Guitarrilha de F. Menano
Guitarrilha de Tipo Coimbra, adquirida pelo Dr. Francisco Paulo Menano quando veio de Fornos de Algodres para o Liceu de Coimbra em 1905. Foi fabricada pelo afamado violeiro local Augusto Nunes dos Santos, ostentando na etiqueta a data de 1905.
Próxima das guitarrilhas então em voga e já claramente tipificadas em Lisboa e no Porto, apresenta ilharga a tender para o baixo (5,3 cms ao cepo; 6,5 cms ao atadilho), escala longa de orientação plana, voluta oval sem arestas salientes, contraste entre ilhargas escuras e tampo superior claro. É um cordofone de grande beleza, leve, de linhas graciosas, do período do toque em afinação natural. Contém, sintetizadamente, todas as características da Guitarra Toeira de Coimbra (cuja existência cultural e histórica continua a ser negada). Francisco Menano utilizou-a em serenatas, actuações de palco em complemento de digressões do Orfeon e nas Fogueiras de São João do Largo de São João de Almedina. Definido este primeiro modelo de Guitarrilha de Coimbra, ou melhor, de Requinta da Guitarra Toeira de Coimbra, Augusto Nunes dos Santos e Armando Neves trabalharam praticamente em simultâneo na definição de um modelo de maiores dimensões. Todavia, esta Guitarrilha não desapareceu logo, tendo persistido o seu fabrico e uso até meados da década de 1940.
O violeiro Armando Neves tinha chamado a atenção do estudioso Armando Simões ("A Guitarra", 1974) para esta recuada realidade local, realidade essa que Simões mostra conhecer e dominar. No entanto, como que paradoxalmente, tanto nos estudos de Pedro Caldeira Cabral ("A Guitarra Portuguesa", Ediclube, 1999), como na luxuosa 3ª reedição de "Instrumentos Musicais Populares Portugueses" (2000), vemos a questão pura e simplemente sonegada. Mais estranho ainda, no mundo dos insólitos em que navegamos, é constatarmos que a Guitarrilha de Francisco Menano foi fotografada no Museu Académico a pedido da FCGulbenkian para figurar na 3ª edição de "Instrumentos Musicais Populares Portugueses", Lisboa, FCGulbenkian/Museu Nacional de Etnologia, 2000, pág. 186.
Imagem: Museu Académico, espólio do Dr. Francisco Menano
AMNunes
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