Graçolas de Afonso de Sousa a Artur Paredes
Caro Amigo:
folgo muito por ter proporcionado estudos e controversias com os documentos que lhe mandei, herdados do meu Avô.
Quanto a partidas do meu Pai ao Artur Paredes, sei muitas. Recordando-as, fico admirado como é que o relacionamento entre os dois se manteve. É que o A. Paredes tinha um feitio levado da breca. Não admitia desconsiderações e levava tudo muito a sério.
De todas as que recordo, a melhor, para mim foi a seguinte: o A. Paredes veio a Leiria, a convite do meu Pai, passar férias. Na altura viviamos no grande casarão do meu Avô materno ( António Rodrigues Oliveira), sito na Rua Comandante João Belo - Leiria. Ocupávamos o 2.º andar, que tinha um corredor muito comprido, com mais de 30 metros e ao longo dele vários quartos, todos iguais. Foi destinado um deles, mais ou menos a meio do corredor, ao A. Paredes. E desse lado ficava um outro, ocupado por uma irmã da minha Mãe, senhora viúva, de poucas falas e ar severo. O A. Paredes apreciava o seu ar distante e não se cansava de apregoar o respeito que ela lhe merecia. Pois bem, um dia o meu Pai fez o seguinte: aproveitando a ausência do A. Paredes, foi ao quarto dele e meteu em cima da cama uma boneca, que conseguiu fazer de tamanho natural e vestida com roupas dessa minha tia (aí, houve ajuda da minha Mãe ). Seriam umas 5 da tarde, o A. Paredes, acabado um passeio pela cidade, voltou ao casarão, para descansar uns momentos no quarto. Abriu a porta e entrou. O quarto estava na obscuridade e ele, ao dar-se com a boneca, julgou ser a minha severa tia. Ficou convicto de que se tinha enganado e que entrara no quarto errado. Foi o fim do mundo: saiu esbaforido para o corredor e de mãos na cabeça, só gritava " Ó Afonso, ó Afonso, acuda-me que me enganei ! Venha cá acima ajudar-me, que estou desgraçado! Como é que vou explicar o que sucedeu ? Que grande desgraça a minha..."
Só uma grande amizade levou o severo Paredes a perdoar ...
Quanto a partidas do meu Pai ao Artur Paredes, sei muitas. Recordando-as, fico admirado como é que o relacionamento entre os dois se manteve. É que o A. Paredes tinha um feitio levado da breca. Não admitia desconsiderações e levava tudo muito a sério.
De todas as que recordo, a melhor, para mim foi a seguinte: o A. Paredes veio a Leiria, a convite do meu Pai, passar férias. Na altura viviamos no grande casarão do meu Avô materno ( António Rodrigues Oliveira), sito na Rua Comandante João Belo - Leiria. Ocupávamos o 2.º andar, que tinha um corredor muito comprido, com mais de 30 metros e ao longo dele vários quartos, todos iguais. Foi destinado um deles, mais ou menos a meio do corredor, ao A. Paredes. E desse lado ficava um outro, ocupado por uma irmã da minha Mãe, senhora viúva, de poucas falas e ar severo. O A. Paredes apreciava o seu ar distante e não se cansava de apregoar o respeito que ela lhe merecia. Pois bem, um dia o meu Pai fez o seguinte: aproveitando a ausência do A. Paredes, foi ao quarto dele e meteu em cima da cama uma boneca, que conseguiu fazer de tamanho natural e vestida com roupas dessa minha tia (aí, houve ajuda da minha Mãe ). Seriam umas 5 da tarde, o A. Paredes, acabado um passeio pela cidade, voltou ao casarão, para descansar uns momentos no quarto. Abriu a porta e entrou. O quarto estava na obscuridade e ele, ao dar-se com a boneca, julgou ser a minha severa tia. Ficou convicto de que se tinha enganado e que entrara no quarto errado. Foi o fim do mundo: saiu esbaforido para o corredor e de mãos na cabeça, só gritava " Ó Afonso, ó Afonso, acuda-me que me enganei ! Venha cá acima ajudar-me, que estou desgraçado! Como é que vou explicar o que sucedeu ? Que grande desgraça a minha..."
Só uma grande amizade levou o severo Paredes a perdoar ...
Afonso de Oliveira Sousa (Leiria, 28 de Novembro de 2006)
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