Carta aberta à
Direcção de Programação da Antena 1
Exmo. Senhor Rui Pego,
Serve a presente para expressar a nossa indignação relativamente à exclusão de todo o Fado/ Canção de Coimbra da playlist da Antena1. Na nossa opinião, esta exclusão insere-se num bloqueio mais alargado, orquestrado por vários agentes culturais que pretendem uma espécie de integracionismo pan-nacionalista das diferentes variantes regionais do género musical fado. Em nosso entender, esta tentativa é um atentado contra a identidade cultural de um género musical que, em muitos e variados aspectos, é diferente de qualquer outro que possa assemelhar-se a ele. De algum modo, esta tentativa de integracionismo pan-nacionalista, em nosso entender, assemelha-se à necessidade do Estado Novo de eleger a aldeia mais portuguesa de Portugal, sem atender à riqueza da diversidade e sem ter em conta o facto de cada uma das identidades ser uma singular expressão da cultura portuguesa.
Em 2004, o Grupo Canção de Coimbra venceu a primeira edição do Prémio Edmundo Bettencourt, prémio este que tem como objectivo premiar projectos inovadores no contexto do Fado/ Canção de Coimbra. O resultado prático desse concurso traduziu-se na edição do trabalho discográfico “Prospecção”, um disco de temas originais que, de algum modo, tenta romper com um ciclo de repetição dos chamados temas clássicos do Fado/ Canção de Coimbra.
No final do primeiro trimestre do presente ano, o trabalho discográfico “Prospecção” foi lançado no mercado de vendas nacional. Nessa sequência, foram enviados exemplares do CD para diversas rádios nacionais, entre as quais a Antena1. Entrados no último trimestre do presente ano, os resultados das mais diversas tentativas de divulgação deste trabalho discográfico foram, no mínimo, frustrantes.
Tendo em conta que a Antena1, pela sua especificidade no panorama radiofónico nacional, tem responsabilidades ao nível do serviço público, vimos, solicitar um tratamento de igualdade, relativamente a outros trabalhos discográficos. Obviamente que esta pretensão não tem como objectivo, apenas, o apelo em relação a um trabalho discográfico, que valerá, simplesmente, o que vale. Este apelo tem um objectivo mais alargado de apelo ao fim de um bloqueio efectivo a um género musical autónomo e independente que não pretende afirmar a sua sobrevivência através de um proteccionismo especial, como se nos estivéssemos a referir a uma espécie em vias de extinção, mas através da divulgação dos seus novos valores e através da promoção das suas actuais tendências renovadoras.
Passados mais de trinta anos sobre o 25 de Abril de 1974 e dissipadas muitas conotações e preconceitos relativamente a diversas tendências da música portuguesa, estamos em crer que o Fado/ Canção de Coimbra continua a ser alvo de descriminação e marginalização. Esta situação, em nosso entender, contraria um princípio constitucional fundamental – o princípio da igualdade – pois o Fado/ Canção de Coimbra tem sido sucessivamente prejudicado e privado do seu legítimo direito de divulgação em razão da sua origem regional ou de conotações políticas que a ele se foram, erradamente, atribuindo.
Terminamos esta exposição convidando-os a ouvir atentamente o trabalho discográfico “Prospecção” e deixamos à vossa consideração a decisão relativamente à sua divulgação ou não. O Grupo Canção de Coimbra respeitará sempre a vossa decisão, desde que esta se baseie numa audição sem preconceitos em relação à música que produzimos e não em bloqueios e «playlists» que discriminam e prejudicam a divulgação da criação artística musical portuguesa.
Sem outro assunto de momento e aguardando uma resposta tão breve quanto possível, subscrevemo-nos respeitosamente.
Grupo Canção de Coimbra
Direcção de Programação da Antena 1
Exmo. Senhor Rui Pego,
Serve a presente para expressar a nossa indignação relativamente à exclusão de todo o Fado/ Canção de Coimbra da playlist da Antena1. Na nossa opinião, esta exclusão insere-se num bloqueio mais alargado, orquestrado por vários agentes culturais que pretendem uma espécie de integracionismo pan-nacionalista das diferentes variantes regionais do género musical fado. Em nosso entender, esta tentativa é um atentado contra a identidade cultural de um género musical que, em muitos e variados aspectos, é diferente de qualquer outro que possa assemelhar-se a ele. De algum modo, esta tentativa de integracionismo pan-nacionalista, em nosso entender, assemelha-se à necessidade do Estado Novo de eleger a aldeia mais portuguesa de Portugal, sem atender à riqueza da diversidade e sem ter em conta o facto de cada uma das identidades ser uma singular expressão da cultura portuguesa.
Em 2004, o Grupo Canção de Coimbra venceu a primeira edição do Prémio Edmundo Bettencourt, prémio este que tem como objectivo premiar projectos inovadores no contexto do Fado/ Canção de Coimbra. O resultado prático desse concurso traduziu-se na edição do trabalho discográfico “Prospecção”, um disco de temas originais que, de algum modo, tenta romper com um ciclo de repetição dos chamados temas clássicos do Fado/ Canção de Coimbra.
No final do primeiro trimestre do presente ano, o trabalho discográfico “Prospecção” foi lançado no mercado de vendas nacional. Nessa sequência, foram enviados exemplares do CD para diversas rádios nacionais, entre as quais a Antena1. Entrados no último trimestre do presente ano, os resultados das mais diversas tentativas de divulgação deste trabalho discográfico foram, no mínimo, frustrantes.
Tendo em conta que a Antena1, pela sua especificidade no panorama radiofónico nacional, tem responsabilidades ao nível do serviço público, vimos, solicitar um tratamento de igualdade, relativamente a outros trabalhos discográficos. Obviamente que esta pretensão não tem como objectivo, apenas, o apelo em relação a um trabalho discográfico, que valerá, simplesmente, o que vale. Este apelo tem um objectivo mais alargado de apelo ao fim de um bloqueio efectivo a um género musical autónomo e independente que não pretende afirmar a sua sobrevivência através de um proteccionismo especial, como se nos estivéssemos a referir a uma espécie em vias de extinção, mas através da divulgação dos seus novos valores e através da promoção das suas actuais tendências renovadoras.
Passados mais de trinta anos sobre o 25 de Abril de 1974 e dissipadas muitas conotações e preconceitos relativamente a diversas tendências da música portuguesa, estamos em crer que o Fado/ Canção de Coimbra continua a ser alvo de descriminação e marginalização. Esta situação, em nosso entender, contraria um princípio constitucional fundamental – o princípio da igualdade – pois o Fado/ Canção de Coimbra tem sido sucessivamente prejudicado e privado do seu legítimo direito de divulgação em razão da sua origem regional ou de conotações políticas que a ele se foram, erradamente, atribuindo.
Terminamos esta exposição convidando-os a ouvir atentamente o trabalho discográfico “Prospecção” e deixamos à vossa consideração a decisão relativamente à sua divulgação ou não. O Grupo Canção de Coimbra respeitará sempre a vossa decisão, desde que esta se baseie numa audição sem preconceitos em relação à música que produzimos e não em bloqueios e «playlists» que discriminam e prejudicam a divulgação da criação artística musical portuguesa.
Sem outro assunto de momento e aguardando uma resposta tão breve quanto possível, subscrevemo-nos respeitosamente.
Grupo Canção de Coimbra
<< Home