DISCOGRAFIA DE ANTÓNIO BATOQUE E RESPECTIVAS LETRAS
Por José Anjos de Carvalho
António Marques Batoque (Évora, 13-11-1901; Lisboa, 14-10-1971) fez o curso dos Liceus em Évora, sua terra natal, e matriculou-se em Direito na Universidade de Coimbra, curso que concluiu em 27 de Outubro de 1927.
Foi sebenteiro a partir de 1922, escrevendo as lições de alguns seus professores (Fezas Vital, Mário de Figueiredo e José Alberto Reis), de parceria com um outro colega seu e, isoladamente, em 1925, foi o último sebenteiro do professor Dr. António de Oliveira Salazar.
No decurso do 2º semestre de 1926 António Batoque gravou três discos de 78 rpm para a Columbia, tendo sido, de entre todos os estudantes de Coimbra da chamada Década de Oiro, o primeiro cantor a gravar a sua voz. Foi acompanhado à guitarra e à viola, mas nos discos não figuram os nomes dos instrumentistas (José Niza indica como instrumentistas os nomes de Albano de Noronha e Afonso de Sousa, informação que não é correcta porque Afonso de Sousa, além de não referir tal participação em nenhum dos seus escritos, afirma, sem sombra para dúvidas, que ao lado de Albano de Noronha só acompanhou Armando Goes e Almeida d’Eça).
Nos discos também não figuram as autorias e a única informação que contém é a indicação, por baixo dos respectivos títulos, de Popular, entre parêntesis, o que admite supor que estes seis fados estariam fortemente popularizados e muito em voga na década de 20, em Coimbra.
Antes da conclusão do curso, em Março de 1927, António Batoque foi eleito delegado dos estudantes da Faculdade de Direito à Assembleia da Universidade.
Como advogado é autor de várias publicações sobre Direito.
1. DISCOGRAFIA:
Disco Columbia, J 796
P 128 – Fado de Coimbra Nº 2 (Passarinhos, meus amigos)
P 129 – Fado de Coimbra Nº 3 (A graça nasce da graça)
Disco Columbia, J 797
P 130 – Fado de Coimbra Nº 4 (Ceifeira que andas à calma)
P 132 – Fado de Coimbra nº 6 (Sei lá se a dor me consome)
Disco Columbia, J 798
P 131 – Fado de Coimbra Nº 5 (Cantigas são como freiras)
P 133 – Fado de Coimbra Nº 7 (Vento não batas à porta)
2. LETRAS:
FADO DE COIMBRA N.º 2 (Passarinhos, meus amigos)
Música: Popular
Letra: 1ª quadra: Afonso Gaio
2ª quadra: Popular ( <1896)
Edição musical: Desconheço a sua existência
I
Passarinhos, meus amigos,
Eu também sou vosso irmão:
– Vós tendes penas nas asas,
Eu tenho-as no coração.
II
Tenho pena de ter pena,
Pena de quem penas tem;
Tenho pena de mim mesmo
Que peno mais que ninguém.
Informação complementar:
Composição musical estrófica. Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
A 1ª quadra «Passarinhos meus amigos» é do poeta, dramaturgo e jornalista, Afonso Henriques Vieira Gaio (1872-1941). Contudo, em Mil Trovas Populares Portuguesas (1903) a quadra é dada já como popular e bem assim nos cancioneiros, de Oliveira do Bairro, Geral dos Açores, Transmontano e Alto-Duriense e em O que o Povo canta em Portugal, de Jaime Cortesão.
A 2ª quadra «Tenho pena de ter pena» figura como popular nas Canções Populares da Beira, de Pedro Fernandes Tomás, 1896, pág. 171. Figura também no II volume do Cancioneiro de Músicas Populares, de César das Neves, no Cancioneiro Popular Português, de José Leite de Vasconcelos (recolhida em Penafiel e Vila Real), Cancioneiro Popular Transmontano e Alto-Duriense e outros.
FADO DE COIMBRA Nº 3 (A graça nasce da graça)
Música: Popular (?)
Letra: 1ª Quadra: Américo Durão (1917)
2ª Quadra: (?)
Edição musical: Desconheço a sua existência
I
A graça nasce da graça,
A minha nasceu de ti:
– Vivo no estado de graça
Desde a hora em que te vi.
II
Amei-te sem querer amar-te,
Amei-te muito sem querer,
E quando quis odiar-te
Vivias tu no meu ser.
Informação complementar:
Composição musical estrófica. Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
A 1ª quadra «A graça nasce da graça» é de Américo de Oliveira Durão (1893-1969) e encontra-se no livro POEMA DE HUMILDADE, editado em 1917 (Canto II, V quadra).
A 2ª quadra «Amei-te sem querer amar-te» admito que possa ser popular mas ainda a não encontrei em nenhum cancioneiro.
FADO DE COIMBRA Nº 4 (Ceifeira que andas à calma)
Música: Alexandre de Rezende
Letra: Popular
Edição musical: Desconheço a sua existência
I
Ceifeira que andas à calma,
A ceifar o loiro trigo,
Ceifa as penas da minha alma
E leva-as depois contigo
II
O bico da tua foice
Esta minha alma feriu
E as penas tu não ceifaste,
O teu olhar não as viu.
Informação complementar:
Composição musical estrófica. Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e só se repete o 4º verso.
A 1ª quadra, «Ceifeira que andas à calma», foi recolhida em Vila Verde de Ficalho, Serpa, por José Leite de Vasconcelos e vem referenciada no Cancioneiro Popular Português, 1º volume, pág. 221. Figura também no Cancioneiro Geral dos Açores e no livro Terra e Canto de Todos, de José Viale Moutinho.
A 2ª quadra, «O bico da tua foice», embora a considere como popular, o certo é que ainda a não encontrei em cancioneiro algum.
Para quem não saiba se esclarece que a música deste fado é a mesma de muitos outros que a seguir vão indicados cronologicamente pelas datas das respectivas gravações, tendo todos eles títulos e/ou letras diferentes e, quando algumas quadras figuram em mais de um desses fados, elas apresentam variantes já que não há duas quadras que sejam exactamente iguais.
* FADO DA MÁGOA (A minha tristeza é tanta), gravado por Carvalho de Oliveira ainda antes da gravação de António Batoque (aliás, Carvalho de Oliveira canta e repete os 2.ºs dísticos, versão que se julga ser a original, sendo só a partir da gravação de António Batoque que em vez de se repetir todo o 2º dístico se passou a repetir apenas o 4º verso). Disco Pathé, 4043, master 201026.
* FADO DE COIMBRAN.º 4 (Ceifeira que andas à calma), gravado por António Batoque em 1926. Disco Columbia, J 797, master P.130.
* UM FADO DE COIMBRA (És linda mas foras feia), gravado por Paradela de Oliveira em Maio de 1927. Disco His Master’s Voice, E.Q. 82, master 7-62174.
* INQUIETAÇÃO (Quanto mais foges de mim), gravado por Edmundo de Bettencourt em Fevereiro de 1928, no Porto. Disco Columbia, 8122, master P.307.
* FADO DOS NAMORADOS(Não digas não, dize sim), gravado por António Menano na Primavera de 1928, em Lisboa. Disco Odeon, 136.818, master Og 688.
* FADO (Eu tenho tanto cuidado), gravado por Almeida d’Eça em 1929. Disco Polydor, P 42137, master 42138.
* INQUIETAÇÃO (És linda se foras feia), gravado por José Afonso em Junho/Julho de 1980. LP Orfeu, FPAT 6011, editado em 1981.
Perante uma tal constatação, pergunto-me a mim mesmo se a proliferação discográfica de títulos e letras de um mesmo fado será um bem a salvaguardar.
FADO DE COIMBRA Nº 6 (Sei lá se a dor me consome)
Música: Maestro Lourenço Soares Varela Cid
Letra: 1ª Quadra: Virgínia Vitorino
2ª Quadra: Popular
Edição musical: Desconheço a sua existência
I
Sei lá se a dor me consome,
O teu amor guarda-o bem,
Sei que há quem morra de fome
Sem pedir nada a ninguém.
II
Ficam-te os olhos em brasa
Se algum noivado tu vês...
Deixa lá casar quem casa
Que ninguém nos tira a vez.
Por José Anjos de Carvalho
António Marques Batoque (Évora, 13-11-1901; Lisboa, 14-10-1971) fez o curso dos Liceus em Évora, sua terra natal, e matriculou-se em Direito na Universidade de Coimbra, curso que concluiu em 27 de Outubro de 1927.
Foi sebenteiro a partir de 1922, escrevendo as lições de alguns seus professores (Fezas Vital, Mário de Figueiredo e José Alberto Reis), de parceria com um outro colega seu e, isoladamente, em 1925, foi o último sebenteiro do professor Dr. António de Oliveira Salazar.
No decurso do 2º semestre de 1926 António Batoque gravou três discos de 78 rpm para a Columbia, tendo sido, de entre todos os estudantes de Coimbra da chamada Década de Oiro, o primeiro cantor a gravar a sua voz. Foi acompanhado à guitarra e à viola, mas nos discos não figuram os nomes dos instrumentistas (José Niza indica como instrumentistas os nomes de Albano de Noronha e Afonso de Sousa, informação que não é correcta porque Afonso de Sousa, além de não referir tal participação em nenhum dos seus escritos, afirma, sem sombra para dúvidas, que ao lado de Albano de Noronha só acompanhou Armando Goes e Almeida d’Eça).
Nos discos também não figuram as autorias e a única informação que contém é a indicação, por baixo dos respectivos títulos, de Popular, entre parêntesis, o que admite supor que estes seis fados estariam fortemente popularizados e muito em voga na década de 20, em Coimbra.
Antes da conclusão do curso, em Março de 1927, António Batoque foi eleito delegado dos estudantes da Faculdade de Direito à Assembleia da Universidade.
Como advogado é autor de várias publicações sobre Direito.
1. DISCOGRAFIA:
Disco Columbia, J 796
P 128 – Fado de Coimbra Nº 2 (Passarinhos, meus amigos)
P 129 – Fado de Coimbra Nº 3 (A graça nasce da graça)
Disco Columbia, J 797
P 130 – Fado de Coimbra Nº 4 (Ceifeira que andas à calma)
P 132 – Fado de Coimbra nº 6 (Sei lá se a dor me consome)
Disco Columbia, J 798
P 131 – Fado de Coimbra Nº 5 (Cantigas são como freiras)
P 133 – Fado de Coimbra Nº 7 (Vento não batas à porta)
2. LETRAS:
FADO DE COIMBRA N.º 2 (Passarinhos, meus amigos)
Música: Popular
Letra: 1ª quadra: Afonso Gaio
2ª quadra: Popular ( <1896)
Edição musical: Desconheço a sua existência
I
Passarinhos, meus amigos,
Eu também sou vosso irmão:
– Vós tendes penas nas asas,
Eu tenho-as no coração.
II
Tenho pena de ter pena,
Pena de quem penas tem;
Tenho pena de mim mesmo
Que peno mais que ninguém.
Informação complementar:
Composição musical estrófica. Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
A 1ª quadra «Passarinhos meus amigos» é do poeta, dramaturgo e jornalista, Afonso Henriques Vieira Gaio (1872-1941). Contudo, em Mil Trovas Populares Portuguesas (1903) a quadra é dada já como popular e bem assim nos cancioneiros, de Oliveira do Bairro, Geral dos Açores, Transmontano e Alto-Duriense e em O que o Povo canta em Portugal, de Jaime Cortesão.
A 2ª quadra «Tenho pena de ter pena» figura como popular nas Canções Populares da Beira, de Pedro Fernandes Tomás, 1896, pág. 171. Figura também no II volume do Cancioneiro de Músicas Populares, de César das Neves, no Cancioneiro Popular Português, de José Leite de Vasconcelos (recolhida em Penafiel e Vila Real), Cancioneiro Popular Transmontano e Alto-Duriense e outros.
FADO DE COIMBRA Nº 3 (A graça nasce da graça)
Música: Popular (?)
Letra: 1ª Quadra: Américo Durão (1917)
2ª Quadra: (?)
Edição musical: Desconheço a sua existência
I
A graça nasce da graça,
A minha nasceu de ti:
– Vivo no estado de graça
Desde a hora em que te vi.
II
Amei-te sem querer amar-te,
Amei-te muito sem querer,
E quando quis odiar-te
Vivias tu no meu ser.
Informação complementar:
Composição musical estrófica. Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
A 1ª quadra «A graça nasce da graça» é de Américo de Oliveira Durão (1893-1969) e encontra-se no livro POEMA DE HUMILDADE, editado em 1917 (Canto II, V quadra).
A 2ª quadra «Amei-te sem querer amar-te» admito que possa ser popular mas ainda a não encontrei em nenhum cancioneiro.
FADO DE COIMBRA Nº 4 (Ceifeira que andas à calma)
Música: Alexandre de Rezende
Letra: Popular
Edição musical: Desconheço a sua existência
I
Ceifeira que andas à calma,
A ceifar o loiro trigo,
Ceifa as penas da minha alma
E leva-as depois contigo
II
O bico da tua foice
Esta minha alma feriu
E as penas tu não ceifaste,
O teu olhar não as viu.
Informação complementar:
Composição musical estrófica. Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e só se repete o 4º verso.
A 1ª quadra, «Ceifeira que andas à calma», foi recolhida em Vila Verde de Ficalho, Serpa, por José Leite de Vasconcelos e vem referenciada no Cancioneiro Popular Português, 1º volume, pág. 221. Figura também no Cancioneiro Geral dos Açores e no livro Terra e Canto de Todos, de José Viale Moutinho.
A 2ª quadra, «O bico da tua foice», embora a considere como popular, o certo é que ainda a não encontrei em cancioneiro algum.
Para quem não saiba se esclarece que a música deste fado é a mesma de muitos outros que a seguir vão indicados cronologicamente pelas datas das respectivas gravações, tendo todos eles títulos e/ou letras diferentes e, quando algumas quadras figuram em mais de um desses fados, elas apresentam variantes já que não há duas quadras que sejam exactamente iguais.
* FADO DA MÁGOA (A minha tristeza é tanta), gravado por Carvalho de Oliveira ainda antes da gravação de António Batoque (aliás, Carvalho de Oliveira canta e repete os 2.ºs dísticos, versão que se julga ser a original, sendo só a partir da gravação de António Batoque que em vez de se repetir todo o 2º dístico se passou a repetir apenas o 4º verso). Disco Pathé, 4043, master 201026.
* FADO DE COIMBRAN.º 4 (Ceifeira que andas à calma), gravado por António Batoque em 1926. Disco Columbia, J 797, master P.130.
* UM FADO DE COIMBRA (És linda mas foras feia), gravado por Paradela de Oliveira em Maio de 1927. Disco His Master’s Voice, E.Q. 82, master 7-62174.
* INQUIETAÇÃO (Quanto mais foges de mim), gravado por Edmundo de Bettencourt em Fevereiro de 1928, no Porto. Disco Columbia, 8122, master P.307.
* FADO DOS NAMORADOS(Não digas não, dize sim), gravado por António Menano na Primavera de 1928, em Lisboa. Disco Odeon, 136.818, master Og 688.
* FADO (Eu tenho tanto cuidado), gravado por Almeida d’Eça em 1929. Disco Polydor, P 42137, master 42138.
* INQUIETAÇÃO (És linda se foras feia), gravado por José Afonso em Junho/Julho de 1980. LP Orfeu, FPAT 6011, editado em 1981.
Perante uma tal constatação, pergunto-me a mim mesmo se a proliferação discográfica de títulos e letras de um mesmo fado será um bem a salvaguardar.
FADO DE COIMBRA Nº 6 (Sei lá se a dor me consome)
Música: Maestro Lourenço Soares Varela Cid
Letra: 1ª Quadra: Virgínia Vitorino
2ª Quadra: Popular
Edição musical: Desconheço a sua existência
I
Sei lá se a dor me consome,
O teu amor guarda-o bem,
Sei que há quem morra de fome
Sem pedir nada a ninguém.
II
Ficam-te os olhos em brasa
Se algum noivado tu vês...
Deixa lá casar quem casa
Que ninguém nos tira a vez.
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Informação complementar:
Composição musical estrófica. Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e volta-se a repetir o 1º dístico.
A música é a mesma de UM FADO (Tenho tantas saudades), cantado por António Menano gravado em Lisboa na Primavera de 1928 (Disco Odeon, 136.819, master Og 673).
A 1ª quadra, «Sei lá se a dor me consome», é da poetisa Virgínia Vila-Nova de Sousa Vitorino (1898-1968). António Batoque, no 3º verso da quadra de Virgínia Vitorino, em vez de «Sei que há...» canta «Se ele há...», adulteração devida possivelmente a deficiente aprendizagem de outiva. Esta quadra entra em diversos outros fados, Choro d’Alma (Sei lá se a dor me consome), Fado Novo (Dizes tu que ando contente) e até Manuel Branquinho a gravou como 2ª quadra do fado Rosas Brancas (Quando eu morrer, rosas brancas).
A 2ª quadra, «Ficam-te os olhos em brasa» é considerada popular, encontrando-se variantes literárias no Cancioneiro Geral dos Açores e no Cancioneiro Popular Transmontano e Alto-Duriense. Uma outra variante literária é cantada no fado São Tão Lindos os Teus Olhos.
FADO DE COIMBRA N.º 5 (Cantigas são como as freiras)
Música: (?)
Letra: (?)
Edição musical: Desconheço a sua existência.
I
Cantigas são como freiras
Das grades, falando ao vento;
Coimbra das oliveiras
Que te fizeste convento.
II
Coimbra, falas à gente
Num sonho de voz profundo,
Ó paisagem transcendente
Que já não és deste mundo.
Informação complementar:
Composição musical estrófica. Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Este fado também é designado por FADO ANTIGO, provavelmente por a sua música ser a mesma do FADO ANTIGO(Saudades de amor quem há-de) gravado por Paradela de Oliveira. Talvez por este motivo seja frequente atribuir a sua autoria a Paradela de Oliveira. Que eu saiba, Paradela só é o autor da música de cinco fados (Penumbras, Andorinhas, Desesperança, Fim e Nunca e sempre).
A 1ª quadra, «Cantigas são como freiras», é cantada no FADO DE SANTA CLARA(Eu ouvi de Santa Clara) por José Paradela de Oliveira (Disco His Master’s Voice, E.Q, 174, master 7-62221).
FADO DE COIMBRA N.º 7 (Vento não batas à porta)
Música: Fortunato Roma da Fonseca
Letra: 1ª Quadra: Júlio Brandão (1905)
2ª Quadra: (?)
Edição musical: Desconheço a sua existência.
I
Vento não batas à porta,
Que ela julga que sou eu!
É uma quimera morta...
Não chames por quem morreu.
II
Ó vento, não metas medo
Ao que aí está pra morrer;
Não arranques um segredo
A quem não quere viver.
Informação complementar:
Composição musical estrófica. Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
A música é a mesma do fado TRISTE (Ai daqueles que só amam), gravado em 1927 por Lucas Junot (Disco Columbia, 8101, master P.189).
A 1ª quadra, «Vento não batas à porta» é de Júlio Brandão (1869-1947) e apareceu pela primeira vez em 1905, na Enciclopédia das Famílias, Revista de Instrução e Recreio, 19º Ano, n.º 220, de Abril de 1905. Posteriormente veio a figurar no livro Nuvem de Oiro, editado pela 1ª vez em 1912.
Desconheço a autoria da 2ª quadra, «Ó vento, não metas medo».
Remate:
Face aos títulos dados aos fados somos levados a admitir que António Batoque teria gravado mais dois fados (o N.º 1 e o N.º 8) e que eventualmente exista um quarto disco com o FADO DE COIMBRA Nº 1 e o FADO DE COIMBRA Nº 8. Admitimos que sim, que tenha gravado, e tal disco, se tivesse sido editado, provavelmente teria o número de catálogo J 795 (ou então o J 799), da Columbia, e os masters seriam, respectivamente, P.127 e P.134. Pessoalmente estou firmemente convicto que efectivamente gravou mas que o disco não chegou a entrar no circuito comercial. Que fados seriam esses, não sabemos.
Não tenho o disco Columbia, J 798 (Fados N.º 5 e N.º 7) mas, em gravação transposta para CD, que me foi oferecida pelo Dr. Octávio Sérgio tive oportunidade de verificar as letras e, com a colaboração do Dr. António Nunes, identificar a designação Fado Antigo (Cantigas são como freiras) como sendo o FADO DE COIMBRA N.º 5 e, o FADO TRISTE (Vento não batas à porta), como o FADO DE COIMBRA N.º 7.
De referir também que um dos fados gravados por António Batoque se encontra vertido em compact disc, o Fado de Coimbra N.º 6 (Sei lá se a dor me consome). Trata-se do CD Fados From Portugal, volume 2, 1926-1930, produzido pela Interstate Music Ltd, etiqueta Heritage, HT CD 31, editado em 1992, disco em que também figuram Artur Paredes, Edmundo Bettencourt, José Joaquim Cavalheiro Jr., Lucas Junot e Paradela de Oliveira, além de António Batoque. Este mesmo disco foi reproduzido em 1994 pela editora TRADISOM, de Vila Verde, Braga (CD Fado de Coimbra (1926-1930), TRADISOM, TRAD 005), integrado na colecção Arquivos do Fado, da mesma editora.
Lisboa, 30 de Setembro de 2005
Informação complementar:
Composição musical estrófica. Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e volta-se a repetir o 1º dístico.
A música é a mesma de UM FADO (Tenho tantas saudades), cantado por António Menano gravado em Lisboa na Primavera de 1928 (Disco Odeon, 136.819, master Og 673).
A 1ª quadra, «Sei lá se a dor me consome», é da poetisa Virgínia Vila-Nova de Sousa Vitorino (1898-1968). António Batoque, no 3º verso da quadra de Virgínia Vitorino, em vez de «Sei que há...» canta «Se ele há...», adulteração devida possivelmente a deficiente aprendizagem de outiva. Esta quadra entra em diversos outros fados, Choro d’Alma (Sei lá se a dor me consome), Fado Novo (Dizes tu que ando contente) e até Manuel Branquinho a gravou como 2ª quadra do fado Rosas Brancas (Quando eu morrer, rosas brancas).
A 2ª quadra, «Ficam-te os olhos em brasa» é considerada popular, encontrando-se variantes literárias no Cancioneiro Geral dos Açores e no Cancioneiro Popular Transmontano e Alto-Duriense. Uma outra variante literária é cantada no fado São Tão Lindos os Teus Olhos.
FADO DE COIMBRA N.º 5 (Cantigas são como as freiras)
Música: (?)
Letra: (?)
Edição musical: Desconheço a sua existência.
I
Cantigas são como freiras
Das grades, falando ao vento;
Coimbra das oliveiras
Que te fizeste convento.
II
Coimbra, falas à gente
Num sonho de voz profundo,
Ó paisagem transcendente
Que já não és deste mundo.
Informação complementar:
Composição musical estrófica. Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Este fado também é designado por FADO ANTIGO, provavelmente por a sua música ser a mesma do FADO ANTIGO(Saudades de amor quem há-de) gravado por Paradela de Oliveira. Talvez por este motivo seja frequente atribuir a sua autoria a Paradela de Oliveira. Que eu saiba, Paradela só é o autor da música de cinco fados (Penumbras, Andorinhas, Desesperança, Fim e Nunca e sempre).
A 1ª quadra, «Cantigas são como freiras», é cantada no FADO DE SANTA CLARA(Eu ouvi de Santa Clara) por José Paradela de Oliveira (Disco His Master’s Voice, E.Q, 174, master 7-62221).
FADO DE COIMBRA N.º 7 (Vento não batas à porta)
Música: Fortunato Roma da Fonseca
Letra: 1ª Quadra: Júlio Brandão (1905)
2ª Quadra: (?)
Edição musical: Desconheço a sua existência.
I
Vento não batas à porta,
Que ela julga que sou eu!
É uma quimera morta...
Não chames por quem morreu.
II
Ó vento, não metas medo
Ao que aí está pra morrer;
Não arranques um segredo
A quem não quere viver.
Informação complementar:
Composição musical estrófica. Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
A música é a mesma do fado TRISTE (Ai daqueles que só amam), gravado em 1927 por Lucas Junot (Disco Columbia, 8101, master P.189).
A 1ª quadra, «Vento não batas à porta» é de Júlio Brandão (1869-1947) e apareceu pela primeira vez em 1905, na Enciclopédia das Famílias, Revista de Instrução e Recreio, 19º Ano, n.º 220, de Abril de 1905. Posteriormente veio a figurar no livro Nuvem de Oiro, editado pela 1ª vez em 1912.
Desconheço a autoria da 2ª quadra, «Ó vento, não metas medo».
Remate:
Face aos títulos dados aos fados somos levados a admitir que António Batoque teria gravado mais dois fados (o N.º 1 e o N.º 8) e que eventualmente exista um quarto disco com o FADO DE COIMBRA Nº 1 e o FADO DE COIMBRA Nº 8. Admitimos que sim, que tenha gravado, e tal disco, se tivesse sido editado, provavelmente teria o número de catálogo J 795 (ou então o J 799), da Columbia, e os masters seriam, respectivamente, P.127 e P.134. Pessoalmente estou firmemente convicto que efectivamente gravou mas que o disco não chegou a entrar no circuito comercial. Que fados seriam esses, não sabemos.
Não tenho o disco Columbia, J 798 (Fados N.º 5 e N.º 7) mas, em gravação transposta para CD, que me foi oferecida pelo Dr. Octávio Sérgio tive oportunidade de verificar as letras e, com a colaboração do Dr. António Nunes, identificar a designação Fado Antigo (Cantigas são como freiras) como sendo o FADO DE COIMBRA N.º 5 e, o FADO TRISTE (Vento não batas à porta), como o FADO DE COIMBRA N.º 7.
De referir também que um dos fados gravados por António Batoque se encontra vertido em compact disc, o Fado de Coimbra N.º 6 (Sei lá se a dor me consome). Trata-se do CD Fados From Portugal, volume 2, 1926-1930, produzido pela Interstate Music Ltd, etiqueta Heritage, HT CD 31, editado em 1992, disco em que também figuram Artur Paredes, Edmundo Bettencourt, José Joaquim Cavalheiro Jr., Lucas Junot e Paradela de Oliveira, além de António Batoque. Este mesmo disco foi reproduzido em 1994 pela editora TRADISOM, de Vila Verde, Braga (CD Fado de Coimbra (1926-1930), TRADISOM, TRAD 005), integrado na colecção Arquivos do Fado, da mesma editora.
Lisboa, 30 de Setembro de 2005
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