Partitura de "As Pombas", com acompanhamento de viola, transcrita por António Carrilho Rosado Marques. Esta partitura destina-se a substituir uma semelhante inserta neste Blog no dia 12 de Fevereio deste ano. Foi-me enviada pelo autor da dita transcrição, que me pediu para a substituir. O sistema não me está a permitir fazer a substituição, pelo que a insiro aqui novamente.
Esta partitura irá fazer parte da 3ª edição do livro por ele escrito com transcrições de peças de José Afonso, chamado "Cantares de José Afonso".
Para se ficar melhor informado sobre esta peça, volto a inserir o texto escrito por José Anjos de Carvalho e António M Nunes:
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As Pombas
Partitura transcrita por António Carrilho Rosado Marques, presente na obra "Cantares de José Afonso. Acompanhamentos para viola", Évora, Edição do Autor, 1998, pág. 15. As autorias mencionadas no cabeçalho da solfa são pouco precisas na informação ministrada.
Visando contextualizar esta composição, José Anjos de Carvalho e António Manuel Nunes elaboraram a seguinte memória:
Partitura transcrita por António Carrilho Rosado Marques, presente na obra "Cantares de José Afonso. Acompanhamentos para viola", Évora, Edição do Autor, 1998, pág. 15. As autorias mencionadas no cabeçalho da solfa são pouco precisas na informação ministrada.
Visando contextualizar esta composição, José Anjos de Carvalho e António Manuel Nunes elaboraram a seguinte memória:
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AS POMBAS
AS POMBAS
Música: José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos (1929-1987), Luís Oliveira de Andrade (1935-1993), Rui de Melo da Rocha Pato
Letra: Luís Oliveira de Andrade, José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos
Incipit: Pombas brancas
Origem: Coimbra
Data: 1963
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Pombas brancas
Que voam altas
Riscando as sombras
Das nuvens largas
Lá vão
Pombas que não voltam
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Trazem dentro
Das asas prendas,
Nos bicos rosas
Nuvens desfeitas
No mar
Pombas do meu cantar
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Canto apenas
Lembranças várias
Vindas das sendas
Que ninguém sabe
Onde vão
Pombas que não voltam
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Canta-se cada estrofe sem repetir verso algum.
Esquema do acompanhamento:
1º dístico: Mi;
2º dístico: Mi, Lá///Lá, Mi;
3º dístico: Mi/// Lá, 2ª Mi;
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Informação complementar:
Canção de tipo estrófico, em compasso binário composto (6/8), com divisão ternária e andamento lento. A composição está no tom de Mi Menor. Todavia, a melodia original de "As Pomba, foi gizada na viola de Rui Pato em Ré Menor natural, possibilitando assim a José Afonso participar na feitura da obra com a sua viola. Espécime emblemático do Movimento da Balada, mediante o qual José Afonso afirma o seu distanciamento em relação à Canção de Coimbra de pendor classizante em geral e à Guitarra de Coimbra em particular. A melodia foi improvisada em Coimbra, numa noitada fria de Inverno, na sala de bilhares do café A Brasileira. A música é em bom rigor uma co-autoria, partilhada por José Afonso/Rui Pato/Luís de Andrade, sendo a letra confeccionada pela dupla José Afonso/Luís de Andrade.
Tema vocalizado por José Afonso, acompanhado à viola nylon por Rui Pato no EP "Baladas de Coimbra", Rapsódia, EPF 5.218, gravado em 9 de Agosto de 1963. Deste registo se fez uma remasterização vertida no LP “Baladas e Fados de Coimbra”, Edisco, EDL 18.020, editado em 1982.
Em bom rigor, “As Pombas” não é apenas mais uma “balada” de José Afonso. Esta canção integrava o célebre e simbólico EP que continha “Os Vampiros” e “Menino do Bairro Negro”, disco que foi apreendido pelos serviços de Censura do Estado Novo no segundo semestre de 1963. Sobre esta composição, José Afonso in “Cantares de José Afonso”, Lisboa, 2ª edição, AEIST, 1968, pág. 53, fazia o seguinte comentário: “Pretendia-se que a melopeia, feita de reiterações e alongamentos em que a voz mantém as sílabas finais até se extinguir lentamente, correspondesse a um fundo independente do conteúdo literário e vice-versa. O poema, a melodia e o acompanhamento separam-se e reúnem-se de novo, repelidos por uma espécie de movimento ascensional sem princípio nem fim. A voz eleva-se e tenta fixar por meio de modulações adequadas o voo dos pássaros que se perde na distância.
”Infelizmente não se encontra disponível qualquer biografia do poeta Luís Andrade (Luís PIGNATELLI) autor que também fez parceria com José Afonso em ELEGIA. José Afonso refere que Andrade também sabia música, ou se não a sabia, ajudou a improvisar as melodias de “As Pombas” e de “Elegia”, dado confirmado por Rui Pato.
Canção gravada com o título adulterado para POMBAS BRANCAS pelo grupo Verdes Anos, constituído por Gonçalo Mendes/Rui Seoane (vozes), Miguel Drago/Luís Barroso (guitarras), António Dinis/João Pedro Martins (violas): CD Verdes Anos, Public-Art, pa-19101, ano de 2001, faixa nº 13, atribuindo a letra a José Afonso.
Encontrámos uma transcrição musical desta canção no antigo sócio da TAUC António Carrilho Rosado Marques, “Cantares de José Afonso. Acompanhamentos para viola”, Évora, Edição do Autor, 1998, págs. 14-15.
Existe uma outra gravação protagonizada por Mário Gomes Pais, com o título adulterado para “Pombas Brancas”, no CD “Coimbra é uma Saudade”, Coimbra, Aeminium Records, AE 002, ano de 2002, faixa nº 16. Viola e arranjo de Paulo Larguesa.
Esta mesma canção, com o título adulterado para “Pombas Brancas” foi adaptada ao estilo Fado de Lisboa por Cristina Branco: CD “Murmúrios”, do ano de 2005.
O registo original de José Afonso encontra-se disponível em compact disc:-CD “Dr. José Afonso. Os Vampiros”, Porto, EDISCO, ECD-001, ano de 1987, Faixa nº 8, sem qualquer regerência ao ano de gravação nem à matriz original.
O poeta e tradutor Luís Oliveira de Andrade nasceu em Espinho a 1 de Janeiro de 1935, tendo falecido em Lisboa em 20 de Dezembro de 1993. Após estudos primários e liceais em Espinho, residiu em Coimbra entre meados da década de 1950 e o Verão de 1965, com uma pequena interrupção para uma visita rápida a Moçambique no ano de 1963. Em Coimbra conviveu com Herberto Helder, Manuel Alegre, Lousã Henriques, José Afonso e Adriano Correia de Oliveira (mais dados em Google "Insónia: exibicionismo"). A partir do Verão de 1965 opassou a residir em Lisboa.
O poeta e tradutor Luís Oliveira de Andrade nasceu em Espinho a 1 de Janeiro de 1935, tendo falecido em Lisboa em 20 de Dezembro de 1993. Após estudos primários e liceais em Espinho, residiu em Coimbra entre meados da década de 1950 e o Verão de 1965, com uma pequena interrupção para uma visita rápida a Moçambique no ano de 1963. Em Coimbra conviveu com Herberto Helder, Manuel Alegre, Lousã Henriques, José Afonso e Adriano Correia de Oliveira (mais dados em Google "Insónia: exibicionismo"). A partir do Verão de 1965 opassou a residir em Lisboa.
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Adenda: a 1ª edição on line desta memória foi feita sem que tivesse chegado às mãos dos autores o comentário crítico solicitado ao Dr. Rui Pato. Em função dos elementos gentilmente fornecidos em 14/02/2006, procedemos às necessárias modificações do texto, nomeadamente nas matérias respeitantes às co-autorias, local de feitura da obra e tonalidade original.
Adenda: a 1ª edição on line desta memória foi feita sem que tivesse chegado às mãos dos autores o comentário crítico solicitado ao Dr. Rui Pato. Em função dos elementos gentilmente fornecidos em 14/02/2006, procedemos às necessárias modificações do texto, nomeadamente nas matérias respeitantes às co-autorias, local de feitura da obra e tonalidade original.
Texto e pesquisa: José Anjos de Carvalho e António M. Nunes
Agradecimentos: Sandra Cerqueira (Edisco), Prof. José dos Santos Paulo, Dr. Octávio Sérgio, Dr. Rui Pato
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