Um escrito de Torga sobre a Canção de Coimbra
Miguel Torga, "A criação do mundo. O terceiro dia", Coimbra, Edição do Autor, 1938 (extraído da 4ª edição, Coimbra, 1970, págs. 83-84). Adolfo Correia Rocha, médico e escritor, nasceu em São Martinho da Anta, Concelho de Sabrosa, no dia 12 de Agosto de 1907. Aos 13 anos emigrou para o Brasil. Em 1925 regressa a Portugal e frequenta o Liceu de Lamego. De 1928 a 8/12/1933 estudou Medicina na Universidade de Coimbra. Exerceu Medicina em São Martinho da Anta, Miranda do Corvo e Coimbra. Faleceu em Coimbra no dia 17 de Janeiro de 1995.
Até nas tabernas da boémia desfraldávamos o pendão da revolta, no esforço hérculeo de abalar as raízes da Coimbra petrificada na tradição. O dr. Marinho cantava. O Roseira, também poeta, tocava guitarra. Mas no próprio fado se procurava encontrar o lado solar, a pureza expressiva, num repúdio sadio de sentimentalidades chulas e langores turísticos. Queríamos ser a autenticidade dum Portugal local, que desejávamos tornar universal. Nas margens do rio cobertas de salgueiros e povoadas de rouxinóis, enquanto outros enlanguesciam de melancolia, tentávamos nós reviver a lírica palpitante e viril de Camões, que considerávamos a parte mais perene da sua obra.
(Selecção e transcrição de António M. Nunes)
Miguel Torga, "A criação do mundo. O terceiro dia", Coimbra, Edição do Autor, 1938 (extraído da 4ª edição, Coimbra, 1970, págs. 83-84). Adolfo Correia Rocha, médico e escritor, nasceu em São Martinho da Anta, Concelho de Sabrosa, no dia 12 de Agosto de 1907. Aos 13 anos emigrou para o Brasil. Em 1925 regressa a Portugal e frequenta o Liceu de Lamego. De 1928 a 8/12/1933 estudou Medicina na Universidade de Coimbra. Exerceu Medicina em São Martinho da Anta, Miranda do Corvo e Coimbra. Faleceu em Coimbra no dia 17 de Janeiro de 1995.
Até nas tabernas da boémia desfraldávamos o pendão da revolta, no esforço hérculeo de abalar as raízes da Coimbra petrificada na tradição. O dr. Marinho cantava. O Roseira, também poeta, tocava guitarra. Mas no próprio fado se procurava encontrar o lado solar, a pureza expressiva, num repúdio sadio de sentimentalidades chulas e langores turísticos. Queríamos ser a autenticidade dum Portugal local, que desejávamos tornar universal. Nas margens do rio cobertas de salgueiros e povoadas de rouxinóis, enquanto outros enlanguesciam de melancolia, tentávamos nós reviver a lírica palpitante e viril de Camões, que considerávamos a parte mais perene da sua obra.
(Selecção e transcrição de António M. Nunes)
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