Tocadores ambulantes (I)
Mulher com violão de 6 ordens singelas e homem com rabeca. Ela enverga capote azul escuro, lenço branco, chapeirão de feltro à moda da Beira Litoral (de Coimbra até Ovar), saião plissado claro. Ele traz abeiro preto de feltro, camiseiro de linho branco, cinta vermelha, jaleco de baeta, calção amarelado, ceroulas de linho e meias altas. A aguarela, de autor anónimo, datará da 2ª metade da década de 1830.
Os músicos ambulantes e ceguinhos cantadores desempenharam um papel crucial na divulgação da música popular portuguesa - papel referido, mas sempre mal avaliado - , que também passou pelos caminhos do Fado. Enquanto agentes divulgadores de modas musicais, como o fado narrativo em décimas, foram seguramente muito mais importantes do que os "estudantes que vinham de Lisboa para Coimbra".
Fonte: Ana Paula Assunção, "Costumes Portugueses. Aguarelas inéditas. Novos contributos para o estudo do trajo popular em Portugal. Século XIX", Lisboa, A Nova Eclética, 1999, figura 47.
AMNunes