segunda-feira, abril 10, 2006


Canto de intervenção Posted by Picasa
"Canto de Intervenção (1960-1974)", 2ª edição, Lisboa, Público, 2005, é um resumo da tese de mestrado apresentada por Eduardo Raposo à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa em 1998 ("O papel sociocultural e político do canto de intervenção da oposição ao Estado Novo. 1960-1974"), sob orientação de Maria Cândida Proença.
O currículo do autor consta da contracapa da 2ª edição. Adriano Correia de Oliveira preenche um capítulo que vai da página 59 à 67. A tese de mestrado de Eduardo Raposo, do ponto de vista da estrutura, da metodologia, do tratamento das fontes, da erudição, e da formulação de consistentes interpelações teórias, está muito distante de uma certa forma de fazer história que tem vindo a ser progressivamente abandonada em alguns centros de investigação portugueses. Não sendo um trabalho ideologicamente orientado, o autor tem alguma dificuldade em refrear os entusiasmos, palpáveis ao longo de uma escrita leve, como que a substituir a escrita da História pela reportagem jornalística. Há mais de descrição do que de interpretação. No fundo, os caboucos deste discurso já estavam erguidos - com veemente ideologização, é certo - por Mário Correia em "Música Popular Portuguesa. Um ponto de partida", Coimbra, Centelha, 1984. Não vale a pena virmos agora polemizar das razões que nos levam a discordar da genealogia artificiosa que pretende que a partir do "chamado Fado de Coimbra" se construíu a música de intervenção das décadas de 1960-1970. Tal argumentação replicante já está feita, de modo assaz incisivo e arguto, por João Afonso dos Santos, em "José Afonso. Um olhar fraterno", 2ª edição, Lisboa, Caminho, 2002, pág. 141, anotação 36.
Tudo isto não impede que se erga a taça dos deuses em louvor da obra artística de Adriano Maria Correia Gomes de Oliveira, nado na cidade do Porto em o dia 9 de Abril de 1942, criado em Avintes, vitimado por acidente vascular esofágico a 16 de Outubro de 1982.
AMNunes

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