Chapelaria académica
Barrete preto de estrutura rígida, comportando borla no centro da copa, "estilo Bayern", usado por pastores luteranos, docentes do ensino superior e magistrados.
A origem deste chapéu não será alemã, mais parecendo uma naturalização da "toque", de que se conhecem variantes nos tribunais e universidades de Itália, França, Bélgica e até nalguns Países de Leste.
Após o fim da União Soviética, Queda do Muro de Berlim (09/11/1989) e Reunificação Alemã, torna-se cada vez mais difícil determinar com rigor o que é/era original de uma determinada região ou instituição e o que resultou/resulta de processos ainda em curso baseados na desterritorialização e naturalização de produtos ou "tradições".
O fenómeno tem vindo deixar a sua marca em universidades asiáticas e da América Latina e Anglo-Saxónica, onde os resíduos da tradição portuguesa conimbricense (Brasil), salmantina (México), britânica (EUA, Canadá) e franceses (Canadá de expressão francófona), coexistem com naturalizações do conjunto Cap+Gown+Hood colhido directamente nos EUA: U. Valle (Guatemala, fotos no Blog, 25/01/2007), U. Peruana de Ciências Aplicadas (Peru, fotos no Blog, 25/01/2007), U. La Gran Colombia (Colombia, fotos no Blog, 24/01/2007).
Com ou sem borla, o barrete dito "estilo Bayern", aparece documentado em tribunais e universidades de Itália, Bélgica e França (Blog, fotos de 19/01/2007), mas emitindo sinais de extensão em direcção aos antigos países do Bloco de Leste, territórios onde o recurso aos símbolos vestimentários do alto clero ortodoxo não para de surpreender.
O barrete "Bayern" aparece incorporporado no traje da Universidade de Bucareste, conforme documenta a crónica assinada por Armando Luís de Carvalho Homem neste Blog, com data de 15 de Janeiro de 2007.
Este tipo de barrete, confeccionado em materiais rígidos e semi-rígidos, de copa lisa ou ornamentada com dorsais e borla, tambor liso, agaloado a ouro e prata e até plissado, rebordo superior circular ou bolboso, rebordo craniano simples ou guarnecido com pronunciada virola, já existia na primeira metade do século XV em Itália.
Sugestões de visualização:
a) Domenico di Bartolo, frescos alusivos à "Cura dos Enfermos/Obras de Misericórdia", Hospital de Santa Maria della Scala, Siena, 1440-1441;
b) Filipo Lippi, "Virgem no Trono com o Menino e Santos", Florença, Galleria degli Uffizi, ca. 1442-1450;
c) Andrea Mantegna, "Família e Corte de Ludovico III Gonzaga", Palácio Ducal de Mântua, 1465-1474;
d) Benozzo Gozzoli, "São Francisco renuncia aos Bens", Igreja de São Francisco em Montefalco, 1452 (revestimento a arminhos).
AMNunes
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