Bloco de Notas (5)
1979 ... Já sei praticamente de cor o acompanhamento do Sol maior (novo) de Artur Paredes. Os apontamentos de Carlos Figueiredo foram preciosos para estudar a lição em casa. Pena, é Artur Paredes não autorizar que se gravem as suas peças. Assim, em casa, facilmente as aprenderíamos. Se Carlos Figueiredo já a souber, também, poderemos passar a outra nova. Que eu saiba, tem mais três; uma em lá, outra em Ré, na qual introduz partes do Ré menor antigo, e ainda outra em Sol.
Vou amanhã ensaiar com Durval Moreirinhas e Rui Gomes Pereira. Pretendem ir à Feira do Artesanato e a uma Casa de Fados em Cascais, para dar a conhecer o grupo, com vista a futuros contactos. Além disso, o Durval quer levar-nos à Rapada, Oliveira do Hospital, terra da esposa, Inês, para as Festas da aldeia.
Ando com problemas de mão direita. Em 1965 a minha dedilhação não era óptima mas ia servindo para tocar aquilo que compunha e não só. As pessoas gostavam de me ouvir. Com o interregno, perdi agilidade nos dedos, além de perder para sempre aquelas composições, pois nunca me dei ao cuidado de as gravar! Eram bastante arrojadas para a época! As actuais penso estarem mais bem estruturadas. Em 65 não tinha nenhuma peça que se pudesse dizer – é cem por cento coimbrã. Pensava mesmo não ser capaz de tal desiderato. Afinal, estava enganado.
Estive hoje em casa do Conselheiro Toscano para ouvir uma música nova que compôs no Algarve. É engraçada; usa harmónicos, coisa que nunca tinha ouvido em guitarra de Coimbra.
Ensinou-me uma afinação em Mi menor com as seguintes cordas: mi, sol, si, mi, sol, si. Sobe-se um tom ao ré grave, passando a mi; Desce um tom aos lás, ficando sol; as outras cordas ficam na mesma.
Outra afinação é a chamada Natural; é igual à anterior, só que as cordas de sol, passam a sustenido, obtendo-se o acorde de mi maior.
A terceira afinação é em dó, já conhecida de muita gente, em que o lá grave passa a sol – desce um tom. Dá para dó maior e menor, consoante se carrega no segundo ou primeiro ponto no bordão de ré, respectivamente. O que o Conselheiro Toscano toca com esta afinação, aparece-nos por aí, por vezes, como sendo de Flávio Rodrigues. No entanto, já vêm de antes do Conselheiro, segundo diz; e ele já tem bem mais de oitenta anos!
O Conselheiro Toscano toca uma peça muito antiga onde aparece a subida final, em meios tons, do Lá menor de João Bagão. Acontece aos melhores.
João Bagão foi um grande artista, com muita originalidade nos acompanhamentos que fez a Luiz Goes e outros cantores. Além disso arranca um som excelente da guitarra. Tem um lugar de honra na história da guitarra e do Fado de Coimbra. Admiro muito a sua obra.
Fazem-se agora, na rádio, programas “Do Choupal até à Lapa” em conversa com um senhor doutor, lavradorzito, como diz, e com o seu caseiro qualquer coisa, etc, etc; sem esquecer a sua criadita! Enfim, tudo isto passaria ao lado, se dessem importância ao que se tocou e cantou. Mas não, as músicas de Coimbra, muito poucas em cada programa, caiem ali de pára-quedas. Quem tocou, o quê e de quem? Não sei. O mesmo para o canto! Não se diz nada a este respeito. Metade do tempo é apenas conversa, com um interesse muito restrito!
Quando era novo, ou seja, no início do meu interesse pela arte coimbrã, ouvia serenatas com textos de grande nível. Os fados e as guitarradas ficavam enquadrados pelas fabulosas descrições da paisagem coimbrã, dos costumes das suas gentes, da sua universidade, dos estudantes, da praxe, etc. Depois dum programa destes, ficava verdadeiramente emocionado. Além disso, era habitual referirem o nome dos intervenientes, o que executavam, e até autores, por vezes. Isto dos autores tem muito que se lhe diga! Agora, e estou a falar de 2005, em qualquer rádio, pode ouvir-se um dia de música da mais variada sem referirem sequer um autor!
Voltando a 79; no penúltimo programa não se ouviu falar no senhor doutor! Faltou! Foi uma barrigada de fados e guitarradas. Meia hora a ouvir Coimbra, mas novamente tudo incógnito. Está bem de ver que o problema não estava no interlocutor!... Mas para que quer a “malta de Coimbra” que lhe digam os nomes? Isso já é vaidade a mais! Tenham juízo, meninos! E saia uma saudação académica!
1979 ... Já sei praticamente de cor o acompanhamento do Sol maior (novo) de Artur Paredes. Os apontamentos de Carlos Figueiredo foram preciosos para estudar a lição em casa. Pena, é Artur Paredes não autorizar que se gravem as suas peças. Assim, em casa, facilmente as aprenderíamos. Se Carlos Figueiredo já a souber, também, poderemos passar a outra nova. Que eu saiba, tem mais três; uma em lá, outra em Ré, na qual introduz partes do Ré menor antigo, e ainda outra em Sol.
Vou amanhã ensaiar com Durval Moreirinhas e Rui Gomes Pereira. Pretendem ir à Feira do Artesanato e a uma Casa de Fados em Cascais, para dar a conhecer o grupo, com vista a futuros contactos. Além disso, o Durval quer levar-nos à Rapada, Oliveira do Hospital, terra da esposa, Inês, para as Festas da aldeia.
Ando com problemas de mão direita. Em 1965 a minha dedilhação não era óptima mas ia servindo para tocar aquilo que compunha e não só. As pessoas gostavam de me ouvir. Com o interregno, perdi agilidade nos dedos, além de perder para sempre aquelas composições, pois nunca me dei ao cuidado de as gravar! Eram bastante arrojadas para a época! As actuais penso estarem mais bem estruturadas. Em 65 não tinha nenhuma peça que se pudesse dizer – é cem por cento coimbrã. Pensava mesmo não ser capaz de tal desiderato. Afinal, estava enganado.
Estive hoje em casa do Conselheiro Toscano para ouvir uma música nova que compôs no Algarve. É engraçada; usa harmónicos, coisa que nunca tinha ouvido em guitarra de Coimbra.
Ensinou-me uma afinação em Mi menor com as seguintes cordas: mi, sol, si, mi, sol, si. Sobe-se um tom ao ré grave, passando a mi; Desce um tom aos lás, ficando sol; as outras cordas ficam na mesma.
Outra afinação é a chamada Natural; é igual à anterior, só que as cordas de sol, passam a sustenido, obtendo-se o acorde de mi maior.
A terceira afinação é em dó, já conhecida de muita gente, em que o lá grave passa a sol – desce um tom. Dá para dó maior e menor, consoante se carrega no segundo ou primeiro ponto no bordão de ré, respectivamente. O que o Conselheiro Toscano toca com esta afinação, aparece-nos por aí, por vezes, como sendo de Flávio Rodrigues. No entanto, já vêm de antes do Conselheiro, segundo diz; e ele já tem bem mais de oitenta anos!
O Conselheiro Toscano toca uma peça muito antiga onde aparece a subida final, em meios tons, do Lá menor de João Bagão. Acontece aos melhores.
João Bagão foi um grande artista, com muita originalidade nos acompanhamentos que fez a Luiz Goes e outros cantores. Além disso arranca um som excelente da guitarra. Tem um lugar de honra na história da guitarra e do Fado de Coimbra. Admiro muito a sua obra.
Fazem-se agora, na rádio, programas “Do Choupal até à Lapa” em conversa com um senhor doutor, lavradorzito, como diz, e com o seu caseiro qualquer coisa, etc, etc; sem esquecer a sua criadita! Enfim, tudo isto passaria ao lado, se dessem importância ao que se tocou e cantou. Mas não, as músicas de Coimbra, muito poucas em cada programa, caiem ali de pára-quedas. Quem tocou, o quê e de quem? Não sei. O mesmo para o canto! Não se diz nada a este respeito. Metade do tempo é apenas conversa, com um interesse muito restrito!
Quando era novo, ou seja, no início do meu interesse pela arte coimbrã, ouvia serenatas com textos de grande nível. Os fados e as guitarradas ficavam enquadrados pelas fabulosas descrições da paisagem coimbrã, dos costumes das suas gentes, da sua universidade, dos estudantes, da praxe, etc. Depois dum programa destes, ficava verdadeiramente emocionado. Além disso, era habitual referirem o nome dos intervenientes, o que executavam, e até autores, por vezes. Isto dos autores tem muito que se lhe diga! Agora, e estou a falar de 2005, em qualquer rádio, pode ouvir-se um dia de música da mais variada sem referirem sequer um autor!
Voltando a 79; no penúltimo programa não se ouviu falar no senhor doutor! Faltou! Foi uma barrigada de fados e guitarradas. Meia hora a ouvir Coimbra, mas novamente tudo incógnito. Está bem de ver que o problema não estava no interlocutor!... Mas para que quer a “malta de Coimbra” que lhe digam os nomes? Isso já é vaidade a mais! Tenham juízo, meninos! E saia uma saudação académica!
<< Home