quinta-feira, dezembro 22, 2005

Textos e Biografias do CD Canções d'Inquietude

A robustez de um projecto (de Armando Luís de Carvalho Homem)

Seis anos passados sobre o CD Folha a folha[1], Jorge Cravo – que este ano completa um quarto de século como intérprete da Canção Coimbrã – e o grupo «Presença de Coimbra» regressam com Canções d’Inquietude; o novo álbum compreende 14 temas vocais e 3 guitarradas. Nas autorias, antes de mais, uma (boa) surpresa: porque se todas as peças instrumentais são de Manuel Borralho, nos temas vocais encontramos 6 poemas e 8 músicas do viola Manuel Gouveia Ferreira (uma plena novidade); para além do que, o ‘regresso’ de Miguel Porto (autor de temas do primeiro álbum de Jorge Cravo, Canções d’Aqui [1989]) e a natural presença do próprio J. Cravo.
Por comparação com Folha a folha, Canções d’Inquietude será à partida uma realização algo mais ‘acessível’ nas palavras; ainda que, tal como em Folha a folha, tenhamos nos poemas uma acentuada diversidade de metros e intenções plurais no que se diz e se canta: de um acentuado lirismo, eventualmente colorido de realismo (v.g. «Aos olhos do mar». «Rebeldias», «Contornos», «Trazer-te em mim (Nome de flor)», «Despedida», «O vento», «Aquém», «Mímica»), a poemas de intenção social, onde a reminiscência de décadas passadas harmoniosamente se conjuga com uma situação claramente hoje e aqui («Requiem por um País», «Barcas velhas», «Depois do exílio», «Alvorada», «Contrafado»), à celebração de um lugar de Coimbra – o Trianon – em termos, também aqui, de contemporaneidade («Toada para um café de bairro»).
Jorge Cravo é hoje, quando na casa dos 40, um cantor com lugar próprio entre os grandes do Canto de Coimbra, por mérito seu e, obviamente, dos executantes que com ele estiveram nas realizações discográficas de 1989, 1999 e na presente; seguro, voz encorpada, intencional e eficaz diseur, num conjunto de temas, reacentuo, plurais.
Manuel Borralho, José Ferraz de Oliveira e Manuel Gouveia Ferreira constituem uma solidíssima formação instrumental, tendo já no activo 24 anos de trabalho conjunto – tempo este acrescido dos antecedentes na década de 60; o que isto só por si, representa não é propriamente pouco, e o novo CD de tal dá claro testemunho. Manuel Borralho continua, como em Folha a folha, a dar-nos belíssimos temas instrumentais, onde a marca geracional se casa com a progressiva configuração de um estilo seu; tudo isto sempre, sempre, com uma sonoridade muito coimbrã. José Ferraz de Oliveira eleva continuadamente a 2ª guitarra a um plano admirável, onde uma aparente simplicidade de resultados quase esconde a grande elaboração dos processos, a notável utilização da escala – diferentes registos, diríamos, organisticamente... – e o espantoso sentido rítmico. Gouveia Ferreira é uma vez mais o viola eficiente, elaborado e com um leve toque barroquizante.

Que dizer dos temas?

a) «Ao poente»: Tema em Fá M (um tom para criadores e executantes maduros, como já tive oportunidade de salientar)[2], abre com uma esplêndida melodia cantabile, seguida de 5 frases (particularmente brilhante, nas duas últimas, o trabalho de José Ferraz, qual baixo contínuo de um cravo barroco...) e da reexecução final da abertura; interessante a intervenção de fecho de Gouveia Ferreira.

b) «Danças de Maio»: Tema em lá m, abre, também ele, com um belíssimo motivo cantabile, seguido de 6 frases, alternando, no mesmo tom, os modos maior e menor (no qual termina) e os compassos ternário e quaternário.

c) «Variações em Sol Maior»: Um tipo de tema com uma já longa genealogia na Guitarra de Coimbra, assente que está na alternância Sol M / Mi m (antecedentes em Artur Paredes, Jorge Tuna, Armando de Carvalho Homem, Octávio Sérgio, no próprio Manuel Borralho e em tantos outros), esta peça consta de tema (em Sol M, quaternário) + 6 frases variantes (ora em Mi m, ora em Sol M; ora em ternário, ora em quaternário) + reapresentação final do tema.

Que poderei acrescentar? A Jorge Cravo pedirei que nos continue conjugadamente a prodigalizar os produtos da sua criação musical e poética, o seu trabalho de cantor e os resultados das indagações que tem feito, por exemplo, às diferentes gerações da Canção de Coimbra ou à obra de Luiz Goes. Ao terceto de instrumentistas perguntarei: já com 6 originais gravados, provavelmente mais uns tantos inéditos e com um repertório de notáveis interpretações de peças de outros autores (v.g. «Valsa de outros tempos» [Gonçalo Paredes], «Chula», «Aguarela portuguesa», «Variações em lá menor» [A. Portugal] e tantas outras), porque não, um destes dias, um CD instrumental?

Posto o que, será tempo de ouvir...

[1] Sobre esta realização veja-se o que escrevi em «Tempos (os) de um projecto», texto inserido no mini-livro que acompanha o CD Folha a folha. Canto e guitarra de Coimbra, poesia de José Manuel Mendes, interpr. por Jorge Cravo, Manuel Borralho, José Ferraz de Oliveira, Manuel Gouveia Ferreira e a participação especial de Luiz Goes, Paços de Brandão, Numérica, 1999, pp. 55-70, bem como os restantes textos aí publicados (de Manuel Alegre, Rui Pato e Miguel Porto).
[2] No texto referido na nota anterior, entre outros
Lisboa, 31 de Outubro de 2005

Texto de José Manuel Beato

Contra o entorpecimento da alma, contra a dormência dos sentidos num quotidiano anestesiado e agrilhoado, a inquietude, afirmava o filósofo Gabriel Marcel, constitui o “princípio activo de qualquer dinamismo espiritual”, a “ condição de qualquer progresso e criação autênticos”.
Assim, paradoxalmente, a inquietude é angústia que paralisa, ansiedade que desarma, mas é também insatisfação que estimula, aspiração que fecunda o pensar, o agir, o criar... Ela é a febre do espírito que exige do homem um impulso de superlativação e, por isso, um dos mais fecundos alimentos da arte.
Colocar um trabalho de Fado-Canção de Coimbra sob o signo da inquietude é manifestar a vontade de fazer dele música de arte, que revele o homem na sua essencial condição e na sua mais elevada exigência de sentido.
Este disco é, portanto, programático, sendo que a inquietação que lhe subjaz desdobra-se e explicita-se em desígnios vários.
São canções que querem dizer a palpitação de um povo, de olhos postos no mar e coração nas ondas, o pulsar de um país encalhado na proa das próprias naus vencidas pelo tempo, uma nação que já não toma o largo de rasgados voos... e regressa, vencida, para adormecer, transida, no abandono das ruas onde qualquer sonho fenece. Dilui-se o povo, o país, a nação no ensimesmamento do indivíduo que se despede da memória e do porvir colectivos…
Mas este canto não se compraz na autocomiseração, na angústia paralizante. Ousa gritar a alvorada da fraternidade que, em comunhão livre e criadora, se faz poiesis do possível, fulgor instando o presente a renovar-se. Por isso, rejeita-se a subordinação da vontade aos desígnios do inquebrantável e obtuso destino. Estas canções de Coimbra, se dizem o sentir do malogro, se sabem do desalento, são ainda a afirmação de um “contra-fadismo”. Apologia da razão contra o sentimento? Não julgamos, mas recusa da afectação nostálgica, do ingénuo emocionalismo, da indolência fatalista. O futuro está aberto ao Possível, num horizonte tendencialmente infinito e, desse modo, “o destino incerto […] nunca há de chegar”! ”A vida é flor que dá fruto, roseiras sem roseiral”, grávida do imprevisível, fértil de espanto.
Ousa-se dizer o amor, de novo e sempre... “nome de flor” por excelência, tangência do espírito na carne, sublime lonjura da mais íntima presença onde o olhar, táctil e vibrante, fremente de água e fogo, se extasia. Mas não se canta somente a “apoteose do sensível”, a fluida polpa do corpo exultante na conflagração amorosa, diz-se também da dor de desamar, a nostalgia do que o tempo diluiu e que nem a memória salva. E ainda, de modo mais subtil, a dor informe dos possíveis aniquilados… do amor retido na latência do tempo.
Este é um disco em que a canção é diálogo, aberto à alteridade da escuta, para além do ressoar egotista. Ouve-se o vento, como se o sopro que acolhe a voz fosse a orelha universal que a dissipa... Este canto diz “tu” porque quer dizer ”nós”, tu e eu, agora e sempre, voz e ouvido, apesar do vento que tudo derrama no vazio.
E é da intimidade do “nós” que o “eu” pode emergir, refractário às multidões, à massa anónima. “Eu” que se reconhece faísca e sombra, fluindo entre os estertores do Nada, tenso entre dois vazios… “Eu” que, ainda assim, se reconhece valor a preservar, se bem que no interstício das coisas… ínfima passagem, ponto mínimo e delével.

Este é um trabalho reflexivo, em que os herdeiros de uma tradição dialogam entre si, interrogam o seu passado, revisitam-lhe os gestos de alma, e vivificam-lhe as antigas palavras. Em clara intertextualidade regressam as barcas que Adriano vira largar, retornam os exilados que o Berna vira partir. Aos sonhos lapidados da geração de todas as expectativas libertárias, de todas as ilusões societárias, de todas as aspirações solidárias, responde-se com o renovar da chamada, com nova invocação à fraternidade universal.
Neste trabalho, ensaia-se ainda uma novidade: a crónica do quotidiano. Prosaica, descomplexada, a voz que denunciou a lapidação do choupal canta a resistência de um café de bairro… As estrelas que alumiavam amores bucólicos vêm agora fulgir na espuma da cerveja, no pires de tremoços, na esplanada dos devaneios urbanos… Esvanecida a lírica viagem pelos lugares míticos, pela sentimentalidade romântica, restará à Canção de Coimbra a odisseia mundana, a fenomenologia do quotidiano, a poética do trivial? Coimbra despede-se de tudo o que foi… dilui a memória e dissipa o futuro… esbanja o sangue e as mais preciosas fibras. Já não se encontra na teia das suas impossibilidades, mesquinha e torpe, hipoteca tudo o que foi. Porém, há quem lute pela renovamento do sonho, para lá da consciência do malogro e, paradoxalmente, assuma o lúcido desafio de ser viandante de quimeras: Jorge Cravo.
O grupo Presença de Coimbra vive o sentido da tradição como “herança espiritual” e experiencia a circularidade hermenêutica. Revitaliza o fado de estrutura clássica com os pressupostos estilísticos da geração que o desafiou e lhe estendeu as possibilidades expressivas. Revisita aqui as formas consagradas da poética tradicional da Canção de Coimbra mas experimenta os seus limites e, para além da redondilha vertida em quadra rimada, lança-se ao verso solto e branco, e quase se liberta da mímica do melisma estrófico.

A voz, clara e vibrante, fez-se plena e madura, grávida de intenções, fecunda de sentidos. Traz consigo o compromisso da palavra para além do estetismo fácil da vocalidade exaltada em volteios narcísicos… por isso, este canto é denso e autêntico. Enraizado no fecundo horizonte da memória, traz consigo o lastro do tempo que projecta… e, por isso, este canto é novo e vigoroso, golpe de asas sobre o possível, imponderável intuição que nos dá o futuro, aqui e agora. Esta voz, cantando, não quer adular os sentidos no prazer da fácil melopeia. Defronta a inteligência, aguça a vontade, quer ser sentimento do mundo, espelho do homem concreto pela porta, pela janela, pela rua mais próxima…
As guitarras assumem o seu pleno paradoxo. Líricas e agrestes, querem ter o aço mordente e a doçura do pinho flandres que os anos afagaram em mãos experientes e dedicadas… Deleitosas e áridas, são o ondear dos dedos no célere fraseado e o travejamento áspero do acorde placado. Buscam, incessantemente, moldar o movimento, procuram o elo vivo da frase melódica vocal ou seu sugestivo remate, para além do mero acompanhamento. Por fulgor barroco, renitentes ao vazio, hesitam na difícil gestão do silêncio e procuram a constância do som contínuo e pleno.

Porque a Canção de Coimbra não quer ser folclore esbanjado a baixo preço para fins turísticos ou memorialistas, porque gravar um disco não deve reduzir-se a mediatizar a vacuidade e egolatria de um panfleto comercial, porque traçar a capa ainda pode ser o gesto nobre de uma inteligência que se estetiza ao mesmo tempo que se indigna e ousa reclamar o belo e o bom, porque há também uma ética do canto feita de integridade, que busca o seu caminho na itinerância do dever e do respeito, vale a pena e devemos ouvir estas «Canções de Inquietude».
Ficamos gratos ao grupo Presença de Coimbra, de cujo colectivo se destaca o contributo criativo de Manuel Gouveia Ferreira, ao Jorge Cravo, ao Miguel Porto.

Biografia de Manuel Borralho (Guitarra de Coimbra)

Nasceu em Coimbra em 12 de Outubro de 1943.
Vive em Braga onde exerce Medicina desde 1976.
Iniciou-se na guitarra em 1961, ainda estudante do liceu. Integrou vários grupos de fados e guitarradas de Coimbra, actividade esta que manteve em simultâneo com o grupo inicial constituído com seus irmãos José e Rui Borralho.
De 1962 a 1970, António Bernardino, Adriano Correia de Oliveira, José Manuel dos Santos e Fernando Gomes Alves (cantores), Francisco Filipe Martins, António Portugal, Hermínio Menino. Nuno Guimarães, António Andias e José Ferraz de Oliveira (guitarras) e Rui Pato, Rui Borralho, Jorge Rino e Jorge Ferraz (violas) foram sendo os seus companheiros, em diversos grupos com os quais fez espectáculos de vária índole, digressões, gravações de discos e gravações de programas para o Emissor Regional de Coimbra e para a RTP.
Pertenceu à Tuna Académica da Universidade de Coimbra de 1963 a 1970, onde integrava o naipe de violas e, de 1966 a 1970, o seu Grupo de Fados. Simultaneamente acompanhou em muitas digressões pelo País, como elemento do Grupo de Fados, organismos autónomos da Academia de Coimbra, como o Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra e o Coro Misto da Universidade de Coimbra.
Saiu de Coimbra em finais de 1970 e após 10 anos de interregno, recomeçou com José Ferraz de Oliveira (guitarra), Manuel Gouveia Ferreira (viola) e Fernando Gomes Alves (cantor) uma actividade regular, integrado no Grupo “Presença de Coimbra”.

Discografia

Serenata de Coimbra – OFIR AM 4039 com José Manuel dos Santos, Nuno Guimarães, Rui Pato e Jorge Ferraz

Coimbra antiga – OFIR 4069 com José Manuel dos Santos, Nuno Guimarães, Rui Pato e Jorge Rino

Contos velhinhos – OFIR AM 4116 com Mário Soares da Veiga, Hermínio Menino, Jorge Rino e Rui Borralho

Fado corrido de Coimbra – OFIR AM 4101 com António Bernardino, Nuno Guimarães, Jorge Rino e Rui Borralho

Fados de Coimbra – ALVORADA AEP 60817 e AEP 60818 com António Bernardino, António Portugal e Rui Pato

Guitarradas de Coimbra – ALVORADA AEP 60927 com António Portugal e Rui Pato

Biografia de José Ferraz de Oliveira (Guitarra de Coimbra)

Nasceu em Quelimane – Moçambique a 4 de Maio de 1946.
Chegou a Coimbra em 1961 para frequentar o Liceu D. João III e, em 1965, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra; transferiu-se, em 1971, para a Faculdade de Medicina do Porto, onde concluiu o curso em 1973. Vive desde então nesta cidade e aí exerce a sua actividade profissional.
Em Março de 1962, teve as primeiras lições de guitarra com Fernando Rodrigues da Silva, então barbeiro da Associação Académica de Coimbra que estava sediada, nessa época, no Palácio dos Grilos.
Começou por tocar em casa com seu irmão Jorge que, entretanto, tinha aprendido a tocar viola. Formou depois o seu primeiro grupo com Jaime Veloso (guitarra) e Mário Frias (viola); mais tarde, formou novo grupo com Francisco Filipe Martins (guitarra) e Rui Pato (viola). Mário Soares da Veiga, Cabral Moncada, Vaz Craveiro, António Bernardino, Adriano Correia de Oliveira, Augusto Moreira e João Farinha foram, entre outros, os cantores que teve a oportunidade de acompanhar.
Em 4 de Julho de 1964, fez parte, com Francisco Filipe Martins, Rui Pato, António Bernardino e João Farinha, das comemorações do 1º centenário do nascimento de Augusto Hilário (Serenata Monumental na porta da Capela da Universidade) que foi transmitida pela Emissora Nacional e pela RTP.
Participou ainda, com Ernesto Melo, Mário Frias e António Bernardino, no II Festival de Vilar de Mouros.
A partir de 1966/67, ingressou na Tuna Académica da Universidade de Coimbra (TAUC) onde ocupou o naipe de bandolas e aí passou a fazer parte do seu grupo de fados que incluía Manuel Borralho (guitarra), Rui Pato e Rui Borralho (violas) para além dos cantores António Bernardino e José Manuel dos Santos. Sucederam-se várias digressões – Sudoeste de França, Norte e Centro de Portugal, Ilha da Madeira, e uma gravação no Emissor Regional de Coimbra, além de uma outra na RTP.
Em 1971, mudou-se para o Porto e, a partir daí, fez um interregno na sua actividade como guitarrista até 1981, altura em que, com Manuel Borralho (guitarra), Manuel Gouveia Ferreira (viola) e o cantor Fernando Gomes Alves reiniciou uma actividade regular integrado no grupo “Presença de Coimbra”.

Biografia de Manuel Gouveia Ferreira (viola)

Nasceu em Lisboa a 17 de Dezembro de 1947.
Vive em Vila Nova de Famalicão onde exerce advocacia.
Iniciou estudos secundários em Moçambique que termina em Braga no ano de 1967, destacando-se na vida académica do Liceu Sá de Miranda.
No início dos anos sessenta, ainda em Braga, constituiu um grupo de fados de Coimbra com Orlando Costa (viola) e os guitarristas Jorge Serra e Manuel Cerqueira, acompanhando as vozes de Manuel Vieira dos Santos e Camilo Silva.
Compôs, entre outras, a letra e música de “Taberna do Diabo”, toada alusiva à guerra colonial, mais tarde integrada no chamado “Cancioneiro do Niassa”. Em 1999, interpretada por João Maria Pinto, esta música foi editada no CD “Canções Proibidas” (EMI 7243 5 20797 2 8), no qual presta um testemunho sobre a génese desta sua composição.
Em Coimbra, desde 1967, novamente com Jorge Serra e o guitarrista Hermínio Menino, fez parte do grupo que acompanhou José Miguel Baptista, José Manuel dos Santos, Mário Veiga e outros, actuando em inúmeras serenatas e espectáculos, destacando-se a recepção da Academia ao cirurgião Barnard.
Esteve na república Bamus-ó-Bira, da qual fizeram parte os guitarristas Luís Cerqueira e Manuel Cerqueira, participando em “centenárias” serenatas da boémia coimbrã, acompanhando muitas vozes conhecidas nos encontros sem nome, de Coimbra.
Animou as “clandestinidades” de Mafra, Santarém e Tete, entre 1970 e 1974, com os cantares de Coimbra e as baladas de Zeca Afonso e Adriano.
Sem perder nunca uma oportunidade para acompanhar à viola a toada coimbrã, depois de se ter radicado em Vila Nova de Famalicão, passou a integrar o grupo “Presença de Coimbra”.

Biografia de Jorge Cravo

De seu nome completo Jorge Elias Costa Tavares Cravo, nasceu em Coimbra (freguesia da Sé Nova), em 19 de Agosto de 1961.
Após conclusão dos estudos secundários na Escola Secundária de José Falcão (antigo Liceu D.João III), e frequência do Ano Propedêutico em 1979/80, matriculou-se na Universidade de Coimbra (FCTUC, frequência da licenciatura em Física), em 12 de Janeiro de 1982 (ano lectivo de 1981/82), transferindo-se, em 1984, para a Faculdade de Letras, onde em 13 de Dezembro de 1988 se licenciou em História. A partir de Janeiro de 1989 frequentou as cadeiras psico-pedagógicas (ramo educacional) – que não concluiu – especializando-se em Ciências Documentais, pela FLUC, em 28 de Outubro de 1991.

A sua aproximação à Canção de Coimbra ocorreu entre Abril e Junho de 1980, cantando em três festas particulares, sendo acompanhado por Henrique Ferrão e Francisco Alte da Veiga nas guitarras e Fernando Boavida na viola.
A partir de Setembro de 1980, e durante toda a década de 80 – a convite de Henrique Ferrão – integrou o Grupo Académico de Fados e Canções de Coimbra (GAFCC), com o qual gravou o disco Canções d’Aqui (10 temas originais, editado pela Ovação – OV-LP-3022, em 1989) e colaborou no disco Baladas de DespedidaAnos 80, (edição da Comissão Central da Queima das Fita de 1990, interpretando três temas). Em ambos os trabalhos discográficos foi acompanhado por António José Moreira (1982-1990) e Henrique Ferrão (1980-1990) nas guitarras, e José Carlos Ribeiro (1981-1990), Luís Miguel Martins (1982-1990) e Manuel Pera (1987-1990) nas violas. Deste grupo fizeram também parte os cantores: António Nogueira (1980-1981), António Pimentel (1981-1985), Paulo Saraiva (1988) e Rui Silva (1989-1990), bem como, Rijo Madeira (guitarra, 1980-1982) e Arsénio Carvalho (viola, 1980-1981).

Cantou pela primeira vez, integrado no GAFCC, no dia 24 de Setembro de 1980, num espectáculo de angariação de fundos para o “Clube das Patelas” (Conchada), realizado no Pavilhão dos Olivais, tendo sido acompanhado nos temas Canção das Lágrimas (Armando Goes) Olhos Verdes Gaiatos (Bandeira Mateus/Barros Madeira) e Amor de Estudante (Paradela de Oliveira/José Afonso) por Henrique Ferrão, Rijo Madeira e Arsénio Carvalho.
O seu primeiro espectáculo, como caloiro, aconteceu em Lisboa, no Instituto Superior Técnico, nas festividades da Recepção ao Caloiro, em 15 de Janeiro de 1982, cantando Fado da Mentira (António Menano) e Inquietação (Alexandre Resende/Edmundo de Bettencourt).
O seu último espectáculo como estudante universitário ocorreu no Casino da Figueira da Foz, em 26 de Novembro de 1988, num evento organizado pela ACIC, cantando: Meu Fado (Jorge Cravo/António José Moreira), Propósito (Jorge Cravo), Formas (Miguel Porto/Jorge Cravo) e Canção para Despertar (Jorge Cravo/António José Moreira).

Em 1982, juntamente com José Manuel dos Santos (cantor), participou no programa televisivo Cantos e Contos de Coimbra, sendo acompanhado por António Ralha e Jorge Gomes, nas guitarras, e Manuel Dourado à viola, interpretando Fado da Ansiedade (Francisco Menano) e Fado da Despedida (Raposo Marques).

De 1981 a 1988 participou em serenatas, na Sé Velha, comemorativas da Tomada da Bastilha, Recepção ao Caloiro/Festa das Latas e Queima das Fitas, assim como, na maioria dos respectivos saraus.

A sua primeira Serenata na Sé Velha ocorreu em Janeiro de 1981, (um ano antes da sua entrada para a Universidade), na chamada Recepção ao Caloiro do ano lectivo 1980/81, cantando Fado da Mentira e O Meu Menino (Alexandre Resende).
A sua última Serenata na Sé Velha, como estudante, ocorreu na Queima das Fitas de 1988, onde cantou Elegia para um Choupal (Jorge Cravo), Canção para Despertar e Balada da Despedida do 4º Ano de História – 1987/88 (Jorge Cravo/António José Moreira).
Durante esse período (1981-1988), os temas apresentados na Sé Velha, fruto do seu repertório anualmente actualizado, dividiram-se em três grupos:

De 1981 (Janeiro) a 1983 (Janeiro) – 7 Serenatas com temas clássicos. Ex: Passarinho da Ribeira (António Menano), Inquietação, O Mundo dá tanta volta (Francisco Menano), É Tão Lindo o Teu olhar (letra – 1ª quadra: popular; 2ª quadra: José Simões Dias / Música: atribuível a Flávio Rodrigues), Olhos Claros (Mário Fonseca/Edmundo de Bettencourt), para além dos já referidos anteriormente, com a particularidade de nunca ter repetido um tema nesta fase de serenatas na Sé Velha.

De 1983 (Maio) a 1985 (Novembro) – 7 Serenatas com temas do repertório de Luiz Goes. Ex: Balada do Rei Vadio (Leonel Neves/Luiz Goes), Canção Pagã (Leonel Neves/Luiz Goes), É Preciso Acreditar (Leonel Neves/Luiz Goes) e Viagem de Acaso, entre outros, embora tenham sido estes os mais cantados.

De 1986 (Maio) a 1988 (Maio) – 5 Serenatas com originais. Ex: Toada da Noite (Jorge Cravo), para além dos inéditos já referidos anteriormente.

Esta sequência temática acaba por reflectir o seu pequeno percurso na Canção de Coimbra até então: numa 1ª fase, cantando os chamados “Clássicos” da escola coimbrã; numa 2ª fase, orientando-se para uma diferente temática – mas sempre de matriz coimbrã – vem a sofrer profunda influência de Luiz Goes; e mais tarde – 3ª fase – procurando uma maior identificação consigo mesmo e uma maior fidelidade ao seu tempo surge com temas originais.

A nível académico os temas originais foram apresentados pela primeira vez, na Récita dos Quintanistas de 1986, realizada no Cinema S. Teotónio, a 4 de Maio, cantando Propósito, Formas e Toada da Noite, para além da Balada da Despedida dos Quintanistas de 1986 (António Vicente).
Participou na serenata do 1º Centenário da AAC (1987), realizada na escadaria da Via Latina, onde cantou Toada da Noite e Propósito, e já como antigo estudante, participou no sarau comemorativo dos 20 anos da Crise Académica de 1969, tendo sido acompanhado por Rui Pato, numa homenagem a José Afonso, cantando: Menino d’Oiro, Senhor Poeta e No Lago do Breu.
Participou, ainda, na Sé Velha, na serenata comemorativa dos 700 Anos da Universidade de Coimbra (1990), cantando, Toada da Noite e Canção para Despertar, e na serenata comemorativa dos 10 Anos da Secção de Fado da AAC (1990), com o tema Canção para Despertar.

Ao longo desses 10 anos de intensa actividade no GAFCC, importa referir a sua participação nos seguintes eventos:

- Gravação de uma Serenata no Emissor Regional de Coimbra, em 16 de Fevereiro de 1982, cantando, Inquietação e Balada da Torre d’Anto (Leonel Neves/João Bagão).

- Participação, na Praça do Comércio (Coimbra), num espectáculo comemorativo do Dia da cidade, em 4 de Julho de 1983, cantando Balada do Rei Vadio e É Preciso Acreditar.

- Gravação de uma Serenata no Emissor Regional de Coimbra, em 20 de Fevereiro de 1984, cantando, Balada do Rei Vadio, Canção Pagã, É Preciso Acreditar e Viagem de Acaso (Luiz Goes)

- Festa Académica da Universidade Católica de Lisboa (24/2/84 e 31/3/84), cantando, respectivamente, É Preciso Acreditar e Viagem de Acaso, em Fevereiro, e Canção Pagã, É Preciso Acreditar e Viagem de Acaso em Março.

- Semana Académica no Casino Estoril (8/6/1984), cantando É Preciso Acreditar e Canção Pagã.

- Festa Académica da Universidade Católica de Viseu (24/5/1985), cantando Fado da Mentira, O Mundo dá tanta volta, Vento não batas à porta (Florêncio de Carvalho), O Meu Menino, Fado da Despedida (João Conde Veiga/Luiz Goes), Balada do Rei Vadio, Canção Pagã e Viagem de Acaso.

- Comemorações dos 75 anos do IST de Lisboa (21/11/1986), cantando Canção da Beira (Popular), Formas, Fado da Mentira, Propósito e Inquietação.

- 1º Encontro Nacional de Grupos de Fado de Coimbra (2/5/1987), cantando Formas e Elegia para um Choupal.

- Festival Internacional de Cinema da Figueira da Foz (9/9/87), cantando, Formas, Passarinho da Ribeira e Elegia para um Choupal.

- Serenata do 3º Aniversário da RUC (28/2/1989), nos Claustros da Sé Velha, cantando, Toada da Noite e Propósito.

- Espectáculo de lançamento do disco “Canções d’Aqui”, no Teatro Académico de Gil Vicente (13/11/89), cantando: Fado da Mentira, O Meu Menino, Canção da Beira, Olhos Claros, Balada do Rei Vadio, Canção Pagã, Foi o Mar (Leonel Neves/Luiz Goes), Regresso da Pesca (Leonel Neves/António Toscano), Homem Só Meu Irmão (Luiz Goes), É Preciso Acreditar, Formas, Elegia para um Choupal, Meu Fado, Toada da Noite, Canção para Despertar e Balada da Despedida do 4º Ano de História – 1987/88 (Jorge Cravo/António José Moreira).

- Em 21 de Março de 1998 participou com o GAFCC no Mês do Fado (organização da Secção de Fado da AAC), na noite referente à Canção de Coimbra dos anos 80 (Quinta das Lágrimas), cabendo-lhe uma comunicação sobre a referida década com base no texto “Para a compreensão do papel da Geração de 80 no evoluir do Canto Académico”, tendo cantado Formas, Propósito e Toada da Noite.

- Em 2 de Maio de 1998 participou no VI Seminário de Canção de Coimbra com a comunicação “O Novo Canto de Luiz Goes: contributo para a evolução/inovação da música tradicional urbana de raiz coimbrã/filão académico (vulgo, o “chamado fado de Coimbra”), tendo actuado com o GAFCC na Homenagem a Luiz Goes, no Teatro Académico de Gil Vicente (Coimbra), cantando Canção para Despertar, sendo também acompanhado por António José Moreira e Miguel Drago nas guitarras, e Paulo Larguesa e Nuno Encarnação nas violas em Canção Pagã.

- Programas para a televisão portuguesa, francesa, japonesa e holandesa.

- Deslocações a Espanha, França, Alemanha e ex-Jugoslávia.

Voltou a participar numa Serenata na Sé Velha, por ocasião da Queima das Fitas de 1993 – onde foi apresentada a Balada da Despedida do 4º Ano de Física 1992/93 (da qual fez a letra), do guitarrista António José Moreira (autor da música) – cantando os temas Formas e Elegia para um Choupal.

No biénio de 1989/91 foi monitor de Canto na Secção de Fado da AAC, função que voltou a exercer no biénio 1998/2000.
No âmbito da divulgação da Canção de Coimbra foi autor e apresentador de um programa na Rádio Universidade de Coimbra (RUC), entre 1989 e 1990, e do programa “nas entre-notas do fado” na RDP/Centro entre Maio e Julho de 1989.

De Maio de 1990 a Julho de 1992 integrou o Grupo Capas Negras, constituído numa 1ª fase, por António José Moreira e Manuel Rabaça nas guitarras, Manuel Pera (viola) e Rui Silva (cantor); e numa fase posterior, por António José Moreira, Nuno Encarnação (viola) e Luís Alvelos (cantor), tendo havido ainda, de permeio, a colaboração de José Carlos Ribeiro e Nuno Figueiredo nas violas.

De Outubro de 1992 a Novembro de 1996, exerceu a sua actividade profissional em Penafiel, na Biblioteca Municipal e, a partir de 1994, passou a integrar o Grupo Presença de Coimbra (GPC), constituído por Manuel Borralho e José Ferraz de Oliveira, nas guitarras, e Manuel Gouveia Ferreira na viola, e os cantores Fernando Gomes Alves e José Horácio Miranda.
Entretanto regressou a Coimbra, em Novembro de 1996, continuando a colaborar com este grupo, sendo de destacar:

- participação na Feira do Livro de Braga. (1994)

- participação na sessão de lançamento do livro “A Académica”, no Salão Medieval da Universidade do Minho, numa organização da Biblioteca Pública de Braga. (1995)

- a 18 de Janeiro de 1997 participa no memorial “Recordando Nuno Guimarães” em Perosinho (Vila Nova de Gaia), cantando Pássaro Louco (José Manuel Mendes/Jorge Cravo) e Romagem à Lapa (Leonel Neves/João Gomes).

- participação na homenagem ao poeta José Manuel Mendes, no Salão Medieval da Universidade do Minho, por ocasião do seu 50º Aniversário (15 de Outubro de 1998) numa organização do Conselho Cultural da Universidade do Minho, com transmissão em directo pela Antena 1 da RDP, cantando átrio (José Manuel Mendes/Jorge Cravo), partida (José Manuel Mendes/Fernando Gomes Alves) e barcarola (José Manuel Mendes/Jorge Cravo).

- por ocasião das comemorações do 25º Aniversário do Abril de 74 (1999), participação no Jantar da Liberdade, na Cantina da Universidade do Minho (Braga), cantando um nome leve giz (José Manuel Mendes/Jorge Cravo), Guitarras do Meu País (Manuel Alegre/António Portugal) e Trova do Vento que Passa (Manuel Alegre/António Portugal).

- a 8 de Maio de 1999, participa na Serenata de Homenagem a Edmundo de Bettencourt, no Auditório do Jardim Municipal do Funchal, no âmbito da XXV Feira do Livro e da Comunicação, com os temas: Olhos Claros, Mar Alto (Mário Fonseca/Edmundo de Bettencourt), Alegria dos Céus (Mário Fonseca), Saudadinha (Popular/Edmundo de Bettencourt) e Saudades de Coimbra (António de Sousa/Mário Fonseca).

- A 20 de Novembro de 1999 participa na Noite de Coimbra, organizada pela Casa da Académica de Lisboa, no Casino da Póvoa, cantando um nome, leve giz (José Manuel Mendes / Jorge Cravo), o gesto à espera (José Manuel Mendes / Jorge Cravo) e advento (José Manuel Mendes / Jorge Cravo).

Com o Grupo Presença de Coimbra grava, em 1999, o CD de originais folha a folha – canto e guitarra de Coimbra, com a participação especial de Luiz Goes no tema Toada para uma Cidade (Jorge Cravo), editado pela Numérica (NUM 49).
Por ocasião do seu lançamento, realizou espectáculos em Braga (Salão Medieval da Universidade do Minho), Porto (Delegação Regional da Ordem dos Médicos) e Famalicão (Fundação Cupertino de Miranda).
A 29 de Janeiro de 2000, a apresentação do “folha a folha” ocorreu em Coimbra, no auditório do Instituto Português da Juventude, tendo cantado, átrio (José Manuel Mendes/Jorge Cravo), um nome leve giz, musgo do corpo (José Manuel Mendes/Jorge Cravo), o gesto à espera, advento e em teu olhar (José Manuel Mendes/Jorge Cravo).

Teve ainda:

- presença na SIC – programa SIC 10 horas de Júlia Pinheiro (13 de Janeiro de 2000), cantando um nome leve giz.

- notícia no programa Acontece (Canal 2) de Carlos Pinto Coelho, bem como no Jornal da Tarde (SIC) de 28 de Janeiro de 2000.

- presença na RDP (Antena 1), no programa Viva a Música (3 de Fevereiro de 2000), cantando: átrio, um nome leve giz, musgo do corpo e o gesto à espera.

Anteriormente, em Março de 1999, havia colaborado no Mês do Fado, realizado pela Secção de Fado da AAC, com uma comunicação sobre “Edmundo de Bettencourt: um canto gritado”.
A 24 de Junho de 2000 participa, com o GAFCC, no espectáculo comemorativo dos 20 Anos da Secção de Fado, no Jardim da Sereia, cantando Elegia para um Choupal e Formas.
Participou na sessão “Terças-feiras de Minerva” (Jan. 2001), da Livraria Minerva (Coimbra), dedicada à Canção de Coimbra, com a intervenção: “A mundialização da Canção de Coimbra para a valorização cultural da cidade”.
A 26 de Março de 2002 participa com o GPC, no I Congresso de Cultura Mediterrânica (Alandroal), cantando átrio, o gesto à espera e toada para uma cidade.
A convite do Clube Médico afecto à Ordem dos Médicos – Secção Regional do Centro, na sessão “Venha tomar café com...” (Jun. 2002) apresentou como palestra o tema: “Os médicos e a Canção de Coimbra”.
A 10 de Novembro de 2002 participa no Centenário do Nascimento de Flávio Rodrigues da Silva, cantando É Tão Lindo o Teu Olhar (música atribuível ao homenageado), sendo acompanhado por Jorge Gomes e Frias Gonçalves nas guitarras e Rui Pato à viola.
A 5 de Abril de 2003 participa com o GPC no Seminário de Canto e Guitarra de Coimbra no Séc. XXI – Novos Caminhos (5 e 6 de Abril), realizado em Vila Nova de Famalicão, cantando, na Homenagem a Fernando Machado Soares prestada nos Paços do Concelho, pela Câmara Municipal, os temas Romagem à Lapa e Toada para uma Cidade (Jorge Cravo), e no espectáculo nocturno oferecido à cidade, na Casa das Artes, átrio e um nome leve giz. Também em sessão do Seminário apresentou a comunicação subordinada ao tema: “A Questão do Repertório para a Mundialização da Canção de Coimbra – Uma breve abordagem”.
Comunicação que repetiu, ao participar no I Fórum de Canção de Coimbra, realizado nesta cidade, em 17 e 18 de Maio de 2003, numa organização da Câmara Municipal de Coimbra no âmbito da Coimbra – Capital Nacional da Cultura, 2003.
A 17 de Junho de 2003 colabora com o GPC na jornada de confraternização e de homenagem da Casa da Académica em Lisboa, no Casino Estoril, sendo-lhe destinada uma primeira parte do espectáculo onde canta átrio, um nome leve giz e o gesto à espera e, integrado na Serenata final, pássaro louco.
A 7 de Novembro de 2003 colabora com o GPC no 1º aniversário da Casa da Académica em Leiria, cantando átrio, um nome leve giz, o gesto à espera, advento e toada para uma cidade.
A 8 de Maio de 2004 participa no Sarau "Por ti, fraternidade", de homenagem póstuma a António Nogueira, no Teatro Académico de Gil Vicente, cabendo-lhe o encerramento com o tema com o mesmo título, sendo acompanhado por João Moura (guitarra) e José Santos (viola).
Em 20 de Novembro de 2004 participa na homenagem a Edmundo de Bettencourt realizada na primeira parte do espectáculo “Prospecção” do Grupo “Canção de Coimbra”, realizado no Teatro Académico de Gil Vicente, cantando Saudadinha, acompanhado por Fernando Marques e Pedro Nunes, nas guitarras, e Manuel João Vaz à viola.

Segundo os autores da "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX", e na entrada que lhe é reservada, lê-se a seguinte passagem:

"O seu estilo interpretativo é caracterizado por uma clareza do fraseado e do contorno silábico, realçando os sentidos do texto com mudanças de dinâmica dentro da mesma frase e através do uso de rubatos, suspensões e prolongamentos de sílabas com ligeiros vibratos. Foi um dos cantores mais activos da canção de Coimbra nas últimas duas décadas do século, constituindo igualmente um exemplo de intérprete que enveredou pela composição e pela criação de letras."

Em 2002 colaborou no livro Canção de Coimbra - testemunhos vivos (antologia de textos), uma edição da responsabilidade do pelouro da Cultura da AAC, com o texto "A Geração de 80 da Canção de Coimbra".
Colaborou com um texto de opinião sobre a importância de Luiz Goes para a Canção de Coimbra, na antologia Luiz Goes: Canções para quem vier - Integral 1952/2002, editada pela Valentim de Carvalho, em 2003.
Participou num DVD sobre a História do Fado de Coimbra (2003) com um pequeno depoimento sobre algumas referências e evolução do Canto Coimbrão.
Foi autor de uma pequena nótula intitulada "Edmundo de Bettencourt: o poeta e cantor", editada por ocasião das comemorações dos 20 anos sobre o falecimento deste presencista, numa organização do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Coimbra (01/02/2003).
Colaborou na revista Munda (n.º 45/46, Nov. 2003) com o artigo "A Presença e a Canção de Coimbra (ou o modernismo de uma nova visão estético-musical desta Canção"
Participou no I Seminário de Canção de Coimbra (Nov. 2003), organizado pelo Museu Académico em parceria com a Reitoria da Universidade de Coimbra, com a comunicação: “O ressurgimento da Canção de Coimbra após a crise de 69”.
Colaborou na revista Rua Larga (n.º 8, Abril 2005), da Reitoria da Universidade de Coimbra, com o artigo “O Fado de Coimbra não existe”.
No âmbito das “Terças-feiras de Minerva” levou a efeito naquela Livraria, durante o mês de Junho de 2005, o Ciclo de ConferênciasCanção de Coimbra: Textos e Música a Quatro Tempos”, com os seguintes temas abordados: 1) “O Modernismo de Edmundo de Bettencourt: 1922-1929 – como paradigma de uma Nova Canção de Coimbra”, 2) “O Neo-Modernismo de Luiz Goes: 1953-1983 – ou o advento da Escola Goesiana”, 3) “Os anos 60 da Canção de Coimbra: o filão tradicional em tempo de mudança” 4) “A geração dos anos 80 da Canção de Coimbra: a recuperação da tradição musical/filão académico após a Crise Académica de 1969”.
Tem, desde 1985, artigos dispersos por vários jornais e revistas locais sobre Canção de Coimbra.
Reside em Coimbra, onde exerce a actividade de Bibliotecário, na Biblioteca Municipal à Casa Municipal da Cultura.

DISCOGRAFIA

1. Canções d’Aqui

Formato: LP
Etiqueta: Ovação
Referência: OV- LP-3022
Ano de Publicação: 1989
Reedição: CD
Etiqueta: Ovação
Referência: OV-CD-060
Ano da reedição: 1994

Temas:

Elegia para um Choupal (1986) (Jorge Cravo)
Toada da Noite (1983/84) (Jorge Cravo)
Formas (1982/83) (Miguel Porto/Jorge Cravo)
Meu Fado (1988) (Jorge Cravo/António José Moreira)
Canção de Natal (1982/83) (Miguel Porto/Jorge Cravo)
Canção para Despertar (1988) (Jorge Cravo/António José Moreira)
Propósito (1983/84) (Jorge Cravo)
Desencanto (1984) (Jorge Cravo/António José Moreira)
Condição (1984) (Jorge Cravo)
Balada da Despedida4º Ano de História 87/88 (1988) (Jorge Cravo/António José Moreira) *

Guitarras: António José Moreira /Henrique Ferrão
Violas: José Carlos Ribeiro / Luís Miguel Martins / Manuel Pera

*Tema seleccionado pela Valentim de Carvalho para a edição de um CD antológico sobre Canção de Coimbra, em 2002, intitulado "Fados e Baladas de Coimbra", integrado na colecção "Os azulejos, o Fado e a Guitarra Portuguesa".

2. folha a folha

Formato: CD
Etiqueta: Numérica
Referência: NUM 49
Ano de Publicação: 1999
2ª edição: CD (edição bilingue)
Etiqueta: Numérica
Referência: NUM 49 A
Ano de reedição: 2000

Temas (cantados):

um nome, leve giz (José Manuel Mendes/Jorge Cravo)
musgo do corpo (José Manuel Mendes/Jorge Cravo)
o gesto à espera (José Manuel Mendes/Jorge Cravo)
em teu olhar (José Manuel Mendes/Jorge Cravo)
advento (José Manuel Mendes/Jorge Cravo)
toada para uma cidade (jorge cravo)*
barcarola (José Manuel Mendes/Jorge Cravo)
pássaro louco (José Manuel Mendes/Jorge Cravo)
paisagem (José Manuel Mendes/Jorge Cravo)
átrio (José Manuel Mendes/Jorge Cravo)
partida (José Manuel Mendes/Fernando Gomes Alves)

Guitarras: Manuel Borralho / José Ferraz de Oliveira
Viola: Manuel Gouveia Ferreira

* Tema cantado por Luiz Goes

Foi um dos 8 álbuns seleccionados pela Câmara Municipal de Amadora para o Prémio José Afonso, 1999 (destinado a galardoar um álbum inédito de música portuguesa, cujos temas tenham como referência a cultura e a história portuguesa). Prémio que, nesse ano, foi ganho por Dulce Pontes com o álbum “O Primeiro Canto”.

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