Coca e mantilha
Mulher de Coimbra envergando "coca" (="couca", chapeirão) e "mantilha", segundo reportagem de Henry L'Evéque, "Costume of Portugal" (1814). Há conhecimento do uso deste bizarro trajo popular feminino em Coimbra entre a 2ª metade do século XVIII e meados do século XIX. Consistia numa mantilha preta, à qual se sobrepunha um chapeirão armado e entretelado, em forma de raia aberta sobre a cabeça. Rematava em bico sobre a testa, formando uma espécie de pala, que a utente podia rebaixar com a mão, embiocando o rosto. Óptimo disfarce, útil resguardo em dias de invernia, a Coca e Mantilha tornou-se alvo de virulentas sátiras do período romântico.
Demasiado estilizado e minimalista, o traço de L'Evéque não permite adivinhar os pormenores que George Vivian viria a captar em 1839 numa vista da fonte de Santana aos Arcos do Jardim ("Scenery of Portugal and Spain").
Salvaguardando as devidas diferenças, a Coca e Mantilha de Coimbra tem notórias parecenças com o Capote e Capelo dos Açores (usado até 1950 para ir à missa), com o capotão negro das mulheres de Monsanto e também com a mantilha e coca de Ovar (a coca de Ovar tem a pala arredondada).
Este trajo encontra-se reconstituído com elevado grau de fiabilidade desde 1986, sob orientação do Prof. Doutor Nelson Correia Borges.
AMNunes
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