terça-feira, fevereiro 20, 2007

Recordando a ENTRUDADA de 1854
Faz anos que rebentou no Largo de Sansão (=Praça 8 de Maio) um conflito entre académicos e populares, conhecido pela designação de Entrudada ou Tomarada.
Os desacatos haviam começado a engrossar no Domingo Gordo, 26 de Fevereiro de 1854, na Praça Velha. Muitos académicos desceram do Bairro Latino à Praça Velha e divertiram-se em animados dichotes e lançamento de objectos tradicionalmente usados no Entrudo Porco, como cascas de tremoços, cebolas, ovos, cinzas, batatas e panelos de barro pejados de desperdícios.
Na 3ª feira concentraram-se os académicos foliões na Praça de Sansão. Veteranos e caloiros improvisaram uma Tourada com investidas, passes de capas, bandarilhas, pegas de caras e de cernelha e animados olés. Enquanto decorria a simulação da tourada académica, estudantes e futricas travavam a batalha dos ovos e dos restos de comidas. Havia muitos moradores apinhados nas janelas do casario do largo que também lançavam desperdícios sobre a multidão.
No meio da folia, alguém atirou um ovo que entrando pela janela de um comerciante chamado Martins se foi esborrachar no peito de sua filha. Esta senhora era casada com um estudante universitário, natural da Guarda, um tal João Lúcio de Figueiredo Lima, de alcunha Lima Valentão, que se deu por ofendido. Lima, de cabeça perdida, arremessou uma panela de barro sobre os toureiros académicos, e de seguida proferiu ameaças de espingarda em punho. Os académicos que estavam na praça invadiram a casa e Lima viu-se obrigado a escapar pelo telhado.
Confrontada com a posição desfavorável das autoridades, a Academia reuniu em assembleia magna extrordinária e decidiu retirar para Lisboa. A 2 de Março de 1854 mais de 200 estudantes marcharam a pé para Lisboa, tendo chegado à fala com o Coronel Francisco Gorjão em Tomar. Gorjão conseguiu parlamentar com os orgulhosos estudantes que regressaram a Coimbra animados com a promessa de uma amnistia.
Com o correr dos anos, o velho Entrudo conimbricense modernizou-se. No começo do século XX o Entrudo Porco fora abandonado no interior da cidade. Foram os anos dos cortejos alegóricos com carros efeitados e batalhas de flores. Seguiram-se, ao longo de toda a primeira metade do século XX, os afamados Bailes de Carnaval, promovidos por hotéis, clubes e sociedades recreativas dos bairros.
Os momentos mais celebrados do Carnaval conimbricense eram os ASSALTOS, convívios organizados por grupos de foliões que visitavam casas de amigos e de vizinhos em busca de petiscos e de animadas ceias.
AMNunes

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