Fotografia da Sociedade Choral do Orpheon Académico, ou Orfeon de João Marcelino Arroyo, estreado nos palcos do Teatro Académico em 29 de Outubro de 1880, com actividade documentada até Maio de 1881. A melhor descrição deste Orpheon continua a ser o texto assinado por Trindade Coelho no "In Illo Tempore".
Cliché da autoria do fotógrafo francês J. David que em Março de 1881 se deslocou propositadamente a Coimbra para fotografar alunos, lentes, funcionários, a comissão de festas do Tricentnário de Camões e o Orpheon (cf. notícia de "O Tribuno Popular", de 19 de Março de 1881, revelada por Alexandre Ramires no catálogo Passado ao Epelho, Coimbra, 2006, p. 56).
As fotografias referidas constam de um álbum da BGUC que foi pertença do Dr. Octaviano do Carmo e Sá, trabalhado por António Manuel Nunes (1989-1990, estudo do Hábito Talar, com notícia in A Alma Mater Conimbrigencis na fotografia antiga, Coimbra, GAAC, 1990), por Alexandre Ramires numa exposição promovida pelo CEIS20 na BGUC (Fixar a Universidade. Rostos e Espaços: 1880-1881), agora com novas perspectivas de aprofundado estudo e reprodução.
Tendo em vista as celebrações dos 125 anos da fundação do Orpheon, acudiu-me à memória o álbum Universidade de Coimbra: 1880-1881, de J. David, esperançado de que alguma das fotografias relativas ao Orpheon tivesse sido captada no palco do Teatro Académico.
Alexandre Ramires, bom técnico e bom Amigo, acedeu prontamente a visualizar "cirurgicamente" o álbum, no dia 31 de Outubro de 2006. As fotografias do Orpheon, incluindo a que se apresenta, foram captadas por David no Pátio das Escolas. Os orfeonistas estão de costas voltadas para o Colégio de São Pedro, junto à porta de entrada do Observatório Astronómico, de frente para a máquina fotográfica que estaria montada no escadório da Biblioteca Joanina. A fotografia, com os orfeonistas dispostos em semicírculo, é um documento notável, em tonalidade, rigor imagético e informações sobre a Capa e Batina. São reconhecíveis alguns académicos de fama referidos por Trindade Coelho. No meio, de pé, está João Arroyo com uma comprida batuta. Na vanguarda da ala esquerda aparecem dois rapazinhos, cobertos com capas, que faziam solos de vozes "brancas", como que a prolongar o italiano costume dos "castrati".
Agradecimento: ao Dr. Alexandre Ramires que amavelmente nos cedeu uma cópia desta fotografia para com ela celebrarmos no blog a evocação dos 125 do Orpheon.
AMNunes
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