Chapelaria académica
Recém-Doutor em Filosofia pela Universidade de Helsinkia, Finlandia, em 1993. Trajo composto por fraque, luvas, colarinho branco, colete, cartola preta com o emblema da Faculdade e espada.
Não conhecemos propriamente muitos países da velha Europa onde a cartola oitocentista tenha sido elevada à categoria de chapéu universitário, excluindo o bem conhecido exemplo sueco.
A consagração do fraque e da cartola em certos meios universitários parece ter ocorrido na transição do século XIX para o século XX, num período de intensa laicização de algumas antigas universidades e de concomitante afirmação do ensino superior politécnico.
E aqui, como que se oscilou entre o abolicionismo radical, o piscar de olhos aos uniformes militares (politécnico francês), a extensão das antigas insígnias universitárias ao politécnico (caso de Espanha; extensão da Toque e da Toge às Escolas Normais Superiores em França), a solução para-judiciária (Portugal pós-1834), as atitudes desnecessaristas (séc. XIX: Curso Superior de Letras, Instituto Superior de Agronomia), ou a sacralização da cartola, fraque e bengala burguesas.
O traje descrito conheceu vasto prestígio como costume liberal-burguês associado às virtudes do progresso, banca, industrialização e actividade política. Contraponto do traje aristocrático e eclesiástico, sobreviveu à Primeira Grande Guerra no Ocidente como traje protocolar de Estado.
AMNunes
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