Vendedeira setecentista
A vendedeira aparece registada em gravuras de Holland e Carter, publicadas em Londres no ano de 1838 e também numa aguarela anónima datável de cerca 1830. Trajo popular feminino muito garrido, dava-se a mostrar junto ao Pórtico da Sé Velha, no terreiro fronteiro ao Mosteiro de Santa Cruz (Largo de Sansão) e noutros recantos da cidade.
Descrição: colete vermelho com debruns de veludo preto e romeira azul; blusa branca de linho, com gorgeira alteada e manga comprida; longa saia cinzenta, de cós plissado e larga barra azulada; possivelmente algibeira à cinta, de emprego tão vulgarizado na época; amplo lenço enramado, cujas pontas por vezes se atavam sobre as abas do chapeirão; largo chapeirão de feltro, com cadarços e pompons, muito vulgar na Beira Litoral e no "Campo de Coimbra"; tabuleiro de vendas, recoberto com atoalhado bordado. Trata-se de uma vestimenta popular com elementos arcaicos, que pouca evolução sofreu entre o século XVIII e os finais do século XIX. Pelo "Álbum de Costumes Portugueses", David Corazzi, 1888, sabemos que na década de 1880 mulheres do "Campo" continuavam a envergar variantes do figurino descrito (ex: incorporação de mantéu).
Reconstituição e foto: Doutor Nelson Correia Borges para o Grupo Folclórico de Coimbra
AMNunes
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