segunda-feira, outubro 17, 2005

Bloco de Notas (21)

1984 ... A 26 de Maio fui tocar a Palmela, à Pousada do Castelo, com Durval Moreirinhas, António Bernardino, Fernando Machado Soares, Luiz Goes, António Sérgio e António Toscano. Toquei o “Ré menor” de Almeida Santos e “Dor na planície”. O espectáculo correu muito bem.
A 7 de Junho fui para Macau, com António Bernardino e Durval Moreirinhas. A viagem teve escala em Londres, onde pernoitámos, seguindo depois para Hong Kong e Macau. Aqui ficámos no Hotel Presidente, mesmo à beira-mar. Demos 2 espectáculos, o primeiro num casino com uma lotação com mais de três mil lugares e o segundo no pequeno teatro D. Pedro IV(?). Tudo corrreu bem. Connosco viajaram Júlio Pereira, Maria Guinot e Rão Kiao.
Nunca senti tanto calor como nesta digressão. Quando se abria a porta do hotel, era como se tivéssemos aberto a porta de uma grande fornalha. Houve um dia que choveu fortemente durante uma hora, mas o calor permaneceu como se nada tivesse acontecido.
Fiquei impressionado por praticamente ninguém falar português. Mesmo o inglês é quase desconhecido, pelo menos para os taxistas. Não encontrámos nenhum que entendesse o que pretendíamos. Tivemos que andar sempre a pé. Só depois dos espectáculos é que tivemos quem nos levasse a locais turísticos.
Tive novamente uma actuação no Pátio Alfacinha com Durval Moreirinhas António Bernardino e Machado Soares. À semelhança do que aconteceu o ano passado, também se começou a juntar gente à nossa volta enquanto ensaiávamos, ficando o resto do recinto praticamente vazio. No final da actuação, novamente juntámos quase toda a gente à nossa volta até às duas horas da manhã.
Tenho aqui indicado que o disco do Frederico Vinagre saíu em meados de Junho. O som está bastante bom, pena é que o cantor tenha o sotaque lisboeta do fado. A “Balada do Mondego” penso que está bem tocada e com bom som. Tem lá uma pequena passagem sugerida por Armando de Carvalho Homem, que assim a tocava. Nesta gravação utilizei a guitarra do Veloso, com um som bem melhor do da guitarra que usei para gravar o disco com José Afonso. Quando a guitarra é boa, quase nem é preciso saber tocar!
A cinco de Julho Machado Soares disse-me que quer que o acompanhe num disco que será gravado daqui a dez dias, sensivelmente. Não sei ainda o que irá gravar, nem se cumprirá a palavra.
Mais uma homenagem ao Zeca, na Amadora, no pavilhão do Académico local. Foram comigo o António Sérgio, Durval Moreirinhas, António Bernardino e Machado Soares. Abrimos o espectáculo com o instrumental “Fado Hilário”, depois Machado Soares cantou “Saudades de Coimbra” e António Bernardino “Menino d’oiro” de José Afonso. Toquei depois a minha “Rapsódia sobre temas de José Afonso”, fechando-se a nossa actuação com “Trova do vento que passa”. Correu tudo bem.
Ontem, dia 28 de Julho, fui tocar à Feira do Livro de Almada, acompanhado por António Sérgio. Tocámos o “Fado Hilário”, “Lá menor” de João Bagão, “Balada do Mondego”, “Valsa em fá” com arranjo de Flávio Rodrigues, “Variações em Ré menor” de Almeida Santos, “Valsa de outros tempos” de Gonçalo Paredes e Artur Paredes, “Rapsódia nº 2” e “Variações em Ré maior” de Artur Paredes, “Dança palaciana” e “Dança” de Carlos Paredes. A seguir António Sérgio tocou na viola o “Andantino” de Fernando Sor, “Lágrima” de Tarrega e um “Estudo” de Villa-Lobos. Acabei com “Dor na planície”, “Fantasia – a Espanhola” e “Rapsódia sobre temas de José Afonso”. A sala estava praticamente cheia. Fomos bastante aplaudidos, embora a aparelhagem fosse fraca. Estivemos quase hora e meia em palco. Fiquei com uma grande solidão, depois do recital!
Tenho agora aqui indicado que em Agosto, juntamente com Armando Marta, António Bernardino e Durval Moreirinhas, fui tocar ao Algarve nas povoações de Monchique a 28 e Silves, a 29, para o Racal Clube. Para o Turismo, agora com António Bernardino, Armando Marta e Durval Moreirinhas, actuei a 31 em Lagos e a 1 e 2 de Setembro, em Armação de Pera e Vila Real de Santo António, respectivamente.
Tenho aqui uma nota que, numa das actuações no Timpanas, além de Durval Moreirinhas na viola, fui também acompanhado por António Sérgio à guitarra, na “Aguarela portuguesa” de António Portugal.

1985 ... Dia 9 de Março estive em Setúbal numa homenagem a José Afonso. Acompanhei Armando Marta, juntamente com Durval Moreirinhas e António Sérgio. Aquele cantou “Saudades de Coimbra”, “Amigo” e “Trova do vento que passa”. Actuaram ainda Vitorino, Janita Salomé – que me convidou para gravar outro disco no final do ano, José Mário Branco, Luís Cília, ranchos, coros, etc. Soube que o Zeca está muito em baixo.
De 17 a 19 de Maio fui ao Algarve a convite dos Antigos Orfeonistas. Fui com Durval Moreirinhas e António Sérgio. Na sexta-feira, actuámos no auditório de Portimão, ao ar livre. Foi um bom espectáculo. Cantaram josé Miguel Baptista, José Mesquita, Raúl Dinis e Nuno de Carvalho. O meu conterrâneo e antigo companheiro das serenatas em Viseu, José Mesquita, cantou números dele e de José Afonso, de bom efeito. No sábado actuámos em Albufeira, primeiro num hotel e depois ao ar livre. No primeiro toquei “Dor na planície” que foi muito apreciada pelos orfeonistas e principalmente por Joel Canhão, regente do coro. No domingo actuou só o coro na missa. Estava programada uma serenata nas escadas da igreja, às dez horas e trinta minutos da manhã, que não se realizou.

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