Imagens da Crise Académica de 1907
O Chefe de Estado na Crise Académica de 1907 (doc. A)
O Rei D. Carlos I de Bragança (28/09/1863; 01/02/1908), Chefe de Estado entre 19/10/1889 e 01/02/1908.
Em memorando particular, datado de 02 de Março de 1907, João Franco inteirou o monarca dos tumultos vividos em Coimbra nos dias 27 e 28 de Feveiro e 01 de Março. Declarando-se contrário ao uso da violência, D. Carlos mostrou-se favorável ao encerramento temporário das aulas e às averiguações disciplinares. A UC seria compulsivamente encerrada pelo Governo através da letra do Decreto de 03 de Março de 1907, assinado pelo rei no dia anterior.
Esta medida gerou de imediato um verdadeiro tremor de terra no Parlamento, atiçado pelos antigos estudantes de Coimbra ligados ao Partido Republicano. Afonso Costa e sobretudo António José de Almeida fizeram lembrar que na sua juventude José Dias Ferreira (lente da UC e pai do candidato agora reprovado) fizera encerrar a UC em 1892 e obrigara António José a um exílio africano.
Ao longo de todo o conflito que viria a terminar institucionalmente com a amnistia geral decretada em 26 de Agosto de 1907, os estudantes nunca chegaram a increpar o Chefe de Estado. As atitudes de revolta e de protesto seriam direccionadas contra os lentes membros do júri que chumbara o candidato José Eugénio Dias Ferreira, a Faculdade de Direito em particular (acusada de atraso científico e de antipedagogismo), o reitor cessante Santos Viegas, o reitor nomeado pelo Governo (o fidalgo D. João de Alarcão), as forças policiais e militares que cercaram a Alta e João Franco.
A esse tempo, a popularidade do monarca entrara em erosão acelarada junto dos monárquicos dissidentes, republicanos de todos os quadrantes, carbonários, anarquistas, socialistas, operariado urbano, jornalistas, "marines", empregados de balcão e estudantes. A Crise Académica que se arrastou de 28 de Fevereiro a 26 de Agosto de 1907 motivou adesões em massa ao republicanismo.
Entre a Greve Académica de 1907 e a Revolução de 1910 estudantes conimbricenses militantes da ala radical jacobina do Partido Republicano, carbonários e anarquistas, alimentaram contactos regulares com células conspirativas activas em Lisboa. Diversos académicos e Coimbra tomaram parte nos preparativos da revolta gorada de 28 de Janeiro de 1908. Poucos meses depois, um antigo estudante de Coimbra e elo de ligação entre os revoltosos de Lisboa e Coimbra, o antigo boémio Pad-Zé (Alberto Costa) suicidava-se (31/11/1908).
AMNunes
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