Um terceiro exemplo de estátua togada, com as vestes e insígnias doutorais tradicionais da UC, é o Doutor Levy Maria Jordão (Lisboa, 09/01/1831; Lisboa, 19/07/1875), 2º Visconde de Paiva Manso. Estátua em bronze, de vulto redondo, assinada por António Duarte, mede 2,5 metros de altura e data de 1954. Encontra-se no átrio principal do Palácio da Justiça de Chaves, directamente colocada no pavimento e em condições de visibilidade pouco satisfatórias (inventariação em António Manuel Nunes, "Espaços e Imagens da Justiça no Estado Novo. Templos da Justiça e Arte Judiciária", Coimbra, Minerva, 2003, p. 411).
A informação sobre esta encomenda ministerial é fugaz, não sendo inteiramente perceptíveis os motivos que levaram o Ministro da Justiça Manuel Cavaleiro de Ferreira a decorar a obra do Palácio da Justiça de Chaves com uma estátua de Levy Jordão. O 2º Visconde de Paiva Manso era bacharel em Direito pela UC, instituição onde conquistou a laurea doutoral com a tese "Fundamentos do Direito de Punir. Dissertação inaugural apresentada na Faculdade de Direito de Coimbra, no anno de 1853". Penalista de renome e filósofo do Direito, revelou-se um entusiástico propagador do pensamento liberal-krausista, vivamente sentido nas linhas do monumental "Comentário ao Código Penal Português", Lisboa, José Baptista Morando, 1853-54 (4 tomos). Lido e citado pelos lentes da Faculdade de Direito da UC, Levy Jordão não foi - de acordo com o que conseguimos apurar - membro do corpo docente da UC.
Em todo o caso, o trabalho desenvolvido por António Duarte insinua-se um penetrante retrato físico-psicológico, bem na linha do figurativismo em usança. No tocante às insígnias doutorais, António Duarte omite o barrete doutoral, bem visível nos trabalhos desenvolvidos por António Soares dos Reis (Brotero) e Francisco Franco (Salazar). Quanto ao Hábito Talar, notam-se incorrecções no feitio da Batina e sobretudo na anacrónica calça comprida [à data a que se reportam os acontecimentos, o calção preto, as meias altas e os sapatos de fivela eram elementos obrigatórios].
AMNunes
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