A Guitarra Portuguesa e o Conservatório
A Guitarra Portuguesa atravessa actualmente um processo de transformação relativamente ao seu ensino, tendo justificado diversas e variadas intervenções.
Fado vs Guitarra Portuguesa formam uma espécie de “Canon”, o caminho de um encontra-se com o caminho do outro. Contudo o contrário (Guitarra Portuguesa vs Fado) já sofre excepções, estando as mesmas evidentemente comprovadas em composições de Carlos Paredes, Pedro Caldeira Cabral e Ricardo Rocha, criando um repertório solista que poderá ter como consequência a direcção musical da Guitarra Portuguesa para outras componentes estéticas.
Desta forma vamos pensar na Guitarra Portuguesa como um instrumento completamente distanciado e diferenciado do Fado.
A partir deste ponto de separação, que é de extrema dificuldade intelectual, a Guitarra Portuguesa estará preparada para absorver qualquer tipo de corrente musical.
Assim, a inclusão do curso de Guitarra Portuguesa nos Conservatórios de Música só fará sentido se for dedicado ao aprofundamento e aperfeiçoamento metódico de repertório solista nas suas mais diversificadas vertentes (Guitarradas de Lisboa, Guitarradas de Coimbra, Musica Antiga, Clássica, Contemporânea, Jazz, …). Só assim a Guitarra Portuguesa será um instrumento com futuro, não sendo para sempre encarado como um instrumento popular.
Num futuro próximo provavelmente um curso de Guitarra Portuguesa que adopte este tipo de ensino irá sofrer um caminho de isolamento e exclusão parcial, recebendo críticas contraproducentes de personalidades enraizadas no meio Fadista que desejariam ver incluída a vertente de acompanhamento ao Fado. Mas se seguíssemos esse mesmo princípio, então o curso de Viola Dedilhada nos Conservatórios de Música ou nas Escolas Superiores de Música teria que ter acompanhamento ao Flamengo, acompanhamento ao Fado, repertório solista para Guitarra Clássica, repertório de Música Popular Portuguesa, Bossa Nova, entre outras vertentes, o que se tornaria um absurdo.
Ora o objectivo de Conservatórios de Música e Escolas Superiores de Música é preparar Músicos aptos para se apresentarem em Recitais, Orquestras, Direcção Musical, Composição, etc.
Relativamente ao acompanhamento ao Fado pela Guitarra Portuguesa, este reveste-se de extrema importância, existindo locais com grande dignidade para o seu ensino como são a Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra, o Museu do Fado em Lisboa, entre outras instituições e professores de Guitarra Portuguesa particulares, mas pelas razões expostas em cima, não os Conservatórios de Música ou as Escolas Superiores de Música.
Relativamente à organização do referido curso, há que dizer que quando qualquer curso se inicia, por muito que tudo pareça estar preparado para principiar, existem sempre lacunas das mais diversas ordens, desde as programáticas às metodológicas. Basta ter como exemplo o programa dos cursos superiores de Direito, Engenharia, Gestão, … que existem há muitos anos e que sofrem reestruturações permanentes. Deste ponto de vista os cursos de Guitarra Portuguesa nos Conservatórios de Música, estando numa fase embrionária, ainda têm que se adaptar às exigências de futuro.
Não acredito que exista um só caminho para a Guitarra Portuguesa, nem uma só técnica de execução, nem uma só forma de a pensar, mas acredito que num futuro próximo o instrumento que eu toco e de que tanto gosto, possa, em termos musicais, ser equiparado a qualquer outro instrumento já instituído no meio musical universal.
Hugo Reis (Aluno do curso de Guitarra Portuguesa do Conservatório de Música do Porto)
Fado vs Guitarra Portuguesa formam uma espécie de “Canon”, o caminho de um encontra-se com o caminho do outro. Contudo o contrário (Guitarra Portuguesa vs Fado) já sofre excepções, estando as mesmas evidentemente comprovadas em composições de Carlos Paredes, Pedro Caldeira Cabral e Ricardo Rocha, criando um repertório solista que poderá ter como consequência a direcção musical da Guitarra Portuguesa para outras componentes estéticas.
Desta forma vamos pensar na Guitarra Portuguesa como um instrumento completamente distanciado e diferenciado do Fado.
A partir deste ponto de separação, que é de extrema dificuldade intelectual, a Guitarra Portuguesa estará preparada para absorver qualquer tipo de corrente musical.
Assim, a inclusão do curso de Guitarra Portuguesa nos Conservatórios de Música só fará sentido se for dedicado ao aprofundamento e aperfeiçoamento metódico de repertório solista nas suas mais diversificadas vertentes (Guitarradas de Lisboa, Guitarradas de Coimbra, Musica Antiga, Clássica, Contemporânea, Jazz, …). Só assim a Guitarra Portuguesa será um instrumento com futuro, não sendo para sempre encarado como um instrumento popular.
Num futuro próximo provavelmente um curso de Guitarra Portuguesa que adopte este tipo de ensino irá sofrer um caminho de isolamento e exclusão parcial, recebendo críticas contraproducentes de personalidades enraizadas no meio Fadista que desejariam ver incluída a vertente de acompanhamento ao Fado. Mas se seguíssemos esse mesmo princípio, então o curso de Viola Dedilhada nos Conservatórios de Música ou nas Escolas Superiores de Música teria que ter acompanhamento ao Flamengo, acompanhamento ao Fado, repertório solista para Guitarra Clássica, repertório de Música Popular Portuguesa, Bossa Nova, entre outras vertentes, o que se tornaria um absurdo.
Ora o objectivo de Conservatórios de Música e Escolas Superiores de Música é preparar Músicos aptos para se apresentarem em Recitais, Orquestras, Direcção Musical, Composição, etc.
Relativamente ao acompanhamento ao Fado pela Guitarra Portuguesa, este reveste-se de extrema importância, existindo locais com grande dignidade para o seu ensino como são a Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra, o Museu do Fado em Lisboa, entre outras instituições e professores de Guitarra Portuguesa particulares, mas pelas razões expostas em cima, não os Conservatórios de Música ou as Escolas Superiores de Música.
Relativamente à organização do referido curso, há que dizer que quando qualquer curso se inicia, por muito que tudo pareça estar preparado para principiar, existem sempre lacunas das mais diversas ordens, desde as programáticas às metodológicas. Basta ter como exemplo o programa dos cursos superiores de Direito, Engenharia, Gestão, … que existem há muitos anos e que sofrem reestruturações permanentes. Deste ponto de vista os cursos de Guitarra Portuguesa nos Conservatórios de Música, estando numa fase embrionária, ainda têm que se adaptar às exigências de futuro.
Não acredito que exista um só caminho para a Guitarra Portuguesa, nem uma só técnica de execução, nem uma só forma de a pensar, mas acredito que num futuro próximo o instrumento que eu toco e de que tanto gosto, possa, em termos musicais, ser equiparado a qualquer outro instrumento já instituído no meio musical universal.
Hugo Reis (Aluno do curso de Guitarra Portuguesa do Conservatório de Música do Porto)
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