domingo, outubro 02, 2005


HANS CHRISTIAN ANDERSEN E A CANÇÃO DE COIMBRA
Em 2005 tem sido assinalado um pouco por todo o mundo ocidental o bicentenário do nascimento do famoso contista infantil Andersen. Destaquemos algumas alusões em sites na internet, em português e inglês, reedições das suas obras, lançamentos em dvd de desenhos animados (ex: série "200 Years. Hans Christian Andersen. The Fairy Taler", editado pelo jornal PÚBLICO), exposições em bibliotecas escolares, inclusões nos planos anuais de actividades de creches e jardins de infância, reedições antológicas em livro.
Hans Christian Andersen, nasceu na Dinamarca, a 2 de Abril de 1805 e faleceu na cidade de Copenhaga, a 4 de Agosto de 1875.
Após um período economicamente difícil, começou a publicar contos infantis por volta de 1822. Alguns dos contos divulgados nas obras de Andersen são do próprio autor e não recolhas da tradição oral. Em 1835 saíu a obra "Contos para crianças", cujo sucesso se revelou esmagador. Viajante incansável, amigo de escritores e de intelectuais, Andersen visitou Portugal em 1866, acompanhado pela sua inseparável bateria de malas, porta-cartolas, guarda chuva e corda de pronto socorro. "Uma Viagem em Portugal", encontra-se editada em língua portuguesa pela Gailivro, de Vila Nova de Gaia, com data de 2003.
Andersen permaneceu em Portugal 2 meses e 1 semana, por alturas do Verão de 1866, tendo visitado Setúbal, Brancanes, Lisboa, Sintra, Aveiro e Coimbra. A deslocação a Coimbra ocorreu em Julho de 1866, integrada no circuito Lisboa/Aveiro e Aveiro/Coimbra/Lisboa.
É na pág. 79 da tradução e edição da Gailivro que Andersen anota relativamente à vida estudantil: "Ouvem-se com frequência nas ruas guitarras e serenatas. E com guitarras e espingardas aos ombros partem também, jovialmente, em cavalos alugados, à caça" (...). E na pág. 80, referindo-se a uma agradável passeata no Jardim Botânico: "Encontrei depois alguns estudantes, todos com os seus trajes medievais. Um ia só, a ler um livro, três em animada conversa, as guitarras aos ombros".
Admitimos que as descrições de Andersen possam enfermar de alguma falta de rigor. No que respeita ao Trajo Académico, aquilo que aos olhos do contista pareceu "medieval", acabara de dar um salto de gigante com o curso de Antero de Quental, nomeadamente com a introdução da calça comprida de alçapão, a camisa branca, o colete e a "batina-casaca". Sobre o vocábulo "guitarras", somos levados a admitir que o tradutor de 2003 tenha optado por uniformizar os critérios e transcrever anacronicamente "guitarra" em frases onde Andersen possa ter anotado aleatoriamente um equivalente ao inglês generalista "guitar"(ou seja, no espírito do tradutor pode ter prevalecido o dúbio critério "se o instrumento mais tocado hoje pelos estudantes de Coimbra é a guitarra, então Andersen viu e escutou guitarras"). A ser assim (e não andaremos longe da verdade), Andersen deve ter visto estudantes com cordofones nas mãos e aos ombros, sendo que uns eram Violas Toeiras, outros exemplares de Guitarras Inglesas e um outro Violão Francês.
Texto: António M. NunesPosted by Picasa

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