domingo, janeiro 21, 2007


O Hábito faz o Monge
Inácio Loyola (1491-1556) admite Francisco Borgia na Companhia de Jesus. O fundador enverga roupeta preta talar presa com cinta, da qual pende rosário. O trajo é completado por capa talar preta, de gola militar, e barrete de cantos, com copa de dorsais e pequena borla central.
Fundada em 1534, a Companhia de Jesus teve larga expressão na vida cultural de Coimbra e da sua Alma Mater. Em 1550 os jesuítas passaram a gerir e a fornecer o corpo docente das Escolas Menores (=Real Colégio das Artes), situação que se prolongou até à expulsão pombalina de 1759. Além da gestão do Real Colégio das Artes, a Companhia fundou em 1542 e manteve o Colégio de Jesus (actual Sé Nova e anexos da Faculdade de Ciências) até ao confisco de 1759.
Durante quase duzentos anos os jesuitas fizeram parte do imaginário religioso, cultural e vestimentário da Alta de Coimbra. Durante esse longo período, assim se vestiam diariamente os lentes da Companhia que leccionavam nas Escolas Maiores e nas Escolas Menores, bem como os estudantes internos e lentes que habitavam no Colégio de Jesus. Os alunos das Escolas Menores, ou Real Colégio das Artes, iam às lições com os hábitos das ordens e colégios a que pertenciam ou com a Loba e Mantéu de porte obrigatório para todos os escolares não integrados em instituições monásticas. Com a roupeta, capa e barrete do figurino descrito se incorporavam os lentes e estudantes do Colégio de Jesus nas procissões a que estava obrigada a Alma Mater e préstitos de gala. Porém, se o préstito fosse de "tomada de capelo", os lentes jesuítas tinham privilégio de dispensa do dito capelo (e merecimento idêntico tinham todos os outros clérigos seculares e regulares), devendo ornar a cabeça com o barrete doutoral preto, com seu franjamento e borlas da cor científica respectiva (vide retrato do lente Francisco Suarez, editado no Blog em 10/12/2006).
AMNunes

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