Caricatura de Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro, de sátira à posição assumida pela Faculdade de Direito da UC na origem e decurso da Greve Académica de 1907 (27/02/1907-26/08/1907). O autor convoca elementos de carga negativa como o R (reprovação), a fava preta (voto negativo), a Justiça decapitada, as sebentas (ensino anti-pedagógico) e um lente de Direito em Hábito Talar, e Borla e Capelo, com orelhas de burro e ares de jesuíta (sotaina, calção e meia alta, sapato de fivela, lenço de rapé).
A vestimentária arcaica, a associação Capelo=albarda, bem como os ares clericais da figura, pretendem denunciar o monolitismo cultural da UC e as ligações suspeitas que continuava a manter com a monarquia e os preceitos do Concílio de Trento. Descontando os exageros próprios da época, a caricatura de Manuel Gustavo evidencia o choque inconciliável entre a visão confessional da UC e as exigências laicizadoras do ensino que se encapelavam no horizonte.
Fonte: "História da República", Lisboa, Editorial O Século, 1960, imagem anexa à p. 282.
AMNunes
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