Faz hoje 108 anos que nasceu Artur Paredes, aquele que abriu os horizontes à guitarra de Coimbra e que tão mal tratado tem sido não só pelos sucessivos governos desta cidade madrasta, como por alguns meios de comunicação social, especialmente os audiovisuais.
Tive o grato prazer de com ele conviver nos últimos anos da sua vida, conjuntamente com Carlos Figueiredo na viola. Foram tardes de puro prazer! Tocava como se tivesse vinte anos, com aquele vigor e aquele balanço tão seu característico.
Acometido de uma doença, deu entrada num hospital, onde passei a ir visitá-lo quase todos os dias, até que num deles, num Dezembro frio, encontro a cama vazia! Tinha falecido nesse dia, com 81 anos. O filho Carlos ainda não tinha sido informado. Aproveitaram então a minha presença e pediram-me se podia ir reconhecer o corpo. Lá me desloquei à morgue para o ver pela última vez. Já nem parecia ele, tal o estado em que a doença desgraçadamente o tinha deixado.
Foi-se o corpo, ficou a alma, ficou a beleza das suas criações, ficou esse espólio gravado em disco e não só. Sem se saber como, uma grande parte da sua produção desapareceu pois, segundo sei, tinha muita coisa nova gravada em fita magnética. Algumas ainda as acompanhei. Com a morte do filho, uma esponja foi passada por cima desse espólio! Como foi possível? Haja alguém que me esclareça!
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