Ao contrário do que realmente sói crer-se, "Samaritana" não tem origem espanhola (pista deixada por Afonso de Sousa), nem conimbricense, pese embora o facto incontestado de se ter transformado num símbolo da CC na década de 1920, por força da gravação discográfica protagonizada por Edmundo Bettencourt (1928).
Apesar do subtítulo um pouco forçado de "fado-canção", Samaritana é bem mais do domínio melódico da canção do que do terreno do fado. Daí também o grande sucesso experimentado em Coimbra, em cujo "milieu" as melodias com estrofes e refrão eram sobejamente conhecidas e de há muito cultivadas.
A própria letra, pelo seu pendor acentuadamente narrativo - em Samaritana conta-se uma história com princípio, meio e fim -, com 8 quadras e 1 refrão em oitava, não se enquadra na produção clássica coimbrã do período em que a obra foi localmente aclimatada. A composição remonta seguramente aos anos da Grande Guerra (ca. 1914-1916) e o seu autor foi o actor Álvaro Cabral (Vila Nova de Gaia, 1865; Porto, 1918).
Imagem e texto: José Anjos de Carvalho e AMNunes
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