Fotografia da autoria de Aurélio da Paz dos Reis, realizada em 1899, existente no Arquivo Fotográfico do Porto (Cadeia da Relação), divulgada por Gonçalo dos Reis Torgal, "Coimbra. Boémia e Saudade", Tomo I, Coimbra, 2003, p. 75.
A fotografia, captada a partir da Torre da UC, incide no curso da Rua Larga, avistando-se o Colégio de São Paulo-o-Eremita (futura Bastilha) e ao longe a cúpula da igreja do Colégio de São Bento (futura casa de ensaios do Orfeon Joyce e Elias de Aguiar), e ainda a cúpula da muito adiantada Cadeia Penitenciária (aberta em 1901).
Mais ao perto, Paz dos Reis mostra o terreiro do antigo Colégio de São Paulo-o-Apóstolo, sede da Academia Dramática, Clube Académico, Associação Académica e Teatro Académico, domolido ao longo do ano de 1888. Durante anos os moradores da Alta realizaram afamadas Fogueiras de São João no referido terreiro.
Galgada a Rua de São Pedro, emerge, magnífica, a Igreja de São Pedro, riquíssimo templo com vestígios visigóticos e um historial acidentado. Desafectada do culto, nos inícios do século XX foi esta igreja utilizada pelos republicanos da Alta como sede da Cantina Escolar Bernardino Machado. Ali tiveram lugar em 1912 luzidias festas onde se popularizou o "Fado da Despedida do 5º Ano Jurídico de 1912", com música de Francisco Menano, por muitos anos designado pelo vulgo salatina com o "Fado das festas da cantina".
Na década de 1940 o templo seria demolido ao desbarato, com a complacência da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais e a ingorância/ganância do empreiteiro que não se poupava a vender pedras trabalhadas a coleccionadores. De nada valeram os protestos do Padre Doutor António Nogueira Gonçalves (estudados por Nuno Rosmaninho Rolo). Sem programa de escavações arqueológicas nem cuidadoso levantamento e salvaguarda patrimonial, a demolição da Igreja de São Pedro permanece um exemplo de crime patrimonial onde o Estado foi réu impune.
AMNunes
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