes Martins, comercializado a 30 centavos. Capa em tom amarelo desmaiado, contendo o título em maiúsculas destacadas, e a identificação do editor. Emoldurada num medalhão, uma figura masculina com ar consternado limpa as lágrimas com um lenço. Num outro exemplar do Museu Académico, figura na folha de rosto uma dedicatória impressa “A José Dias e Manuel Rodrigues”. A menção de 1ª edição na capa do exemplar referido parece ser enganosa, pois tudo leva a crer que se trata de uma tiragem não de 1915, mas de 1918. António Menano gravaou esta composição, optando por uma letra distinta da original. No reverso da partitura vinham publicitadas composições de António Menano e Alexandre Rezende;
-ANTO (Minha capa vos acoite), música de Francisco Paulo Menano e sete estrofes (6 coplas+refrão) de António Nobre. Fascículo datado de 1915, ao custo de 200 reis, ou 20 centavos na moeda republicana. Ilustração de autor não identificado, aborda uma paisagem algo inóspita com montanhas e rio serpenteante. Na margem, um estudante erecto tange guitarra de voluta em caracol. Num dos exemplares consultados, a capa trazia o carimbo da Academia de Música de Santa Cecília, Lisboa.
“OS TRÊS MAIS LINDOS FADOS DE COIMBRA”. Brochura constituída por 2 composições de António Menano e uma de Alexandre Rezende. Capa relativamente simples, mencionando a data da edição (1915), o editor, o preço (400 reis), e o título genérico do caderno, seguindo-se a identificação de cada uma das composições. O cenário proposto é uma vista nocturna da acrópole, com a Universidade e a Torre no topo, vendo-se em grande plano dois estudantes erectos e de capas traçadas, um dos quais tange guitarra:
- FADO DAS MORENAS (Todos gostam das morenas), música de António Menano. Tinha 4 quadras, 3 de Fernando da Silva Correia e 1 de Ribeiro de Carvalho. António Menano não chegou a gravar esta composição que dedicou “Ao Estêvão Neto”;
- D’UM OLHAR (As meninas dos meus olhos), música de Alexandre Rezende e 3 quadras populares, dedicada pelo autor ao jovem António Menano. Viria a ser gravada pelo cantor, com o título adulterado para “As Meninas dos Meus Olhos”;
- FADO DA NOITE (Há quem diga que quem chora), música de António Menano, e cinco quadras de Alfredo Fernando Martins, dedicado “Ao J. Gambôa”. Composição não gravada por António Menano;
-UM FADO (Vou-me embora, vou deixar-te), música e letra de Fernando da Silva Correia. Fado da Récita de Despedida dos Estudantes de Medicina de 1917, foi editado em papel amarelo forte pela Livraria Neves, com dedicatória “A Mário Lima”. O rosto está assinado pelo autor e datado de 23-II-1917. O motivo de capa é a silhueta da Casa da Nau, futura sede da República do Prá-Kys-Tão, que serviria de inspiração à virtual República Transatlântica no romance “Vida Errada”. Tudo indica que António Menano conhecia este tema, dada a sua grande amizade com o autor, mas não o gravou.
[…?...], (Lisboa)
-O BEIJO (À minha amada na praia), música de Ruy Coelho. Caderno de lieder “Canções de Saudade e Amor”, Lisboa, 1917, assinados por Ruy Coelho, com letras de Afonso Lopes Vieira, situáveis no movimento estético nacionalista e saudosista. Não conhecemos a referida edição, nem sabemos se António Menano dela possuiria exemplar completo na sua colecção particular, ou se teve acesso a estas composições através do arquivo do Orfeon. Da referida brochura, António Menano gravou apenas o tema “O Beijo”, com letra pouco rigorosa. A versão literária correcta foi gravada pelo barítono Edgar Duarte d’Almeida, com acompanhamento de piano, em Maio de 1927 (78 rpm Columbia 8106, P 168).
CASA FONSECA. JOSÉ FERREIRA & COMANDITA (Coimbra)
-“Álbum de Fados de Coimbra. Música de Francisco Menano”, contendo:
Nº 1: FADO DAS LAPAS (Ó Lua que sobes calma), feito em 1910 para as Fogueiras do São João do Largo de São João de Almedina. Estrofes e refrão de Gustavo Adolf Bergstrom, poeta, e docente do Liceu de Coimbra. Tinha havido uma primeira edição impressa, “Fado” (sic), Série Canção Popular, fascículo Nº 64, impresso em Coimbra na Lithographya e Typographia Correia Cardoso, com dedicatória “Ao Marquez de Sam Joaninho”. Saíra ainda uma 2ª edição, por volta de 1914 nas recolhas de José da Costa Pinheiro, já com o título de “Fado das Lapas”. António Menano veio a gravar esta melodia com o título encurtada para “Fado das Fogueiras” [do Largo de São João de Almedina] e coplas de Augusto Gil;
Nº 2: SONS DO LUAR (No fundo dos búzios canta), com 4 quadras de autores não especificados. Composição não gravada por António Menano;
Nº 3: FADO ANTO (Minha capa vos acoite), feito em 1915 para uma homenagem a António Nobre, já tivera outra edição. Tinha 6 coplas e refrão, de António Nobre. Tema gravado por António Menano;
Nº 4: FADO DE DESPEDIDA DO 5º ANO JURÍDICO DE 1911-1912 (O nosso rosto não cora). Estrofes e refrão de José Marques da Cruz. Composição muito popularizada em Coimbra nos sectores republicanos, conheceu edição na série Correia Cardoso. Tema gravado por António Menano com o título encurtado para “Fado do Quinto Ano”.
Nº 5: AS LAVADEIRAS (As lavadeiras no rio). Canção feita para as Fogueiras de São João de 1908, com estrofes de Augusto Pinto. Seria cantada por António Menano, que não a chegou a gravar. Editada em 1908 na Série Canção Popular, da Correia Cardoso, fascículo Nº 16, a 100 reis.
Este álbum foi editado pelo ano de 1918 e vendia-se na sede da casa à Rua Visconde da Luz, 1º. Um fascículo importava em 20 centavos e a brochura completa em 50 centavos. As novidades musicais anunciadas na contracapa sugeriam composições de César Magliano (4), Raul de Campos (6), Francisco Menano (5), Costa Pinheiro (5) e José Elyseu (1 brochura com 4 canções e outra com 8).
Motivo de capa de gosto Belle Époque, com vista da acrópole coimbrã enquadrada por trecho do Mondego. Na margem sul, um estudante de guitarra de tipo lisboeta em punho discorre sobre as belezas coimbrãs a uma figura feminina.
VALENTIM DE CARVALHO (Lisboa)
-SAMARITANA (Dos amores do Redentor), música de Álvaro Cabral, com refrão e oito coplas. António Menano gravou esta melodia com título (Conto d’Amor) e letra diferentes da versão clássica (Era uma vez um pastor). Nada transpirou sobre a origem desta versão, gravada em Berlim. Não custa admitir que tenha sido uma letra oriunda de alguma récita levada a cabo em Lisboa, transmitida ao cantor pelo pianista Afonso Correia Leite. A composição foi editada pela Valentim de Carvalho, sita em Lisboa, Rua da Assunção nºs 37-39, ao preço de 40 centavos, com indicação de “Instrumentação para grande orchestra por Alves Coelho”. A capa da 1ª e 2ª edições é praticamente idêntica. Sem mencionar o grafista, destaca o retrato do actor Álvaro Cabral, o título e o subtítulo. Naquela que se nos afigura ser a 2ª da mesma editora, ocorre no rosto autógrafo “Maria do Carmo Fernandes, Portimão, 8 de Janeiro de 1921”. É conhecida uma 3ª edição de 1922, com capa de Telles Machado que também se vendeu na Casa de Músicas Júlio da Fonseca, no Porto. Anos mais tarde, pela década de 1930, João Victória editou num dos fascículos do seu cancioneiro uma solfa de “Samaritana” para bandolim ou violino.
A EDITORA (Lisboa)
-VELAS SOLTAS (As velas vão partindo), música de Dias Soares, coplas e refrão de Augusto S. Pinto. A partitura não comporta data, remontando pelo menos aos anos da Grande Guerra. Apresenta capa simples, com excesso de letras e motivos marítimos. Canção oriunda do Rancho do Vapor, Figueira da Foz, parcialmente gravada por António Menano (Cf. As Velas), ulteriormente retomada pelo guitarrista João Bagão. As canções do Rancho do Vapor foram popularíssimas em Coimbra, incluindo a “Marcha do Vapor” que também saiu em partitura.
P. SANTOS & Cª, SALÃO MOZART (Lisboa)
“CANÇÕES DE PORTUGAL-COIMBRA”, Rua Roberto Ivens, nºs 52-54. Casa editora e fornecedora do Conservatório Nacional, com filiais nas cidades de São Paulo e Rio de janeiro. O contrato celebrado entre António Menano e o Salão Mozart deve datar de 1918, exigindo a editora que o autor lhe vendesse “ a propriedade”. O autor podia remeter à editora pelo correio o título da composição e respectiva solfa manuscrita, ou deslocar-se presencialmente à sede. No último caso, teria de cantar perante um músico profissional que fazia a transcrição ao vivo em pautas manuscritas. A transcrição musical manuscrita era finalmente impressa, em Portugal, ou na Alemanha, beneficiando dos apelos sedutores de uma capa ilustrada. Não se conhecem dados substanciais sobre os artistas plásticos contratados pelo Salão Mozart, mas numa ou noutra partitura ocorre o autógrafo “Homério”, um artista com traço muito Arte Nova. O Salão Mozart fazia editar as composições do reportório Menano em momentos chave como uma digressão artística do Orfeon a Lisboa.
O salão Mozart fez sair em 1918 as seguintes partituras do reportório de António Menano, que além de conheceram sucessivas tiragens ao longo da década de 1920, foram gravadas em rolos para auto-piano:
-FADO DA GRANJA (Ao ver-te presa de enleio), música de António Menano. Não especifica quem seja o autor da letra constituída por 3 quadras. António Menano não chegou a gravar esta composição. Capa de Homério, coloca em destaque o título e uma vista da Praia da Granja com figura feminina em grande plano. Destaque para a consagração da moda do cabelo curto e da saia pelo joelho na capa da 3ª edição que deve ser de ca. 1922-1923. Em 1929 atingiu a 6ª edição, mantendo sempre a dedicatória “Ao Emílio Faro”. O Salão Mozart fez ainda uma pequena edição para bandolim que se podia comprar nos finais da década de 1930. António Menano não chegou a gravar esta composição em disco;
-FADO DAS ROMARIAS (Benditas sejam as fontes), música de António Menano, com 4 quadras populares. O motivo de capa é da autoria de Homério. Além do antetítulo (“Canções de Portugal-Coimbra”), do título, da autoria musical e da dedicatória “Ao muito amigo Espadinha”, ilustra um casal de romeiros em trajos folclóricos. O acordeão e os balões reforçam a ideia de arraial popular. Sucessivamente reeditada, possuímos um exemplar autografado de1923, e outro de 1929 que menciona expressamente na capa a 8ª edição. Composição gravada em disco pelo autor;
-FADO DO CHOUPAL (O Choupal anda coitado), música de António Menano, que em 1922 ia na 3ª edição e em 1929 atingiu a 10ª. Capa de Homério com guitarrista e tocador de violão erectos, de Capa e Batina, num trecho do Choupal, com vistas do Mondego, choupos, barco e lua. Tema gravado pelo autor, embora não seguindo com rigor a letra contida na partitura;
-FADO DOS PASSARINHOS (Passarinho da ribeira), música de António Menano, contém três estrofes de autorias não especificadas. Capa de Homério, aborda um trio de capas traçadas, constituído por guitarrista, executante de violão e cantor. A natureza, mais insinuada do que figurada, concede destaque a seis andorinhas esvoaçantes. Entre 1922 e 1926 esta composição atingiu a 10ª edição, com dedicatória “Ao muito amigo Marcos Pinto Basto”. Em 1929 chegou à 12ª tiragem. Paralelamente às reedições imprensas, o Salão Mozart fez sair rolos auto-piano que eram disfarçados no interior dos pianos de caixa alta. O “Fado dos Passarinhos” popularizou-se em todo o país, tendo chegado à distante Ilha das Flores onde ainda se canta com as 2 coplas do disco de 78 rotações, ali tidas por populares;
-FADO PATRIÓTICO (Já se ouviu de serra em serra), música de António Menano, com quatro estrofes do estudante republicano Alfredo Fernandes Martins. Distribuído em Portugal e no Brasil, atingiu pelo menos a 5ª edição. A capa também é de Homério, propondo uma alegoria feminina da Pátria com fronte laureada, túnica talar, Cruz de Cristo ao peito e longa espada. Em grande plano, um cenário dantesco, a negro e vermelho, aborda elementos militares como bandeiras e canhões, numa alusão directa à frente ocidental da Grande Guerra;
- MORENA (Se domingo fores à missa), música popular interpretada pelo Orfeon Elias de Aguiar. Capa de Homério, retrata uma figura feminina de cabelos apanhados, aventalinho debruado, ramo de flores e rosário. Melodia não gravada por António Menano, atingiu a 3ª edição.
ARMANDO DE SOUSA (Coimbra)
-CARTA DA ALDEIA (Minha querida Maria), música de José Coutinho de Oliveira, letra de José Marques da Cruz. Partitura editada a 50 centavos, pela Casa Minerva, de Armando Sousa, sita na Rua Ferreira Borges, nº 174, Coimbra, em Setembro de 1919. Vem expressamente dedicada “Ao António Menano” que a gravou em disco. Capa muito singela com o título em destaque e um motivo floral.
FRANÇA AMADO (Coimbra)
-A RAPOSA (Lá em baixo vem a raposa), música e letra populares. Cantiga tradicional de Fornos de Algodres onde foi recolhida por Francisco Menano e trazida para o Orfeon de António Joyce no período 1908-1912. Versão transcrita por Pedro Fernandes Tomás, “Cantares do Povo”, Coimbra, França Amado Editor, 1919, p. 100. António Menano gravou esta canção em disco, com a letra ligeiramente modificada.
SASSETTI & Cª, EDITORES (Lisboa)
-BALLADA DOS MALMEQUERES (Um amigo meu mandou-me), letra de António Botto, música de António Menano dedicada “Ao muito amigo Varela Cid”. Edição Sassetti de 1924, com capa de Stuart. Trabalho muito comedido com fundo azul abstracto, título a branco e, no centro, um vistoso malmequer. Esta canção foi gravada em disco por António Menano sob o título “Canção dos Malmequeres”;
-FADO DO ALEMTEJO (Maria teu lindo nome), música de António Menano. Edição Sassetti, datada de 1924, com capa de Stuart. Foi assegurada distribuição em Portugal, Rio de Janeiro e São Paulo. A capa é de inspiração regionalista, propondo um monte alentejano e sobreiros, mergulhados numa atmosfera nocturna banhada pela a lua. A composição era dedicada “À Exa. Sra. D. Leonor de Oliveira Rodrigues”, e foi gravada em disco pelo autor;
-FADO DO SONHO (Quem me dera dar um beijo), música de António Menano, não identifica a autoria das 3 quadras impressas. Edição de 1924 para o mercado português e brasileiro. Capa da Stuart, aborda um Pierrot a tocar viola. Vem dedicado “Ao muito amigo Bento Mantua”. O autor gravou esta melodia com o título modificado para FADO DE FORNOS (Quem me dera dar um beijo). Na 2ª e 3ª quadras não segue o que está na partitura, optando por uma copla de Domingos Garcia Pulido e outra de Júlio Brandão;
-FADO DA FONTE (Eu ouvi de Santa Clara), música de António Menano e 3 coplas não identificadas, sendo a 1ª de Lucas Junot e as restantes populares. Edição de 1924 para o mercado português e brasileiro, vinha dedicada (“Para a Milú cantar”). Capa de Stuart, mostrando o título, informes da editora, a autoria e um aprazível jardim com uma fonte. Não ocorre nos registos discográficos do autor;
-FADO DA PRAIA (Resume-se a coisa pouca), música de António Menano, e 3 quadras extraídas de outras composições habitualmente interpretadas pelo cantor. Edição de 1924 para o mercado português e brasileiro. Dedicada “Ao muito amigo Barão do Linhó”. Capa de Stuart, aborda o mar iluminado pela lua, captado a partir da costa arborizada. Tema gravado em disco pelo cantor, com o mesmo título e letra diferente da original (Vai tão longe a mocidade);
-FADO DO BUSSACO (Dois beijos tiveste um dia), música considerada da autoria de António Menano, com 3 quadras de autorias não especificadas. Edição Sassetti de 1924, para o mercado português e brasileiro. Capa de Stuart com uma vista naturalista da mata do Buçaco. Tema dedicado “Ao muito amigo Conde de Almada e Avranches”, gravado em disco pelo autor.
“FADOS DE COIMBRA. POR FRANCISCO MENANO”. Brochura contendo 3 composições. Capa de Stuart, sem data (ca. 1922). A capa mostra um recanto do Choupal e um outro do Mondego. Comercialização harmonizada para piano, destinada ao mercado português e brasileiro. A Sassetti, reeditou estas 3 composições juntamente com outras 3 do mesmo autor, na 7ª série do ÁLBUM DO BANDOLINISTA. O referido álbum, com capa de Stuart, mostra um grupo de tocadores de capas esvoaçantes, em deambulação, um pouco à semelhança do “passar da serenata” novecentista. Por seu turno, o “Fado Antigo” (Por uns olhos que fugiram) mereceu honras de edição autónoma. Neste caso, Stuart desenha um cenário constituído por casario e uma dupla de estudantes a tanger instrumentos, com calção, meias altas e sapatos de fivela que já se não usavam em Coimbra desde 1863. António Menano não gravou nenhuma destas composições.
- AMOR PERDIDO (Quem por amor se perdeu)
- FADO ANTIGO (Por um olhos que fugiram)
- FADO DA IGREJA (Entraste com ar cansado)
“TRÊS FADOS DE COIMBRA. POR FRANCISCO MENANO”. Brochura editada pela Sassetti, sem data, pelo ano de 1922, com capa de Stuart. Comercialização em Portugal e no Brasil. A capa aborda um trecho na margem sul do Mondego, com vista para a colina coimbrã. São elementos explícitos uma tricana em trajos de 1900-1910, uma bilha de barro (caída em desuso) e um estudante com guitarra de tipo lisboeta. A Sassettti reeditou estas 3 melodias de Francisco Menano e reuniu-as com outras 3, constituindo o ÁLBUM DO BANDOLINISTA, acima referido. Destas 3 melodias, “Fado Canção” (Quem quiser do amor a chama) teve edição em separado. Stuart desenhou uma silhueta da acrópole, o rio, um apontamento da margem sul e uma tricana do Vicente com signos anacrónicos (bilha de barro) ou fantasiosos (avental, lenço garrido). António Menano não gravou nenhuma destas composições.
- UM SONHO DESFEITO) (Eu trazia sempre ao peito)
- A MINHA GUITARRA (Guitarra que choras tanto)
- FADO CANÇÃO (Quem quiser do amor a chama)
“ALBUM DO BANDOLINISTA. 7ª SÉRIE, FADOS DE COIMBRA”, por Francisco Menano. Inclui:
-UM SONHO DESFEITO (Eu trazia sempre ao peito)
-A MINHA GUITARRA (Guitarra que choras tanto)
-FADO CANÇÃO (Quem quiser do amor a chama)
-AMOR perdido (Quem por amor se perdeu)
-FADO ANTIGO (Por uns olhos que fugiram)
FADO DA EGREJA (Entraste com ar cansado)
Edição Sassetti, para o mercado português e brasileiro, de ca. 1922, com capa assinada por Stuart. O pintor desenha um trio de estudantes em desfile, conferindo destaque ao executante de bandolim.
-PHASES DA LUA (O amor é como a Lua), fado de Lisboa com música e letra de autor desconhecido. Edição de 1927, não datada, com capa ilustrada por Stuart. Mostra um Pierrot sentado a tanger cítara, com o gato sobre o título. No cabeçalho interior sugere-se que a música é de António Menano. Fado gravado em disco por António Menano;
-FADO DA MENTIRA (Ninguém conhece no rosto), música de Alexandre Rezende. Partitura editada em 1927 pela Sassetti, com capa de Stuart. O pintor limitou-se a desenhar o título e uma flor ao fundo da capa. Logo abaixo do título consta o nome de Alexandre Rezende, mas por cima do mesmo título e em letras bem destacadas figura a legenda “Célebre fado cantado por António Menano”. No reverso, a Sassetti publicita uma lista de sete composições sob o título “Os últimos fados publicados – Fados de António Menano”;
-FADO NOVO (Dizes que ando contente), música de António Menano, quadras de Virgínia Victorino. Capa de Stuart, não assinada, com coroa de flores, título bem destacado, autoria e identificação da editora. Edição feita em 1927, com distribuição simultânea em Portugal e no Brasil. No reverso são anunciados “Os mais lindos fados são os de António Menano”, seguindo-se uma lista de 16;
-FADO SOLITÁRIO (Dizem que as mães querem mais), música de Francisco Menano. Edição ilustrada por Stuart, enfatiza o título, a editora e um vulto masculino que medita sobre um promontório, avistando-se ao longe uma torre erma. Na capa aparece um cauteloso “Por António Menano”, mas no interior, ao lado do cabeçalho, figura simplesmente “António Menano”, artifício muito usado pela Sassettti para confundir os clientes. Impressão realizada em 1927 em Leipzig, com distribuição em Portugal (Lisboa, Rua do Carmo nº 56), Rio de Janeiro (Casa Mozart) e São Paulo (Compassi & Camin). No reverso, em destaque, figura uma lista de 16 composições interpretadas habitualmente por António Menano;
-FADO PARIS (Parece incrível, parece), música atribuída a António Menano, com duas coplas. Edição Sassetti de 1927, feita em Novembro ou Dezembro, após a sessão de gravações do cantor em Paris. Na página de rosto consta “Por António Menano” e no interior o nome simples do cantor, sem que se diga objectivamente se Menano é o autor, ou apenas o intérprete. Partitura comercializada em Portugal e no Brasil. Criativa capa de Stuart, com enfoque no Moulin Rouge, iluminação nocturna e uma “Maria-rapaz” símbolo dos loucos anos 20. Não há notícia de ter sido gravado pelo autor;
-O MEU MENINO (O meu filho é pequenino), música de Alexandre Rezende, com duas quadras de António Correia de Oliveira. Edição Sassetti, comercializada em Novembro ou Dezembro de 1927, numa homenagem do cantor ao seu primeiro filho António Nuno Menano. Capa de Stuart, mostra um menino burguês com brinquedos e fatinho de marujo. Se na capa os dizeres eram comedidos (“Por António Menano”), no cabeçalho interior as coisas complicavam-se com um peremptório “Música de António Menano”. A usurpação de autoria era melindrosa: o verdadeiro autor encontrava-se vivo e passava por grande admirador de Menano; a partitura destinava-se como habitualmente ao mercado português e brasileiro; nos meios conimbricenses a composição era sobejamente conhecida, havia pelo menos uma década bem contada; António Menano participou a gravação, como pretenso autor, à Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses, para efeitos de aposição de selo de controlo na etiqueta do disco. A história oral fala de uma altercação entre Rezende e Menano, num estabelecimento da Rua Ferreira Borges, Coimbra, que se terá saldado em bengaladas;
-FADO DA SÉ VELHA (…?...), música de Francisco Menano. Capa de Stuart. Consta de uma relação publicitária de 1927, intitulada “Os mais lindos fados para piano e canto são os de António Menano”. A edição parece ser de 1927, mas não nos foi possível localizar exemplar algum desta partitura. Tema gravado na circunstância por António Menano com o incipit “Se eu tivesse uns olhos assim”;
-FADO DO[S] EMIGRANTE[S] (…?...), música de António Menano. Desconhecemos a partitura. A publicidade Sassetti referia o título no plural. Tema gravado por António Menano com o título no singular (Fado do Emigrante) e o incipit “Vou-me embora, vou deixar-te”;
-CARTA DE LONGE (Minha adorada mulher), música feita por António Menano em 1923, com letra de António de Sousa. Edição Sassetti de 1927, com capa de Stuart. O pintor propõe uma esposa de visual anos vinte (cabelos curtos, vestido liso e decotado), que acaba de ler uma carta do marido. Composição gravada em disco pelo cantor;
-FADO HESPANHOL (Gosto de cantar o fado), fado de Lisboa, com autoria musical desconhecida. Na capa, antecedendo o título, figura o nome de António Menano. O cabeçalho interior sugere que o autor possa ser António Menano, o que não é correcto. Contém 2 quadras de autorias omissas. Edição Sassetti de 1927. Capa de Stuart, mostra a “Maria rapaz” dos anos 20 em pose provocatória e emancipada, com guitarra ao colo, em ambiente de casino;
-FADO DE SANTA CRUZ (Hei-de morrer a pedir), música de António Menano, e 3 quadras de autorias omissas. Edição Sassetti, sem data (ca. 1927), com capa de Stuart. Ilustração pouco criativa, com o título em destaque e uma vista dos telhados da Igreja do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Composição não gravada pelo autor;
-A CASINHA DA COLINA (Você sabe donde eu venho). Canção brasileira editada pela Sassetti, com capa de Stuart (uma colina arborizada, com uma casinha no topo). Não se especifica a data da edição. Composição gravada por António Menano;
-CARTA DA ALDEIA (Minha querida Maria), reedição da melodia de Coutinho de Oliveira, com versos de Marques da Cruz. A edição Sassetti não menciona data, nem a autoria da ilustração. O desenho propõe uma aldeia, com casario e igreja. Em letras destacadas, e antecedendo o título, lê-se: “Cantado com enorme êxito por António Menano”.
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