segunda-feira, fevereiro 12, 2007



Cancioneiro "César das Neves"

Rosto do célebre a ainda hoje incontornável "Cancioneiro de Musicas Populares", coordenado na parte musical pelo professor de música César A. das Neves (1841-1920), na parte poética por Gualdino de Campos (1847-1919) e na ideação etnográfica por Joaquim Teófilo Braga (1843-1924). Comercializado em fascículos quinzenais impressos, veio a ser reunido em três grossos tomos, editados em 1893 (Volume I), 1895 (Volume II) e 1898 (Volume III), pela Typographia Occidental da Cidade do Porto.

Teófilo Braga, recolector do cancioneiro popular português desde a decada de 1860, tinha bem consciência da lacuna que era continuar a editar textos sem o devido suporte musical. Nos alvores da década de 1890 Teófilo conseguiu estusiasmar César das Neves, que além de conceituado professor de Música no Liceu da Ordem Terceira do Carmo, no Porto, era manualista, e executante de Guitarra do Porto, tendo mesmo publicado um importante manual para o dito instrumento. César das Neves, que vinha desde finais da década de 1860 a recolher danças e canções por gosto próprio, era detentor de assinalável colecção particular de manuscritos musicais. A publicação regular de partituras musicais por editoras portuenses que abasteciam de ordinário os teatros da cidade e as bandas filarmónicas, mais faziam avolumar as colecções do ilustre musicólogo.

Deitadas mãos à obra, César das Neves contou com devotados colaboradores espalhados pelo país: universitários de Coimbra, regentes de tunas, professores de música, padres. Infelizmente, os recolectores nem sempre indicam as proveniências das recolhas. Abertos os manuscritos, César das Neves conferia as melodias e procedia à respetiva harmonização para piano. Gualdino revia as letras e no caso de haver uma melodia sem texto, juntava-lhe um lote de poemas. Não obstante as lacunas que lhe são apontadas, o "Cancioneiro" permanece como um "corpus" referencial.

Logo no 1º volume, Coimbra e Região foram amplamente retratadas. Numa contagem incompleta, arrolámos mais de 30 composições, abarcando modas satíricas, cânticos religiosos, reportório salonístico e de teatro, serenatas e danças das Fogueiras do São João.

Aqui fica uma relação lacunosa, contudo a dar razão a Octaviano de Sá:

-Oh Que salero

-A Manhã vai Rindo

-As Carvoeiras

-Queres a Flor

-Oh Preto, Oh Preta

-Duzentos Galegos

-Mané Chiné

-São Martinho

-Hymno do Trabalho

-Sou Marinheiro

-Senhor Ladrão

-Ao Menino Deus

-Carinhosa

-A Vida do Marujo

-Noite de Encanto

-A Raptada

-Manuel tão Lindas Moças

-O Noivado do Sepulcro (+Paródia)

-Oh Solidão

-A Judia

-A Ciranda

-Maria Cachucha

-Balada dos Estudantes de 1892

-Louvores ao Espírito Santo

-Hija del Guadalquivir

-Poesia Amor

-A Barquinha

-A Gereziana

-O Exílio

-A Padeirinha

-Às Estrelas

-Dá-me um Beijo

-Cavaco do Rio

-O Meninas Brinquem, Brinquem

-Meu Anjo Escuta

-Canção da Noite

-Noite de Primavera

-Serenata Açoriana

-Despedida de Coimbra

-Esta Calçadinha

-Hymno dos Emigrados Portuguezes

-Olha o que eu Tenho Passado (Frade Capucho)

-Retreta da Bandeira

-Os Caipiras

-Quitollis

-Fado Serenata

-Ao Toque da Música

-Saudades da Aldeia

-Afasta, Janota, Afasta

-O Pésinho

Fonte: O CMP é uma obra rara, impressa em papel de má qualidade. Existem exemplares na Biblioteca Pública Municipal do Porto, Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra e Biblioteca Nacional de Lisboa. Neste caso utilizámos a colecção da BNL, digitalização completa em http://purl.pt.742.

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