Gaiteiros
Postal ilustrado do primeiro decénio (?) do século XX, mostrando um grupo de gaiteiros dos arrabaldes de Coimbra. Os instrumentos musicais são tambor, bombo e gaita de foles. Vestuário popular humilde e fisionomias de traços duros, como era próprio dos camponeses que à época viviam uma economia de subsistência. As folias (designação predominante nos Açores) ou gaiteiros desempenharam um importante papel cultural nos cortejos municipais, procissões católicas e alvoradas festivas, desde a Idade Média até aos inícios do século XIX. Até à Revolução Liberal, a Câmara Municipal de Coimbra manteve por sua conta uma Folia. Quase esquecidos e monosprezados, os gaiteiros foram adoptados pela Academia de Coimbra como cabeças de cartaz das alvoradas, arruadas e cabeças de cortejos, vai para mais de cem anos, contrariando assim a tendência verificada um pouco por todas as províncias, cujas comissões festivas passaram a substituir os gaiteiros por bandas filarmónicas.
Ainda hoje existem gaiteiros na Região de Coimbra. A sua arte bem espera um encontro, um etnomusicólgo que queira saber como se fazem os tambores, as baquetas, as gaitas de foles, ou conceder-lhes uma faixa de um disco de recolhas. No caso da Música Tradicional de Coimbra, tem havido uma certa conveniência em tamanho monosprezo. Expliquemo-nos com um pouco mais de clareza: fingir que na Música Tradicional de Coimbra não existiram gaiteiros, permite reforçar o mito do chamado "Fado de Coimbra" como única expressão musical digna de atenção.
AMNunes
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