Guitarras de Afonso de Sousa
Aspecto do expositor do Museu Académico dedicado ao Afonso de Sousa. Não por acaso, enquanto o inquilino de baixo é Afonso de Sousa, o inquilino da prateleira superior é Artur Paredes.
Em 1º plano vemos a primitiva Guitarra Toeira de Coimbra regularmente utilizada por Afonso de Sousa nos tempos de estudante. É um cordofone proveniente da oficina de Raul Simões, vincadamente anos 20, com a ilharga danificada. Mais atrás figura a guitarra utilizada por Afonso de Sousa entre finais da décda de 30 e os anos 40, que em Novembro de 1989 fizemos depositar no Museu Académico. Representa um estádio intermédio de evolução entre a Guitarra Toeira e a Guitarra Paredes/Grácio. Proveniente da oficina de João Pedro Grácio, com data de 1937, apresenta ainda escala de 17 pontos. As principais modificações observam-se ao nível do tratamento da voluta e da ilharga. A voluta passou do oval clássico a lágrima em aresta agressiva, ainda afastada da fixação operada a partir de 1940. A ilharga sofreu alteamento bem visível, mostrando-se bastante próxima da altimetria que viria a popularizar-se na década de 1940. Esta 2ª guitarra de Afonso de Sousa constitui um documento organológico da maior importância para o estudo da evolução da Guitarra de Coimbra. Não podemos deixar de invocar o espanto do candidato a guitarrista Vergílio Ferreira, quando em Março de 1939 foi tocar violino com a TAUC à Casa das Beiras, Lisboa, na Quinzena dos Estudantes de Coimbra em Lisboa. Vergílio sentiu-se duplamente desvastado com a actuação de Artur Paredes/Carlos Paredes/Afonso de Sousa. De acordo com Vergílio, em Coimbra ninguém tocava guitarra daquela maneira, e além do mais, Artur Paredes dedilhava uma "guitarra enorme, os tampos à distância de um quilómetro".
Em 2006 corre o 1º centenário do nascimento de Afonso de Sousa, para sempre amado 2º guitarra de Artur Paredes.
AMNunes
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