quinta-feira, março 22, 2007



Investidura do reitor da USAL (foto 9)

No dia 15 de Março de 2007 foi solenemente empossado no novo Magnífico Reitor da Universidade de Salamanca (USAL), o catedrático de Biologia José Ramón Alonso Peña.
A cerimónia teve lugar no paraninfo das Escolas Maiores, perante o corpo catedrático, funcionários, reitores de outras universidades e vice-reitores convidados, equipa do reitor cessante e Presidente da Junta de Castilla y León. A Universidade de Coimbra fez-se representar por um dos seus vice-reitores.
Investido o novo reitor, tomaram logo de seguida posse os vice-reitores, a secretária geral e demais membros da equipa escolhida por José Alonso. A tomada de posse decorreu segundo os antigos estilos ou cerimonial salmantinense, revelando fortes pontos de convergência com a investidura reitoral conimbricense.
Corrido o sino grande de anúncio dos préstitos, o corpo universitário juntou-se na Aula Salinas do Paço das Escolas. Abriu o cortejo a Charamela com os tocadores vestidos de roupões negros e desbarretados, seguindo-se os Bedéis (maceros), o Mestre de Cerimónias e os Heraldos. Seguidamente alinhou o corpo docente com as respectivas insígnias (Borla/Barrete e Capelo/Muceta), ordenando-se os lentes das Faculdades mais novas na vanguarda e os das mais antigas na rectaguarda: Filosofia e Letras (azul celeste), Ciências (azul escuro), Direito (vermelho), Medicina (Amarelo), Farmácia (roxo), Belas Artes (branco), Economia e Empresas (laranja), Psicologia (violeta-malva), Ciências Sociais (cor-de-laranja) e Tradução e Documentação (azul claro baço).
Após o corpo docente, integraram o cortejo os membros do governo, a equipa de gestão da USAL (administrador, conselho social...), o reitor cessante e o reitor eleito, os convidados de honra do reitor e outros membros da mesa presidencial.
Sentado o corpo universitário por hierarquia de Faculdades e antiguidade dos lentes, bem como os convidados e os membros da mesa da presidência, o reitor cessante leu o dircurso de despedida. Proclamados os autos de cessação e de nomeação, o novo reitor jurou lealdade à Constituição.
Teve então lugar o ritual de investidura propriamente dito. O reitor cessante despojou-se das insígnias reitorais e o reitor eleito despiu as suas insígnias azuis escuras de Doutor em Biologia pela Faculdade de Ciências. Adornado com a Borla e Capelo da sua especialidade científica (Medicina), o reitor cessante investiu o reitor eleito, colocando-lhe na cabeça o barrete reitoral preto, os punhos cor-de-rosa forrados de renda e botões de ouro, a medalha reitoral em ouro-esmalte com cordão de seda preta e trançado de ouro e finalmente o bastão.
Saudado e aclamado o novo Magnífico Reitor, proferiram juramento e foram solenemente empossados os vice-reitores, a secretária geral e restantes membros da equipa reitoral.
Foto 1: charameleiros. Tradição recuperada nos anos mais recentes em Salamanca e na Comptlutense (herdeira de Alcalá). A abertura de cortejos militares e reais por trombeteiros é muito antiga na cultura mediterrânica. Em Portugal, a Casa Real costumava utilizar nos cortejos solenes e entradas régias charameleiros, costume depois implantado na Universidade de Coimbra, em certas câmaras municipais ibéricas e nas entradas dos bispos. Na Grã-Bretanha, a Casa Real ainda utiliza trombeteiros a pé ou a cavalo nas grandes cerimónias. Relativamente a Portugal, excluindo raros momentos solenes em que o Chefe de Estado possa ser precedido de uma fanfarra militar, apenas temos notícia de charameleiros na UC. Os charameleiros (tocadores de instrumentos de sopro e de percussão) podiam desfilar a pé ou a cavalo, envergando via de regra dalmáticas ou trajes militares. Os instrumentos deveriam ser adornados de pendões bordados com as armas nacionais, tradição que ainda prevalece na Grã-Bretanha;
Foto 2: Mestre de Cerimónias com roupão preto, cabeça descoberta (faltando o gorro preto com pluma, aprovado em 1850) e bastão, acompanhado pelos Bedéis (maceros) que transportam maças de prata. Um pouco atrás, seguem os heraldos com maças, dalmáticas vermelhas bordadas a ouro e barretes estilo renascença. Compete ao Mestre de Cerimónias dirigir e articular os vários momentos do cerimonial salmantinense. O Mestre de Cerimónias foi uma figura nuclear da cultura cortesã e palaciana europeia, nos palácios reais, universidades, Vaticano e catedrais. Mesmo nos países mais avessos a cerimónias e protocolo, o Mestre de Cerimónias/Chefe de Protocolo continua a ser uma figura essencial em qualquer Ministério dos Negócios Estrangeiros;
Foto 3: Bedéis (maceros) e Mestre de Cerimónias, com grande plano da vanguarda do cortejo doutoral. As insígnias doutorais em Espanha são comuns em todas as universidades desde 1850: capelo de botões e capuz, na cor científica, podendo o laureado misturar nos botões as cores de outras Faculdades por onde seja doutorado; barrete rígido preto de oito arestas, de tipo advogado, com a copa integralmente coberta pela borla e franjados pendentes na cor científica. As franjas podem ser misturadas, caso o portador seja doutorado por outras ciências; anel doutoral em ouro, trazendo gravado o selo da universidade; medalha doutoral; punhos de renda com fundo na cor da especialidade científica. Existem ainda o Livro da Sabedoria e as Luvas. Os bedéis eram desde a Idade Média funcionários ligados às casas reais, universidades, corte papal, catedrais e câmaras municipais. Desempenhavam funções administrativas e de vigilância de instalações, devendo exibir maças de prata alçadas. Com diversas nomenclaturas, os bedéis ou maceros ainda aparecem na Universidade de Coimbra, universidades inglesas, canadinas e australianas, casa real britânica, algumas catedrais (Braga) e nas grandes solenidades das câmaras municipais espanholas;
Foto 4: o Reitor eleito, José Ramón Alonso Peña, com Borla e Capelo de Biologia (azul escuro), vendo-se no meio Juan Vicente Herrera, Presidente da Junta de Castilla y León, e com insígnias pretas, o Reitor cessante (catedrático de Medicina Enrique Battaner Arias);
Foto 5: o Reitor eleito, José Alonso, ainda com as insígnias doutorais de Biologia, profere juramento ante o crucifixo;
Foto 6: já devidamente revestido com as insígnias doutorais de Medicina, o reitor cessante impõe o barrete doutoral preto ao seu sucessor. Este já enverga a murça preta de veludo e a medalha própria da dignidade reitoral. Nas fotos 6, 7 e 8 nota-se uma espécie de chumaço sob o capelo amarelo do reitor cessante Enrique Battaner. Em geral os doutores espanhóis não gostam de exibir o capuz costal, de feição longa e pontiaguda (cogulla), preferindo escondê-lo entre as costas da beca e o forro do capelo;
Foto 7: o reitor cessante entrega ao novo reitor o Bastão;
Foto 8: troca de abraços entre o reitor cessante e o empossado;
Foto 9: a Universidade de Salamanca e os seus convidados aplaudem o novo Magnífico Reitor José Alonso.
Fontes: todas as fotografias editadas nesta rubrica foram extraídas do site do Gabinete de Protocolo da USAL, com o devido conhecimento do seu chefe. Indicam-se ainda notícias complementares relacionadas com este evento:
-"Herrera asiste a la investidura de José Ramón Alonso como nuevo Rector de la Universidad de Salamanca", http://www.usal.es/gabinete/comunication/noticia.jsp?id=2595;
-"Toma de posesión del Rector José Ramón Alonso Peña. 15 de marzo de 2007", http://www.usal.es/gabinete/protocolo/posesión_Jose_Ramon_Alonso.htm;
-"La Investidura de Alonso", in «De Igual a Igual.net», de 15 de marzo de 2007, http://www.deigualaigual.net/electiones-usal/investidura-alonso-usal-battaner.html;
-"El Presidente de la Junta de Castilla y León asistirá a la investidura de José Ramón Alonso", http://www.i-bejar.com/noticias/salamanca/ampliada.asp?id=2007314185125.
AMNunes

relojes web gratis